Caetano Brasil transforma Pixinguinha em tango sedutor no clipe “Soluços”

Depois de impressionar com uma interpretação moderna para a obra do Pai do Choro, no novo álbum “Pixinverso – Infinito Pixinguinha”, agora o clarinetista mineiro Caetano Brasil mostra diferentes tons das composições de seu mestre ao juntar o ritmo brasileiro com o tango em “Soluços”. O resultado ganha outros contornos e pode ser visto em um clipe no qual a dança e a música servem de cúmplices sedutoras em um jogo de atração.

 

A ideia de gravar o vídeo surgiu da vontade de interagir com outras linguagens artísticas, o que tem se mostrado uma tendência da arte contemporânea. Através destas intersecções, a mensagem se amplifica ao agregar outros profissionais que trazem ao projeto novas perspectivas. 

 

“O arranjo que desenvolvi para ‘Soluços’, de Pixinguinha & Benedito Lacerda – também conhecida como ‘Proezas de Nelson’ – é uma conversa entre o choro e o tango argentino. Fui buscar referências na música de Astor Piazzolla para trazer à peça uma interpretação cosmopolita. Na gravação, contei com a participação do acordeonista Leandro Domith, que deixou nossa versão ainda mais portenha”, reflete Caetano.

 

Para o clipe, o artista buscou sair do lugar comum: ao invés de se juntar aos músicos para encenar uma performance musical ou mesmo fazer as imagens durante a gravação do álbum no estúdio, como é de praxe na música instrumental, Caetano se propôs um desafio. Convidou a bailarina e professora de dança Silvana Marques, que tem em seu currículo mais de 30 anos de experiência com a dança de salão, para montar uma coreografia em cima do arranjo, em que ele dançasse com um outro homem. No vídeo de “Soluços”, Caetano realiza a performance com o bailarino Lorran Faria. A filmagem ficou a cargo da Cabeça de Vento, uma produtora audiovisual da cidade de Ubá (MG).

 

“Sair da zona de conforto, para mim, é motor de crescimento pessoal e artístico, importante para expandir para além do som, como vejo o potencial do choro e da música brasileira. E sempre que eu achar uma brecha, trarei, como neste caso, um olhar para questões e causas que me atravessam, como ser um artista gay no meio da música instrumental”, resume Caetano Brasil.

 

O clipe soma a uma trajetória já impressionante para um jovem instrumentista. Clarinetista, saxofonista e compositor, o músico está em um dos principais momentos de sua carreira que já tem mais de uma década de estrada. Após ser indicado pelo álbum “Cartografias” na categoria de Melhor Álbum Instrumental para o Grammy Latino 2020, ele volta não só às suas raízes como a de toda a música brasileira para buscar um olhar para o futuro. “Pixinverso – Infinito Pixinguinha” é um disco focado em estreitar os laços entre o choro, o jazz contemporâneo e a world music, relendo composições que fazem parte da vida de milhões de pessoas.

 

Nas 10 faixas de “Pixinverso”, que se dividem em dois lados – como o A e o B de um vinil -, Caetano Brasil buscou inspiração no afrojazz de Moacir Santos e Letieres Leite, na música impressionista de Debussy e Ravel, nos ritmos tradicionais do Oriente e em tudo o que atravessa o seu tempo e espaço. Na primeira metade do álbum, traz recriações de grandes clássicos como “Carinhoso” e “Rosa”. Na segunda, tesouros garimpados pouco conhecidos inclusive entre os chorões, como a inédita “Quebra-cabeça”, que tem aqui sua primeira gravação.

 

Agora, o álbum ganha ainda mais profundidade com seu segundo clipe. O vídeo de “Soluços” se une a “Naquele Tempo” no canal de YouTube oficial de Caetano Brasil, e o disco completo pode ser ouvido em todas as principais plataformas de música.