Incidentes aumentam anualmente, mas empresas de qualquer porte podem se precaver com dicas básicas e baratas
Em meados de maio, o Bradesco Financiamentos revelou ter sofrido um ataque cibernético que ocasionou o vazamento de dados de 53 mil clientes, expondo a visualização não autorizada de informações relacionadas a contratos de veículos. O número de ataques desse tipo aumentou nos últimos meses. Em abril, o Banco Pan informou uma fragilidade no sistema que permitiu o vazamento de dados de cartões de crédito de clientes. Os vazamentos prejudicam a imagem das empresas, mas também doem no bolso. Após a entrada da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), empresas podem ser multadas se deixarem as informações de seus clientes vulneráveis. Por isso, especialistas alertam que não importa o tamanho do negócio, é necessário investir em segurança para proteger os dados dos clientes.
“Estimativas falam que 50% a 60% dos pequenos e médios negócios sofrem algum tipo de ataque cibernético ou vazamento de dados todos os anos e infelizmente eles são os alvos preferidos dos bandidos, já que a maioria não tem estrutura tecnológica robusta para se proteger, como fazem as grandes empresas com equipes de TI. Por isso, essas empresas precisam ficar de olho em outras formas de proteção básicas, como adoção da cultura de proteção de dados por parte dos funcionários e clientes”, alerta Fernando Weigert, diretor da Alias Tecnologia, que fornece soluções para empresas públicas e privadas que atuam no segmento bancário e de financiamento de veículos.
Entre as providências indispensáveis, que devem constar nos manuais e normas de qualquer empreendimento, ele enumera as seguintes: evitar exposição desnecessária, não comentar os negócios da empresa, não postar fotos, não abrir e-mails desconhecidos, não abrir boletos de pagamentos, ter cuidados com acessos externos, ler as políticas de privacidade e não repassar senhas são algumas das práticas básicas que devem constar nos manuais e normas da empresa.
Exemplo de empresa que precisa lidar com milhares de dados de clientes, a Alias trabalha diariamente para identificar e resolver possíveis fragilidades. “Antes mesmo de a LGPD entrar em vigor, em 2019, a empresa já estava empenhada no assunto, tendo planos e estratégias formuladas e aplicadas no dia a dia. Tal procedimento resulta em um alto patamar de controle e rigidez no tratamento, compartilhamento e armazenamento dos dados e informações a que tem acesso”, diz Weigert.
Uma pesquisa recente do Massachusetts Institute of Technology (“MIT”) publicada no Journal of Data and Information Quality da ACM (Association for Computing Machinery) aponta que vazamentos de dados aumentaram 493% no Brasil, sendo que mais de 205 milhões de dados de brasileiros vazaram de forma criminosa em 2019. Em número de incidentes relevantes, de grande porte, o país saltou de de 3, em 2018, para 16 em 2019, de acordo com a pesquisa.
O que fazer na prática
Mesmo para aquelas empresas que não podem investir muito dinheiro em softwares de segurança ou não contam com um suporte de TI, existem algumas formas básicas e baratas para proteger os dados dos clientes. São elas:
Política de proteção e segurança de dados: produção de um documento com regras práticas e diretrizes sobre segurança da informação. Essa espécie de manual deve conter as ações mais relevantes para assegurar as informações utilizadas nas organizações, como quem deve ter acesso aos documentos, normas internas de regulação de uso de dispositivos móveis nas dependências da empresa, contrato de confidencialidade, como acessar os dados dos clientes, quem está autorizado e qual a hierarquia, como utilizar redes sociais, entre diversas outras ações que organizam o acesso aos dados.
Controle de acesso: O acesso aos dados não deve ser atribuído a qualquer profissional. A responsabilidade precisa estar centrada em um administrador, de preferência com cargos de gerência e confiança da empresa. Pela nova LGPD, os responsáveis precisam ter medidas de segurança e técnicas administrativas aptas a proteger os dados pessoais de seus clientes.
Backups: Backups regulares evitam a perda de dados dos clientes. Uma estratégia é manter as cópias de dados armazenados em locais seguros na nuvem e utilizar sistemas de firewalls para evitar a invasão do sistema.
Criptografia: Conjunto de técnicas que protegem informações. Por meio dessa solução, apenas pessoas autorizadas conseguem decifrar os dados utilizando códigos de acesso restrito, sem riscos de extravios ou cópias indevidas.