Dead Fish: “Temos certeza que muitos fãs se foram, mas isso as vezes é necessário”

Vocalista Rodrigo Lima explica as letras da banda e fala da turnê 30+1

Grande expoente do hardcore, a banda capixaba Dead Fish toca dia 25 de março (sexta-feira) no CWB Hall, em Curitiba. A apresentação faz parte da turnê 30 + 1, que celebra as mais de três décadas do lendári​o grupo. O Dead Fish surgiu em 1991 e após muitos shows e demos, chegaram ao primeiro álbum, Sirva-se, que vendeu mais de dez mil cópias em um ano. Em 2004 lançam pela DeckDisc o CD Zero e Um, com mais de trinta mil discos comercializados  no primeiro ano. Outros grandes momentos foram os DVDs MTV apresenta Dead Fish (2004), Dead Fish 20 anos (2012) e XXV Ao Vivo Em SP (2017).

O vocalista explica como é preparar um setlist de uma turnê especial como esta: “É simples e complicado escolher um setlist depois de trinta anos. Eu pessoalmente gosto de cantar músicas que não estou cansado de executar ao vivo, mas a gente está saindo de uma pandemia e o último álbum foi pouco tocado ao vivo e isso complica. Precisamos tocar esses sons. Também não podemos desagradar totalmente o público tocando só o que queremos e aí pra montar um setlist com menos de 25 sons fica quase impossível. Existem músicas que nunca poderão sair do repertório daqui pra mais vinte anos, “Zero e Um”, “Queda livre”, “Autonomia”, “Sonho Médio” são músicas que se a gente não tocar o público vai ficar muito bravo então nunca tiramos do setlist. Existem outras que se não tocarmos o público também vai ficar bravo como “Você”, “Noite” e “Tango”, mas tocar esses sons sempre desagrada a gente, aí nos reservamos o direito de tocar quando a gente acha que rola ou estivermos com paciência pra sons mais lentos. Eu pessoalmente estou adorando tocar sons mais lentos, menos “Noite” que acho chatíssima, mas precisa ser executada de vez em quando. Enfim, é uma matemática meio complicada, mas que no fim das contas conseguimos, e principalmente o Ricardo Mastria, tira de letra”.

Durante a quarentena a banda realizou lives para o projeto “Fortalecendo a Graxa”, para ajudar a equipe técnica que ficou sem trabalhar por causa da pandemia. Com os shows voltando a normalidade, Lima conta como está a empolgação para o retorno aos palcos: “Estou pessoalmente muito feliz de estar de volta, de ver todo mundo se  movimentando de novo, desde as casas de show até as bandas. Muita gente ficou pelo caminho e isso é tristíssimo, existem cidades que nem lugar pra tocar existem mais, mas acredito que com essa volta e com a gente se encontrando de novo, novas bandas e novos rumos estão por vir. Rumos nada simples como sempre, mas tem muita ideia que ficou minada nessa pandemia, existe muita energia represada aqui no nosso nicho e aposto que muita coisa boa vai acontecer”.

Uma característica da carreira do Dead Fish são as letras contundentes, como pode ser provado no disco Ponto Cego (2019); o vocalista explica sem meias palavras: “Temos certeza que muitos fãs se foram, mas isso as vezes é necessário também, a gente não tem como agradar todo mundo, nossa cultura é desafiadora, o punk sempre foi e será questionador e acima de tudo antifascista. Quem vibrou nessa energia neonazi a brasileira ou se arrepende, pede desculpa e volta ou some do rolê né? Aqui não é lugar pra essas ideias e atitudes”.

Apesar disto, Rodrigo Lima quer rever os fãs e convida os curitibanos para celebrarem os trinta anos do dead Fish com eles no show: “Temos uma longa e linda história em Curitiba. Vimos muitas gerações passarem aqui na nossa frente. Temos um carinho muito especial pela cidade e pelas pessoas que estão conosco desde os primeiros shows que fizemos ai, ainda nos anos 1990. Apareçam rapaziada! Vamos voltar a viver.”, finaliza.

Com uma sólida discografia e uma integridade musical inabalável, o Dead Fish passou por diversos momentos durante sua caminhada, porém sempre entregando grandes álbuns e shows repletos de energia e conscientização, que os alça​ram ao hall das mais importantes de rock do Brasil. A formação atual do Dead Fish conta com Rodrigo Lima (voz), Ric Mastria (guitarra), Igor Tsurumaki (baixo) e Marcão (bateria).

Serviço
Dead Fish em Curitiba
Data: 25 de março de 2022 (sexta-feira)
Local: CWB Hall
Endereço: Rua Dr. Claudino dos Santos, 72 – Largo da Ordem
Horário: 21h (show)
Ingressos/Infos: https://www.bilheto.com.br/evento/569/Dead_Fish