O Dia do Fonoaudiólogo, celebrado em 9 de dezembro, tem neste ano um significado especial. Ele marca os 40 anos da regulamentação da profissão no Brasil, atendendo o anseio de uma categoria que esperava ser reconhecida desde a década de 1930, quando surgiram as primeiras preocupações com a profilaxia e a correção de erros de linguagem apresentados pelos escolares, sentimento reforçado com a instalação das primeiras faculdades de Fonoaudiologia no Brasil na década de 1960.
Essa história é marcada pelo compromisso do fonoaudiólogo com a saúde da população. Seu papel tem sido cada vez mais valorizado, por conta do seu caráter imprescindível nas mais variadas frentes, para além do auxílio a pacientes no desenvolvimento da fala ou da audição. É o fonoaudiólogo o profissional responsável pela avaliação, diagnóstico, orientação e acompanhamento de terapias de habilitação e reabilitação da linguagem oral e escrita, do sistema miofuncional orofacial e cervical, da deglutição e pelo aperfeiçoamento da função auditiva periférica e central dos pacientes, sejam eles jovens, adultos, crianças, idosos, ou bebês prematuros.
A história recente da fonoaudiologia no Brasil teve a pandemia do novo coronavírus como um de seus maiores desafios – ou o maior deles. O protagonismo do profissional nesse período, atuando em UTIs de todo o Brasil em meio às competentes equipes multidisciplinares, promoveu a recuperação e reabilitação de milhares de pacientes que atingiram o estágio mais grave da covid-19 e passaram por intubação.
Nesse ambiente, a ventilação mecânica fornecia o suporte para que o paciente em estado mais grave se mantivesse vivo em meio às dificuldades respiratórias. Para quem superou a doença e o momento, sobraram sequelas que variam desde a própria falta de coordenação respiratória, passando pela disfagia (dificuldade em engolir), os riscos de broncoaspiração, até os problemas de fraqueza na fala. A atuação do profissional da fonoaudiologia se mostrou fundamental ao fornecer condições para que pacientes respirassem e se alimentassem da maneira adequada.
A atuação na linha de frente nos hospitais, à primeira vista assustadora, foi crucial num momento histórico para a saúde. O fonoaudiólogo enfrentou situações jamais vivenciadas – atendimento de múltiplos pacientes em estado crítico, tomada de decisões e soluções rápidas, adoção de novos parâmetros de tratamento – e, numa enorme e corajosa mobilização em meio ao receio de contaminação e as incertezas sobre sua própria saúde e de sua família, possibilitou que pacientes iniciaram sua retomada pessoal à normalidade, com a gradual recuperação de suas habilidades motoras e de sua qualidade de vida.
O Conselho Regional de Fonoaudiologia – 3ª Região (Crefono 3), que atua no Paraná e em Santa Catarina, comemora o trabalho desempenhado pelos profissionais da área, com muito cuidado e perícia nas ações que objetivam manter o integral cumprimento da regulamentação do exercício da fonoaudiologia, protegendo profissionais da saúde e pacientes.
A atuação do Crefono3 também teve, ao longo de todos esses 40 anos, caráter educativo, ao promover e apoiar campanhas regionais e nacionais de orientação e esclarecimento que beneficiam toda a sociedade. Programas de incentivo à amamentação, leitura e alfabetização, se juntam às premiações e também a ações de prevenção à perda auditiva e demais distúrbios que requerem a intervenção do fonoaudiólogo.
As perspectivas de futuro são as melhores possíveis.
A tecnologia chega para se tornar parceira dos profissionais da fonoaudiologia que estão, incessantemente, realizando atividades de pesquisa e atualização, em busca de novas opções e descobrindo possibilidades inéditas. Tudo isso para permitir maior efetividade dos tratamentos e oferecer o compromisso de um trabalho eficiente, delicado, duradouro, dedicado e benéfico a pacientes de todas as faixas etárias e suas famílias.
Celso Luiz Gonçalves dos Santos Júnior é presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia – 3ª Região (CREFONO 3) Paraná e Santa Catarina