Trombose na 3ª idade: conheça dúvidas mais frequentes e cuidados com a doença

Idosos são mais acometidos pela trombose, doença que mata uma em cada quatro pessoas no mundo; médica hematologista e professora da Unifesp esclarece questões sobre o tema

São Paulo, 22 de agosto de 2022 – Considerada um problema de saúde global, a trombose ocorre quando há formação de coágulos do sangue, conhecidos como trombos, nas veias ou artérias. Tratando-se de uma enfermidade crescente no mundo todo, profissionais da saúde promovem anualmente, no dia 13 de outubro, o Dia Mundial da Trombose, uma campanha com o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre os perigos dos coágulos. A trombose é uma doença perigosa, que afeta principalmente idosos, mas que pode ser prevenida.

Dayse Maria Lourenço, médica hematologista, professora-doutora da Faculdade de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que há dois tipos de trombose, a venosa e a arterial. “Embora ambas sejam chamadas de trombose, porque correspondem à formação de um coágulo dentro dos vasos, essas tromboses têm formação, origens e causas diferentes, então elas funcionam como doenças diferentes”, explica.

A trombose venosa ocorre, principalmente, nas veias internas das pernas, causando dor e inchaço dos membros. Esse coágulo pode se espalhar para a circulação pulmonar, levando a uma das principais complicações da doença, a embolia pulmonar, uma doença que que causa lesão grave nos pulmões e pode ser fatal. A trombose venosa das pernas é caracterizada por sintomas como dor e inchaço dos membros. E a embolia pulmonar é suspeitada pela ocorrência de dor no peito e falta de ar.

Já as tromboses arteriais normalmente se formam nos próprios órgãos. “As tromboses arteriais mais conhecidas são o infarto do miocárdio (trombose da coronária) e o AVC (acidente vascular cerebral, também conhecido popularmente como ‘derrame’) que se constitui numa trombose das artérias cerebrais”, diz dra. Dayse.

Uma vez que os sintomas apareçam, é fundamental buscar ajuda médica o mais rápido possível, pois o quanto antes for tratada, melhor o prognóstico do paciente. No entanto, é possível se prevenir contra a doença ao implementar medidas como a adoção de um bom estilo de vida e alimentação saudável. A médica também indica evitar maus hábitos, como o tabagismo e o ganho de peso excessivo. Além disso, dra. Dayse afirma ser importante prestar atenção à ocorrência de doenças associadas à trombose arterial, como colesterol alto e diabetes.

A especialista em hematologia ressalta que a trombose pode acometer pessoas de todas as idades, porém é mais frequente nos idosos. Segundo ela, o envelhecimento favorece a ocorrência de trombose, tanto venosa quanto arterial. “Algumas situações que são inerentes ao indivíduo mais idoso favorecem a ocorrência de trombose, além da própria idade”, explica. Dra. Dayse destaca fatores como a imobilidade, sedentarismo e dificuldades de mobilidade e ortopédicas, comuns em pessoas da terceira idade.

Além disso, pode ser mais difícil perceber os sintomas de trombose no caso de idosos dependentes ou acamados, especialmente se o paciente não consegue viabilizar a dor. Por isso, a médica recomenda que idosos e seus acompanhantes fiquem atentos à falta de ar, desconforto respiratório e à diferença de diâmetro de um membro em relação ao outro, devido a um possível inchaço causado pela doença.

Por fim, o tratamento de trombose em idosos também requer cuidados especiais. De acordo com dra. Dayse, após a confirmação do quadro clínico, o paciente deve receber medicamentos anticoagulantes, sempre com acompanhamento médico. O profissional deve se tentar ao risco de sangramento que acompanha o uso dos medicamentos. “Isso deve ser sempre monitorado, bem como a função renal. Deve-se prestar atenção às doenças que podem facilitar o sangramento devido ao uso do anticoagulante”, conclui a médica e professora.

Sobre o Dia Mundial da Trombose

No dia 13 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consciência sobre a trombose entre profissionais da saúde, pacientes e entidades do governo e do terceiro setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afecção todos os dias. Em âmbito global, a campanha desta efeméride é liderada pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (SITH) e, no Brasil, por entidades médicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse https://www.worldthrombosisday.org/ e também o site da SBTH: https://www.sbth.org.br/.

Milton Rizzato

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