Alysson Siqueira (*)
O ano de 1992 antecedia o tricentenário da cidade de Curitiba. Entre os diversos preparativos para as celebrações, os curitibanos viram ser construído, em cerca de 75 dias, um novo ponto turístico e de promoção de cultura: o Teatro Ópera de Arame. Em sua inauguração, nada menos do que William Shakespeare e a célebre “Sonho de uma Noite de Verão”, dirigida por Cacá Rosset, deram vida ao seu palco. A inauguração da nova casa de espetáculos era também a noite de abertura do I Festival de Teatro de Curitiba: uma dupla injeção de ânimo na cena cultural da cidade.
Em sua primeira edição, o festival contou com 14 espetáculos, e logo nos anos seguintes demonstrou seu grande potencial de crescer, não apenas em número de sessões, mas em direções diversas, criando braços sempre conectados ao corpo das artes cênicas.
O Festival de Teatro de Curitiba nasceu com a intenção de trazer grandiosos espetáculos à cidade. Muitos deles, de renomados diretores, atrizes e atores nacionais, agendam suas estreias para o festival. Essa predileção por nomes consagrados da cena teatral fez com que os artistas locais, buscando oportunidades em meio à efervescência cultural do festival, promovessem em 1998 a primeira edição do Fringe: mostra paralela, sem curadoria, inspirada em um evento de mesmo nome ocorrido em Edimburgo, na Alemanha. O Fringe é um desdobramento do Festival de Teatro de Curitiba, que acaba democratizando as artes cênicas tanto para público, que tem sessões de teatro com ingressos a preços mais acessíveis, quanto para os artistas locais e de diversos outros lugares, que podem divulgar seu trabalho ao público do Festival.
Depois do Fringe, outros braços do Festival de Teatro surgiram. O Risorama é um festival paralelo de stand-up comedy. O Gastromix é um evento que reúne, em um mesmo local, chefs reconhecidos internacionalmente e alguns dos melhores músicos da cidade. O MishMash é uma mostra de artes circenses, que entrou para a programação do festival em 2009. Há também o Programa Guritiba, com foco na formação de público, além de exposições, interlocuções e mostras variadas.
Não há como deixar de atestar a importância do Festival de Teatro de Curitiba para o teatro nacional, para o público da cidade e na cidade, para os artistas das diversas vertentes das artes cênicas e todos os profissionais envolvidos nas produções teatrais. Após dois anos de atividades suspensas, o evento volta com tudo em 2022, e a melhor maneira de comemorar esses 30 anos de Festival é aproveitar um bom tanto de toda a arte que ele nos oferece.
*Alysson Siqueira é mestre em Música e professor da área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter.