Ao ser promovida como coração da casa, a cozinha ganhou vistosidade na arquitetura de interiores dos projetos residenciais;
Com o advento das cozinhas conectadas com os demais ambientes, a arquiteta Cristiane Schiavoni explica o que deve ser analisado, em cada situação, antes de definir se o layout
Na internet, nas páginas de revista e nos programas de televisão, como o internacional Irmãos à Obra, do Discovery Home & Health, as cozinhas integradas são uma verdadeira sensação no Brasil. E não é para menos! Além de valorizar um ambiente que, por muito tempo, não recebeu a devida atenção com o décor e à parte do contexto de uma casa, ela emergiu como um dos cômodos mais adorados dos projetos.
As razões são inúmeras e se adaptam aos mais diferentes perfis de moradores, suas predileções e modo de vida. Com o afeto e a alegria que a comida proporciona ao preparar uma receita para recepcionar um convidado, a possibilidade de todos tomarem café da manhã juntos no espaço da bancada, para abrir mais fluidez ou para resolver questões como aptos mais compactos, o desejo de integração é cada vez mais presente. “Todos esses fatores despertam o desejo de conviver dentro desse formato. Mas sempre argumento que a decisão não deve sem uma análise prévia sobre o que precisa ser considerado para realizar (ou não) a integração”, analisa a arquiteta Cristiane Schiavoni, à frente do escritório que leva seu nome.
Para contribuir com aqueles que agora passam por essa hesitação, ela relaciona algumas reflexões que ajudam a tomar uma decisão pautada nas características que serão benéficas para o dia a dia do imóvel. Acompanhe!
O ponto de partida
A integração dos cômodos implica em abrir o leque para as interações sociais que acontecem entre as pessoas que habitam a casa, como também por aqueles que os visitam. Segundo Cristiane, o ponto inicial está ligado com esse anseio de tornar a cozinha um novo espaço de convivência, aos moldes do que fazíamos na sala de estar. “Gosto sempre de ressaltar para meus clientes que não existe um certo ou errado nessa escolha. A vontade compartilhada por eles é considerada de acordo com o estudo de viabilidade que realizamos para o projeto”, detalha.
Cozinhas integradas
Uma cozinha aberta vem acompanhada por outras questões que precisam ser resolvidas, como a inconveniente a emissão de odores e gorduras que acontecem durante a cocção. Para não fazer feio com os móveis e itens decorativos das salas de jantar e estar, coifas e depuradores são capazes de efetuar, com eficiência, a sucção dos cheiros que podem se espalhar por toda casa.
No que diz respeito ao décor, o olhar preciso do profissional de arquitetura é fundamental. Nessa conexão entre a cozinha com a sala de estar/jantar, a composição dos mobiliários, como dos acabamentos, precisam passar a ideia de fluidez e continuidade. “E nessa lista eu também incluo os eletrodomésticos, que formam o visual completo do cômodo”, menciona Cristiane.
Passando para iluminação, o equilíbrio deve reinar nas definições. Ao passo que a intenção também seja de proporcionar um ambiente mais intimista aos visitantes, a luz perfeita para os trabalhos não pode deixar de marcar presença. “Uma saída que gosto muito é optar por duas propostas específicas e complementares. Acima da bancada da ilha, a instalação de pendentes é muito bem-vindo”, orienta a arquiteta.
Para muitos, a atmosfera de um ambiente gourmet é alcançada com as ilhas de cozinha, que geralmente delimitam o final do ambiente e o início do próximo. Em um espaço previsto para a possível instalação da pia e cooktop – para tanto, o projeto deve prever o reposicionamento dessa infraestrutura –, as banquetas tornam-se as poltronas que acolhem moradores e convidados. “Sem contar que a parte interna dela é perfeita para ocultar o que não necessariamente precisa estar visível para todos”, relata a profissional.
Polivalência: entre as tantas perspectivas para a realização de uma cozinha integrada, Cristiane também considera a rotina da casa. “Para aqueles que usam diariamente o ambiente e que precisam ficar atentos à movimentação dos filhos, essa proximidade traz tranquilidade aos pais e mães que realizam mais de uma atividade simultaneamente. Sei muito bem como é isso”.
Cozinhas não integradas
Por outro lado, os moradores podem não ter o costume de abrir a cozinha para acolher os convidados, não sentirem a necessidade de interagir enquanto preparam as refeições ou mesmo de não ter o hábito frequente de realizar refeições em casa. Esses são alguns dos motivos que fazem da cozinha separada da área social a melhor opção. O segredo da funcionalidade, além de ter em mente as necessidades do morador, é pensar em possibilidades.
Quando o proprietário do imóvel expressa a vontade de ter uma área mais técnica, para deixar as louças para o dia seguinte, por exemplo, a cozinha separada é a resposta. E por não necessitar de tanto espaço, ela salienta a viabilidade de diminuir o ambiente para ampliar a sala de estar.
Integração parcial
Mas e quando a saída certa não é a integração ou a separação completa? A arquiteta ainda elenca a perspectiva de uma conexão parcial, que pode ligar apenas um cômodo ou de inserir duas integrações independentes, quando a planta baixa permite.