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Alta da taxa de juros encarece financiamento imobiliário e pede planejamento

 

A sequência de elevações na taxa básica de juros da economia (Selic), definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil já se mostra histórica e tem o objetivo de frear o aumento da inflação. Atualmente em 11,75%, ela influencia todas as taxas de juros do País, como as dos empréstimos, das aplicações financeiras e dos financiamentos – em especial, o crédito habitacional, responsável por uma considerável fatia das formas de pagamento na aquisição de moradias.

A tentativa de conter a inflação pela taxa de juros vem sendo repassada ao financiamento imobiliário, que ainda se mantém atrativo, mas já dá sinais de dificuldade de acesso aos consumidores. Num cenário em que cada 1% de alta na taxa de juros leva a um aumento de cerca de R$ 240 na parcela do financiamento – e exige aproximadamente R$ 800 a mais na renda comprovada –, e considerando que, em agosto de 2020, a taxa estava no nível de 2%, essa diferença é brutal no orçamento das famílias que recorrem a este tipo de crédito para investir num imóvel próprio

Com isso, o cliente com médio e baixo potencial de pagamento é levado a analisar opções para realizar o sonho da casa própria. Planejar é a solução, pois, para especialistas, apesar da alta frequente dos juros, ainda é momento de investir em um imóvel.

“Na mesma medida em que o custo do financiamento aumenta, com a elevação dos juros, também cresce a valorização dos imóveis. Isso significa que, mesmo em um curto período, adquirir um imóvel ainda é um investimento atraente, principalmente num momento de instabilidade econômica em que a constituição de um patrimônio oferece segurança financeira para as famílias. Além, é claro, de ser a realização de um sonho”, analisa Carlos Massini, advogado especialista em mercado imobiliário e cooperativismo.

Segundo Massini, caso o comprador tenha uma reserva financeira, é interessante aportar o máximo possível em um bom valor de entrada, sem comprometer o fundo de emergência da família, pois esse valor inicial de peso reduz o montante a ser financiado – diminuindo o impacto das constantes elevações das taxas de juros. “Mesmo com um cenário de alta de custos de insumos e de mão de obra, os índices de correção como INCC e IGP-M, que atualizam, por exemplo, o valor do imóvel em construção previamente ao financiamento, estão menores do que as taxas de crédito habitacional praticadas pelos bancos, inclusive a Caixa, maior nome no setor”, explica o executivo.

Para isso, o comprador também pode ficar atento às regras de utilização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que pode ser integralmente destinado para abater a dívida ou reduzir as parcelas do financiamento habitacional.

Por outro lado, é preciso agir com cautela. Com parcelas mais caras, o financiamento pode comprometer boa parte da renda da família, que tem que ter condições de arcar com outros gastos fundamentais para manter uma mínima qualidade de vida. “O comprador não pode se endividar a ponto de não conseguir custear a alimentação, saúde, vestimentas, educação e demais itens essenciais para a família. Ao adquirir um financiamento, esse comprometimento de renda foi avaliado: o cuidado é para que imprevistos como a perda de renda ou o desemprego afetem a capacidade de pagamento. Por isso é importante criar uma reserva para cobrir situações de emergência”, sugere o especialista.

Enquanto os juros sobem, o nível de vendas de imóveis não cai. De acordo com dados do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Secovi-SP), no acumulado de 12 meses até fevereiro, houve aumento de 23,9% na comercialização de unidades residenciais. Já o número de lançamentos cresceu 35,3% no período. “Isso comprova que agora é a hora de investir em um imóvel próprio”, finaliza Massini.

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