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Brasil passa a contar com registros próprios de trombose venosa

Atualmente, comunidade científica e médicos fazem uso de registros estrangeiros da enfermidade; iniciativa da SBTH e Unicamp, com apoio da Fapesp, deve acompanhar casos sob risco elevado ou já com o diagnóstico de doença em adultos com trombose venosa aguda, crianças hospitalizadas e pacientes com câncer ativo

trombose
Imagem de Narupon Promvichai por Pixabay

Na semana em que o Brasil comemora o Bicentenário da Independência, a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH), o Hemocentro da Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) se uniram e anunciam o início oficial do Centro de Doenças Tromboembólicas (CDT) do Hemocentro da Unicamp. O CDT tem como missão estabelecer registros brasileiros de trombose venosa, os primeiros do gênero no País.

“Atualmente, não dispomos de dados epidemiológicos robustos sobre trombose venosa na população brasileira e muitas das estratégias em relação à política pública são baseadas em dados ‘importados’ de outros países, que têm perfis étnicos e socioeconômicos diferentes. Além disso, com os registros brasileiros de trombose venosa, o País poderá conhecer o custo do tratamento desta doença, o que será um grande avanço sobre o melhor custo-benefício no Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Joyce M. Annichino, médica hematologista, professora e coordenadora da área clínica e laboratorial de Doenças Tromboembólicas do Hemocentro da Unicamp, vice-presidente da SBTH e uma das especialistas porta-vozes do Dia Mundial de Trombose, no Brasil.

Para a concretização do projeto, que conta com aportes da Fapesp e da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp no montante de R$ 4 milhões ao longo de cinco anos, os três parceiros constituíram uma rede formada por 14 hospitais, instituições de ensino superior e profissionais de saúde de seis municípios paulistas, para desenvolver três grandes registros de trombose venosa, incluindo crianças hospitalizadas, pacientes com câncer e casos agudos da doença. A iniciativa também tem apoio das indústrias farmacêutica e de meias elásticas, de empresas de diagnóstico laboratorial em hemostasia e de uma startup em biomateriais.

Inicialmente com abrangência no estado de São Paulo, nos municípios de Barretos, Botucatu, Campinas, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Paulo, com a observação de mais de 10 mil pacientes, estes parceiros ligados por meio do CDT promoverão o desenvolvimento e acompanhamento de três registros prospectivos observacionais de 1 mil pacientes com trombose venosa aguda, durante 24 meses, em nove hospitais de cinco cidades; 15 mil internações de crianças hospitalizadas sob risco de trombose venosa, ao longo de 12 meses, em dez centros hospitalares de seis municípios; e mil pacientes com câncer, uma condição com elevado risco de trombose venosa, durante um ano, em dez hospitais de seis cidades paulistas.

Os centros hospitalares participantes do projeto inédito de registros observacionais de trombose venosa no Brasil são o Hospital das Clínicas-Unicamp, o Hemocentro-Unicamp, o CAISM-Unicamp, o Hospital da PUC-Campinas, o Hospital Dr. Domingos Boldrini, todos em Campinas; o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina-Unesp, em Botucatu; o Hospital de Base da Fundação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto; o Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch-M‘Boi Mirim, o Hospital Municipal da Vila Santa Catarina, o Hospital Santa Marcelina de Itaquera, o Hospital das Clínicas-USP, o Hospital Universitário-Unifesp, todos eles na capital paulista; o Hospital de Amor, em Barretos; e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto.

Como parte de análise dos dados dos primeiros registros observacionais de trombose venosa no Brasil, o CDT em parceria com a Faculdade de Engenharia Química, utilizando análises de inteligência artificial, pretende desenvolver escores de predição de recorrência de trombose, de síndrome pós-trombótica (SPT) e óbito na trombose venosa profunda (TVP) aguda; escores de predição de tromboembolismo venoso (TEV) e óbito em pacientes com câncer; e escores de predição de TEV em crianças hospitalizadas.

Segundo a professora-doutora Joyce M. Annichino, o CDT também constituirá um biobanco com amostras biológicas para estudos futuros sobre tromboses, atuará no desenvolvimento conjunto de aplicativos para conduta na TVP, promoverá cursos educacionais para população em geral e pacientes e, para profissionais da saúde, aportará um laboratório de controle de qualidade externa para hemostasia.

Sobre o Dia Mundial da Trombose

No dia 13 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Trombose, que tem como objetivo aumentar a consciência sobre a trombose entre profissionais da saúde, pacientes e entidades do governo e do terceiro setor. No entanto, devemos estar em alerta para essa afecção todos os dias. Em âmbito global, a campanha desta efeméride é liderada pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (SITH) e, no Brasil, por entidades médicas, entre as quais se destaca a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). Para saber mais, acesse Link e também o site da SBTH: Link.

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