O primeiro mês do ano foi escolhido para a campanha Janeiro Verde com o objetivo de alertar as mulheres sobre a prevenção do câncer do colo do útero, tumor que tem alta chance de cura em estágios inicias, mas com o diagnóstico tardio as taxas diminuem. Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que anualmente mais de 530 mil novos casos de câncer do colo do útero ocorrem no mundo e mais de 16 mil somente em mulheres brasileiras, sendo o quarto tumor feminino mais comum e o primeiro câncer ginecológico com a maior incidência no Brasil.
O médico rádio-oncologista do Oncoville, Daniel Neves, explica que faixa etária mais comum para o surgimento do tumor é entre os 45 e 50 anos: “Esse tipo de tumor é causado principalmente pela infecção por alguns tipos do Papilomavírus Humano, o HPV. São conhecidos mais de cem tipos diferentes do vírus, sendo o HPV 16 e 18 os responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo uterino. Esta infecção pode, ou não, evoluir para o câncer sendo que, na maioria das vezes, ocorre a eliminação do vírus devido resposta imunológica do indivíduo.”
Fazer o preventivo, também, chamado de Papanicolau (exame de rastreamento) é fundamental para detecção precoce do câncer de colo do útero e visa detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico da doença. Este exame de rastreamento é recomendado a quem possui colo do útero, já iniciou atividade sexual e está na faixa etária entre 25 e 64 anos.
Saiba como é realizado o tratamento com radioterapia
O físico médico do Oncoville, Paulo Cesar Dias Petchevist, explica que o câncer de colo uterino tem seu tratamento com radioterapia através das modalidades de Teleterapia ou Teleterapia com Braquiterapia associada. “A Braquiterapia é um procedimento onde aplicadores específicos são introduzidos via vaginal para conduzir fontes radioativas à região a ser tratada no colo do útero. Os aplicadores impedem que haja qualquer contato físico da fonte radioativa em si com a paciente e que apenas a radiação proveniente dela entregue a dose prescrita à região alvo. Normalmente são necessárias quatro aplicações e cada uma delas tem em média duas horas de duração.”
Já Teleterapia consiste no emprego de feixes modulados de raios X à região alvo, com a finalidade de entregar a dose prescrita ao colo uterino e preservar os órgãos de risco vizinhos a ele, como bexiga, reto, intestino, sigmoide e fêmures. A irradiação é feita de maneira indolor em 25 a 30 aplicações diárias com duração média de 15 minutos cada. “A paciente é posicionada na mesa de tratamento com alguns suportes específicos que garantirão a reprodutibilidade do posicionamento diariamente. Após a localização da região alvo ser feita por imagem radiológica, a irradiação da região iniciará. A paciente verá apenas a máquina girar em torno dela sem qualquer dor ou contato físico durante a aplicação.”
O especialista ressalta, ainda, que é pedido à paciente que esteja com a bexiga cheia tanto para a simulação (tomografia de planejamento) quanto para todos os demais dias de tratamento. A bexiga cheia tem a função de distanciar o intestino da região a ser irradiada, proporcionando menos efeitos colaterais derivados do tratamento.