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Jornada de trabalho com quatro dias semanais já é realidade

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Empresas do mundo inteiro colhem os benefícios dessa mudança, que exige planejamento e soluções criativas

Trabalhar quatro dias na semana já é uma realidade para alguns países como Japão, Islândia e Emirados Árabes Unidos. A razão dessa mudança, que promete mudar o formato de trabalho no mundo inteiro, inclusive no Brasil, já era algo levado em consideração antes mesmo do acometimento da pandemia, uma vez que estudos realizados em algumas empresas já apontavam uma porcentagem significativa de baixo rendimento e procrastinação entre os colaboradores com jornadas de trabalho de 40 horas semanais.

Estudo realizado na empresa de softwares Workfront, nos Estados Unidos, em 2016, apontou que os funcionários tinham um aproveitamento de apenas 39% das horas trabalhadas, sendo que o restante (61%) acabavam em procrastinação. Para o consultor de carreira e negócios da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, a procrastinação é algo comum, principalmente na rotina da vida moderna, portanto pensar em alternativas que melhorem a produtividade é o melhor caminho. “Apostar numa modalidade de trabalho com quatro dias na semana pode apresentar benefícios como uma maior retenção de talentos, combate a problemas de saúde mental, menos procrastinação e equipes mais eficientes”.

Além dos benefícios para o colaborador, um escritório que funcione menos dias no mês pode também apresentar uma economia nos recursos administrativos. Foi o que apontou um teste feito em 2019, na Microsoft do Japão, que percebeu uma grande redução nos gastos administrativos como papel e energia, ao oferecer três dias de folga aos seus funcionários. O mesmo experimento indicou que os funcionários ficaram mais felizes e 40% mais produtivos com a medida. “O mundo mudou e as pessoas também, então por que não pensar em alternativas que possam melhorar a maneira como vivemos? É claro que a implantação de algo dessa magnitude precisa de um planejamento muito criterioso por parte das empresas”, conta Weiler.

Panorama atual

Já em 2014 grandes empresários, integrantes do ranking de bilionários da FORBES, como Carlos Slim (AT&T, Net, Embratel, Telmex, etc) e Larry Page (GOOGLE) já defendiam jornadas de quatro dias semanais ou quatro horas diárias de trabalho, respectivamente.

A Islândia foi o primeiro país a discutir o assunto, e entre os anos de 2015 e 2019 conduziu um experimento com 1% da população, que passou a trabalhar em escala 4×3. Com a obtenção de resultados positivos, o modelo foi implementado de forma permanente, sem alteração salarial. Os Emirados Árabes Unidos, começou o ano de 2022 como a primeira nação do mundo a adotar uma jornada semanal de quatro dias. Entidades locais e do governo já operam com essa jornada, sendo que o final de semana começa ao meio-dia de sexta-feira, terminando no domingo. Já na Espanha, o governo concordou em testar a jornada de 32 horas ao longo de três anos, sem corte na remuneração.

No Brasil algumas empresas de tecnologia já adotaram a jornada de quatro dias, como a Crawly, Nova-Haus, Winnin, AAA inovação, Gerencianet e Eva, porém não há ainda nenhuma consolidação com relação a lei e forma de funcionamento. “Existem muitas dúvidas sobre o funcionamento dessa jornada e também quanto aos direitos dos trabalhadores, ajustes em processos, adequação de tecnologias, mensuração de resultados, mas nada impede que testes sejam feitos, até mesmo para verificar a adequação a cada modelo de negócios. Seguramente nem todos são passíveis de adoção automática e alguns, inclusive, com grandes desafios. É realmente uma mudança forte de paradigmas, mas que pode ser viável e, em muitos casos, necessária e benéfica. Um bom exemplo foi a mudança ocorrida em 1926, quando Ford instituiu a redução das jornadas de trabalho para 40 horas. Naquela época foi uma grande revolução, que trouxe mais produtividade e qualidade de vida aos trabalhadores, por que não repensar no que é feito hoje em dia? Seria um caminho para manter bons resultados organizacionais e reduzir parte dos desdobramentos negativos como ansiedade, estresse e burnout, que hoje afetam parte significativa de colaboradores e gestores?”, finaliza.

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