Apenas 14% dos membros de conselhos de administração são mulheres, aponta pesquisa

Buscar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e ter uma gestão baseada na ética e integridade são essenciais para uma boa governança corporativa (Foto: Rick Nogueira).

Além de serem a minoria, ainda falta diversidade de raça, orientação sexual e faixas etárias entre as mulheres que ocupam as cadeiras de conselhos pelo país.

Segundo a pesquisa Brasil Board Index 2021, realizada pela empresa de consultoria Spencer Stuart, as mulheres ocupam apenas 14,3% das cadeiras dos Conselhos de Administração no Brasil. Em 2020 eram 11,5%. Os dados mostram também que 65% dos conselhos têm ao menos uma mulher em sua formação, cujo índice em 2020 era de 57%.

O mapeamento foi realizado com 211 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em segmentos diferentes de governança corporativa, sendo 164 empresas do Novo Mercado; 21 empresas do Nível 2, e 26 empresas do Nível 1. 

O tema foi abordado no 3º Encontro do Programa + Mulheres na Governança, realizado pelo Grupo Mulheres Executivas (MEX) e a Lapidus Network. O evento reuniu 50 mulheres líderes para discutir e aprofundar o tema Círculo da Propriedade, de John Davis.

Segundo o especialista em recrutamento de executivas e conselheiras na EXEC, André Freire, o primeiro passo para aumentar o número de mulheres em conselhos e em cargos de governança é entender os motivos dessa disparidade. “Segundo pesquisa realizada pela Exec, alguns motivos que levam a isso são a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a falta de modelos e o preconceito inconsciente.”  explica André.

Buscar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e ter uma gestão baseada na ética e integridade são essenciais para uma boa governança corporativa, é o que destaca a membra no Fórum das Empresas Familiares no IBGC/SP e coordenadora do Fórum dos Empresários no Vale do Taquari/RS, Camile Bertolini Di Giglio, que também palestrou no encontro. “As mulheres podem escolher e buscar ser aquilo quiserem ser. Eu sempre sonhei em ser uma executiva na época que fazia faculdade. Na época, não pensava em casamento e em ser mãe. Hoje, sou mãe e já faz anos que eu sonho em ser uma conselheira. A maternidade nos traz uma amplitude de possibilidades e faz com que a gente abra o nosso radar e a nossa cabeça para diferentes oportunidades”, conta.

Para isso, é necessário ter bom senso na hora de tomar decisões difíceis em diferentes momentos. “Quando a gente começa a desenvolver governança, começamos a mexer com família, propriedade, dinheiro. A cartilha do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) fala que é uma tríade, que tem amor envolvido, mas também tem uma questão de dinheiro muito forte e às vezes a gente acaba se corrompendo por causa dessas questões”, acrescenta Camile.

Freire, cuja empresa contrata até quatro vezes mais mulheres para cargos de liderança e governança que o mercado, acrescenta que o número menor de mulheres na governança e conselhos se deve pelas dificuldades das aspirações femininas. “O homem vai e pede para ser promovido, já a mulher, muitas vezes, espera para ser promovida e acaba não acontecendo. As mulheres têm muito aquele questionamento  ‘puxa eu não estou pronta ou será que eu vou dar conta?”, contextualiza.

Por último, André destaca que as trajetórias de carreira são pouco claras. “Para virar uma conselheira quais são as preparações? Tenho que fazer curso? Como que eu vou para o mercado de trabalho? Como preparo o material? Qual tipo de divulgação tenho que ter para o meu perfil? Quais as soft e hard skills que o mercado está procurando? Essas são algumas questões que permeiam a cabeça das mulheres quando o assunto é assumir cargos de liderança e conselhos”, enfatiza Freire.

Diversidade nos conselhos

Além de serem a minoria, ainda falta diversidade entre as mulheres que ocupam as cadeiras de conselhos pelo país. Segundo o estudo “Retrato da Conselheira no Brasil”, publicado pelo Women Corporate Directors (WCD), de modo geral as mulheres que ocupam a função são brancas (97%), entre 51 e 60 anos (45%), mães (82%), cisgêneros (88%), heterossexuais (98%) e residentes no Estado de São Paulo (74%).

Camile, que também é sócia-diretora e conselheira na Gota Limpa e terceira geração na administração da empresa familiar, conta que a principal barreira que enfrentou em sua carreira foi interna e vinda de seu pai. “Superar essa barreira me fez tomar um rumo onde tudo foi possível. Quando fui convidada a participar dos conselhos, entendi que eram sempre dois pesos: a questão de gênero e a questão de idade, porque a gente via há muito tempo conselhos muito mais maduros. Me lembro que sempre conversava com conselheiros externos e eles me diziam que eu ia precisar ter mais cabelo branco”, afirma Camile. 

Para aumentar a diversidade nas empresas com capital aberto, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) quer exigir que as companhias cumpram uma meta de inclusão de mulheres e integrantes de grupos como negros, trabalhadores LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, em conselhos e diretorias. Se a norma for aprovada, o prazo para cumprimento é até 2026. As empresas que descumprirem poderão sofrer consequências, inclusive abertura de um processo para a deslistagem.

Para que haja ampliação e fortalecimento das mulheres em cargos de governança corporativa e conselhos administrativos é necessária uma estruturação de ambiente que gere essa possibilidade com regras que viabilizem isso acontecer. O Programa + Mulheres na Governança, por exemplo, busca incentivar essa inserção e participação das mulheres. A advogada e conselheira Melina Lobo é de Goiânia e uma vez por mês viaja para Curitiba para participar dos encontros promovidos pelo MEX. “O conhecimento adquirido com as palestras faz a gente se conscientizar da nossa própria liderança, do nosso próprio poder de decisão. Venho aqui aprender para replicar o modelo em Goiás”, conta.

Segundo a diretora da Lapidus Network, Regina Arns, o Programa + Mulheres na Governança é um incentivo para as mulheres buscarem autoconhecimento, além de fortalecer a participação das mulheres no mercado de trabalho. “O maior desafio do ser humano é vencer a sua própria credibilidade. As palestras que estão sendo realizadas são baseadas em uma metodologia e trazem conhecimento e conteúdos relevantes para organizar a experiência das participantes. Além disso, os encontros têm nos permitido interações e fortalecimento de network. Estamos aprendendo umas com as outras”, enfatiza.

Instrumentos de governança

Governança corporativa é o método destinado a empresas e demais organizações e diz respeito a direção, monitoramento e incentivo. Esse processo envolve os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. A governança corporativa é um sistema necessário e eficaz para empresas de todos os portes. Mas, para que a implantação desse processo seja feita de forma efetiva e correta, são necessários alguns instrumentos.

“É necessária uma estrutura mínima, passando por uma estruturação societária,  planejamento tributário e sucessório para chegar a um ambiente considerado adequado para a governança corporativa, para que ela prospere e possa ser praticada”, afirma o advogado Cristiano Roveda.

Impossível praticar a governança em empresas desestruturadas que não estejam preparadas para utilizar ferramentas alinhadas em termos de governança. “Uma dica é seguir a cartilha do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que traz alguns conceitos e boas práticas que são preconizadas para o cliente. É basicamente um roteiro para implantação desse processo”, finaliza Roveda.  

Sobre a Lapidus Network

Com 20 anos no mercado, a Lapidus Network é uma empresa especializada em gestão estratégica e educação executiva. Seu foco é a disseminação de conhecimento sobre estratégias de negócios associado a um networking diferenciado. Suas iniciativas oferecem soluções relevantes e personalizadas para o desenvolvimento de organizações e lideranças com foco no estratégico, no resultado, na produtividade, na qualidade e em inovação, um trabalho valorizado por executivos e executivas das mais importantes empresas do país. Mais informações em: www.lapidusnetwork.com.br    

Sobre o MEX

O MEX Brasil – Espaço Mulheres Executivas foi criado em 2006, vinculado à Lapidus, visando criar um ambiente de interação e troca de networking que ampliasse o debate sobre a participação feminina no ambiente corporativo. Com o passar dos anos o movimento se fortaleceu e consolidou-se com a formação de uma aliança empresarial pelo desenvolvimento da mulher, que se reúne em encontros mensais com a participação de executivas e empreendedoras em cargos de gestão de pequenas, médias e grandes empresas. O espaço promove o desenvolvimento pessoal e profissional das participantes, estimulando o fomento de negócios e o fortalecimento das relações empresariais. Mais informações em: www.espacomulheresexecutivas.com

 

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