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Metaverso: “Big bang” digital

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Por Débora Morales*

Praticamente a cada 10 anos, as plataformas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) passam por uma mudança de paradigma. Na década de 1990, foi a comunicação do PC; nos anos 2000, a web, e na década de 2010, os smartphones. Já nos anos 2020, o novo paradigma é o Metaverso.

Metaverso é um ambiente virtual 3D e forma social que integra uma variedade de novas tecnologias. Ele fornece uma experiência imersiva baseada na tecnologia de Realidade Aumentada, cria uma imagem espelhada do mundo real com base na tecnologia de gêmeos digitais, constrói um sistema econômico baseado na tecnologia blockchain, e integra firmemente o mundo virtual e o mundo real nos sistemas econômico, social, cultural, jurídico e de identidade.

Uma multitecnologia norteada pelas noções de sociabilidade, temporalidade e hiperespaço. Nela, o 5G e 6G são a base de comunicação, e a Internet das Coisas (IoT) desempenha um papel vital na infraestrutura de rede. Nesse contexto, tecnologias de gestão e gerenciamento de recursos, energia e sessões são essenciais. E as tecnologias comuns fundamentais incluem Inteligência Artificial (IA), consistência espaço-temporal, segurança e privacidade.

Algoritmos de IA são a chave para conectar o mundo virtual e o mundo real. Os três elementos da IA – dados, algoritmos e poder de computação – são essenciais no estabelecimento e desenvolvimento do Metaverso. Tecnologias imersivas de Realidade Estendida (XR), como Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR), Realidade Mista (MR) e somatossensorial, proporcionam aos usuários as mesmas sensações visuais e auditivas que no mundo real.

A consistência espaço-temporal é uma característica fundamental. A forma final do Metaverso é o continuum espaço-tempo digital paralelo, que não se detém na construção de um espaço digital estático, mas de um espaço virtual que evolui paralelamente ao mundo real dinâmico. Portanto, dados espaço-temporais consistentes são críticos para o mapeamento entre o mundo real e o Metaverso, como sincronização de tempo, posicionamento de alvo, registro espacial e de tempo.

A segurança e a privacidade dos dados do usuário são dois dos maiores problemas do mundo. Com o Metaverso, a quantidade e riqueza de dados pessoais coletados não tem precedentes. Por isso, é muito provável que várias empresas e instituições optem por trabalhar juntas para construir um ou mais Metaversos, com a intenção de coordenar e interagir dados entre esses diferentes mundos virtuais, e garantir proteção das informações. Gerenciamento de ativos digitais, como avatares, também pode significar grandes desafios na proteção dos usuários contra cópias digitais. Em contrapartida, pesquisas sobre autenticação de acesso de usuários, consciência de situação de rede, monitoramento de comportamento perigoso e identificação de tráfego anormal fornecem referências que estão sendo realizadas para otimizar a segurança e a privacidade.

Importante lembrar que o surgimento do Metaverso não substituirá as relações sociais reais pelas relações sociais virtuais, mas trará um novo tipo de relacionamento, em que online e offline estarão integrados. Ao estudar o comportamento humano e as relações, a computação social prevê uma lei de operação e, também, tendências de seu desenvolvimento futuro.

A integração do espaço social físico com o espaço social virtual requer o mapeamento contínuo das interações sociais e eventos no mundo social-virtual. Também, deve atender aos requisitos de realismo para que os usuários se sintam emocionalmente imersos no mundo virtual: ubiquidade, acessível em vários dispositivos e locais e com avatares conectados durante as transições; interoperabilidade, para empregar padrões que permitam ao usuário se teletransportar sem problemas entre diferentes locais no Metaverso, sem desconexões e interrupções em sua experiência; e escalabilidade, capacidade de gerenciar o poder computacional de tal forma que um grande número de usuários possa interagir socialmente no mundo virtual.

Metaverso tem um poder arrebatador antes nunca visto, e será amplamente utilizado em diversos campos, como educação, indústria, economia, smart city, medicina, arte, jogos, cultura, socialização, entre outros. O desenvolvimento da tecnologia impulsiona a transição da internet atual para o Metaverso, tornando tênue o limite entre ambientes físicos e virtuais. O futuro imersivo será mais interativo, incorporado, vivo e multimídia graças a dispositivos de computação poderosos e inteligentes. Mas, existem desafios a serem superados antes que o Metaverso se integre ao mundo físico e à realidade cotidiana.

*Débora Morales é mestra em Engenharia de Produção (UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia, inovação e tecnologia, especialista em Engenharia de Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia. Atua como Estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). – Créditos: Divulgação

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