Economia prateada: 50+ já são quase metade dos empreendedores no Brasil

 

A expectativa de vida no Brasil tem crescido nos últimos anos e, consequentemente, houve um aumento do número de pessoas idosas. Hoje, os idosos representam 15% da população brasileira, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e devem atingir entre 25% a 30% da densidade populacional do país até 2060. Essa perspectiva permite que as pessoas se mantenham ativas profissionalmente por mais tempo, sendo cada vez mais comum aposentados ingressando em novas carreiras. Dentro deste cenário, o empreendedorismo surge como um caminho natural àqueles que já trilharam uma caminhada profissional e acumulam uma boa carga de experiência de vida.

Levantamento realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que 49% dos 53 milhões de empreendedores no Brasil têm mais de 50 anos, e 7,3% dos novos empreendedores de negócios de pequeno porte do país têm 65 anos ou mais. O estudo ainda mostra que os chamados “late entrepreneurs”, em português, “empreendedor maduro”, são os que mais empregam no Brasil. Em 2020, o contingente de pessoas nesta faixa etária que iniciou um trabalho nas chamadas “startups” foi de cerca de 2,5 milhões. Metade desses novos negócios foi criado por mulheres.

— É na economia prateada, nesta geração 50+, que encontramos pessoas mais preparadas para tocar um negócio próprio, mais estáveis, mais perseverantes, e com capacidade financeira estabelecida — explica o especialista em mercado de franquias, Renato Claro, Sócio Fundador da Kick Off Consultores.

O empreendedor nesta faixa etária que está buscando por uma oportunidade de investimento, tende a ser muito exigente em termos de informações sobre a marca e seu modelo de negócio. Buscam oportunidades com baixo risco, pois normalmente estão investindo as economias de uma vida, e não terão tempo para recuperar um possível fracasso. Porém, é um público que tem muitas razões para ter a autoestima elevada, por não terem as inseguranças que atingem os mais jovens, pois já possuem uma trajetória profissional e familiar definida, bem como uma condição econômica clara. É um público com preferência por franquias, negócios maduros e que caibam no bolso, sem a necessidade de buscar financiamento ou qualquer outra categoria de alavancagem para começar um negócio. No caso das franquias, além de apresentarem um menor risco, possuem processos estruturados, mais próximos à realidade das empresas em que trabalharam durante toda a vida.

Para Renato Claro, que tem nesse grupo cerca de 80% dos seus clientes assessorados para aquisição de franquias, existem uma série de características em comum entre os empreendedores maduros:

  1. Normalmente, já fizeram seu pé de meia e tem uma clara noção de seus objetivos financeiros e grau de risco que podem correr.
  2. Dificilmente sonham em ficar ricos com o negócio; buscam uma fonte de renda estável ou uma melhor rentabilidade para suas economias.
  3. Procuram negócios onde possam aportar sua experiência profissional e de vida, mesmo que tenham que aprender sobre o produto ou novos processos de negócio.
  4. Sabem que terão que se dedicar ao negócio, mas prezam por uma maior flexibilidade de horários; certamente não serão workaholics nesta fase, pois buscam maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  5. São arrojados do ponto de vista negocial, mas conservadores em relação a modelos de negócio.
  6. Buscam deixar um legado, algo que se conecte com seus valores e propósito de vida para gerar riqueza, para além do lucro.

— A geração 50+ tem muito a oferecer em energia, vontade de produzir, capacidade profissional, experiência de vida e capacidade financeira, que a coloca, ou deveria colocar, como público-alvo n° 1 de franqueadores que buscam a expansão de suas redes — finaliza Renato.

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