Alguns fatores genéticos podem influenciar nessa perda de sensibilidade, mas há algumas causas externas que aceleram essa perda de audição com o passar do tempo, principalmente na terceira idade.
A otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba Franciane Regina Vargas lembra que há duas principais causas que podem diminuir a audição nos idosos.
“Existe a perda auditiva neurossensorial, que é permanente, e a perda auditiva condutiva, que em muitos casos pode ser reversível. O importante é que o otorrino avalie as possíveis causas dos sintomas e solicite exames para quantificar e qualificar uma eventual perda de percepção auditiva”, alertou a médica.
Causas da perda auditiva nos idosos
Como comentado anteriormente, há duas principais causas de perda auditiva nos idosos: a neurossensorial e a condutiva.
A perda auditiva no ouvido interno (neurossensorial) ocorre quando as fibras nervosas delicadas na orelha interna ficam danificadas. Isso os impede de transmitir o som corretamente. Ela pode ser causada por exposição excessiva ao ruído, mas as causas mais comuns de perda auditiva neurossensorial são os processos naturais do envelhecimento. Essa perda auditiva é permanente.
Já a perda auditiva também pode ser condutiva. Ela é causada por problemas na orelha externa e média, o que pode impedir que os sons passem pelo ouvido interno. A causa mais comum pode ser uma acumulação de cera no canal auditivo, tímpanos perfurados, líquido na orelha média ou ossos danificados ou defeituosos da orelha média (ossículos). Em muitos casos, é reversível.
Perda auditiva e depressão
A falta de tratamento para perda auditiva nos idosos e a depressão podem ter relação. De acordo com Franciane, com o passar dos anos a audição vai sendo ainda mais prejudicada, dificultando também a compreensão da fala.
“Como consequência dessas dificuldades, o idoso acaba se afastando e evitando o convívio social, podendo apresentar sintomas de depressão devido ao isolamento. Há estudos que também relacionam a presbiacusia (diminuição auditiva relacionada ao envelhecimento) não tratada a doenças como o Alzheimer”, comentou a médica.
Preconceito sobre o tratamento
Infelizmente, ainda há preconceito ou até mesmo resistência dos próprios idosos em aceitar algum tipo de tratamento, por isso a família precisa ficar atenta aos primeiros sinais e oferecer apoio durante o processo.
“Ainda há muitos idosos resistentes ao tratamento de perda auditiva com aparelhos auditivos. Mas é importante explicar que com a melhora da audição, o idoso terá a sua independência de volta, pois se sentirá mais seguro ao realizar as atividades do dia a dia quando puder ouvir melhor, inclusive em ouvir os sinais de alerta e defesa (sons de alarmes, buzinas, por exemplo) e entender melhor durante as conversas diárias”, ressaltou a especialista.
Importância do diagnóstico precoce
Assim que forem notados os primeiros sinais de perda auditiva, é importante que os familiares deem apoio ao idoso na procura por tratamento. O mais importante é que o tratamento seja individualizado, quase sempre com abordagem multiprofissional, participando das decisões um fonoaudiólogo e, por vezes, um psicólogo.
“O diagnóstico precoce é importante pois ajuda na prevenção de complicações tardias associadas à perda auditiva como depressão, dificuldade de comunicação, risco aumentado de demência, quedas, aumento do desgaste emocional, entre outros. É importante ressaltar que o tratamento trará mais independência e qualidade de vida ao paciente”, finalizou a otorrino.