Infertilidade: o que fazer quando não é possível engravidar naturalmente?

Buscar apoio especializado logo nos primeiros indícios é fundamental para o diagnóstico e a solução ideal

Gerar uma vida é prioridade para muitas pessoas, porém nem sempre é possível conceber de forma natural. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 8 milhões de brasileiros podem ser inférteis, sendo que as causas são diversas e podem ser tanto femininas como masculinas ou ainda devido à associação de dificuldades dos dois parceiros.

Mas o que fazer quando a notícia da infertilidade é uma realidade?

Para o médico ginecologista e obstetra, Francisco Furtado Filho, especialista em fertilização e diretor técnico da Fertway, é estimado que cerca de 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, 35% ao homem, 20% a ambos e 10% por causas desconhecidas, no entanto a maior parte dos casos é perfeitamente tratável.

“Estimativas dizem que mesmo em pessoas saudáveis, que mantenham relações sexuais regulares e que não fazem uso de contraceptivos, a chance de engravidar é de 20%. Nesse processo, saber as razões da infertilidade, conseguir lidar com a descoberta e ter a quem buscar ajuda e apoio, é fundamental para conduzir o processo e buscar uma solução adequada”, afirma.

 

Entre as soluções existentes, as técnicas de reprodução assistida estão cada vez mais avançadas e possibilitam opções seguras para os casais. Nestes casos, Furtado reforça sobre a importância de buscar ajuda assim que tiverem os primeiros indícios de dificuldades para engravidar.

 

“A reprodução assistida é um conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar pessoas a terem filhos. Ela funciona pela manipulação de pelo menos um dos gametas e dos meios de fecundação, proporcionando condições para que o processo de gravidez ocorra de maneira planejada e segura”, conta o especialista.

 

Técnicas de reprodução assistida mais utilizadas

 

Quanto aos procedimentos, hoje já é possível escolher o que melhor se adequa à situação, uma vez que novas técnicas existentes possibilitam uma variedade maior de opções e de forma personalizada:

 

  1. Relação Sexual Programada ou Coito Programado

Esse método é realizado com ou sem indução da ovulação. O ciclo ovulatório é monitorado através de acompanhamento ultrassonográfico seriado e, portanto, em dias específicos do ciclo menstrual. Desse modo tem-se a possibilidade de programar as relações sexuais no período ovulatório.

 

  1. Inseminação Intrauterina (IIU) Artificial

A Inseminação Intra Uterina (IIU) ou Inseminação Artificial é uma técnica de baixa complexidade que compreende em fazermos a colocação dos espermatozoides capacitados em laboratório dentro da cavidade uterina para que eles possam encontrar o óvulo dentro da trompa do paciente e, eventualmente, conseguir uma gravidez. Esta técnica é indicada em casais que o marido produz uma quantidade menor de espermatozoides móveis ou que o teste pós-coital esteja alterado. Também é uma opção para aquelas mulheres que buscam a maternidade independente e que precisarão de sêmen de doador ou de banco.

 

  1. FIV (Fertilização in vitro)

A FIV é um procedimento de alta complexidade, usado para tratar diversos casos de infertilidade, como também para mães solo e casais homoafetivos que querem ter filhos. Nesse caso, o procedimento é feito com a coleta dos gametas feminino e masculino e a partir daí realiza-se a fecundação em laboratório, transferindo, posteriormente, o embrião ao útero que irá gestar o bebê. As taxas de sucesso ficam entre 5% e 55% por tentativa, dependendo de cada caso e, principalmente, da idade da mulher.

 

  1. Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI)

Igualmente à FIV, e ICSI difere-se apenas na etapa final, pois nesse caso a inseminação é feita via injeção do espermatozoide diretamente dentro do óvulo. Com o auxílio de micromanipuladores e com uma agulha finíssima, o espermatozoide é colocado diretamente no interior do óvulo. Inicialmente essa técnica era indicada para casos de fator masculino grave. Atualmente é usada rotineiramente em praticamente todos os casos.

 

  1. Doação de Óvulos

Técnica indicada para mulheres que não tenham mais os óvulos ou possuam uma quantidade muito reduzida e de baixa qualidade. Geralmente ocorre com mulheres de idade mais avançada, com menopausa precoce ou problemas relacionados à produção de óvulos. O procedimento é feito pela doação de óvulos de uma mulher desconhecida, sendo que a receptora é preparada com o uso de medicamentos para receber o embrião. A fecundação ocorre in vitro com os espermatozoides do marido e possui uma taxa de sucesso semelhante à obtida com FIV/ICSI.