Segundo especialista, a gravidez no período do climatério é mais difícil e pode trazer riscos para a mãe e o bebê
Na busca de estabilidade financeira e emocional, muitas mulheres no Brasil adiam a maternidade em comparação com as gerações anteriores. De 1998 a 2017 cresceu em 50% o número de mulheres que tiveram filhos entre 40 e 44 anos, de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde (SINASC). Mesmo com o avanço da tecnologia na medicina obstétrica é preciso ficar atento ao risco que envolve uma gravidez no período do climatério, que antecede a menopausa.
Nos últimos anos ficou mais comum que mulheres com mais de 35 anos ainda estejam na primeira gestação ou planejando este momento. Isso se deve ao fato da necessidade crescente de construir uma carreira, encontrar um bom parceiro e ter uma estabilidade financeira. Com o avanço da medicina em processos de reprodução assistida este cenário se tornou mais visível entre os médicos da área, e gerou uma preocupação relacionada à saúde das mulheres durante a gestação.
O obstetra do Hospital Santa Cruz e especialista em técnicas de reprodução assistida, Gustavo Wandresen (CRM-PR 22.911, RQE 28.304), aponta que após os 35 anos cresce a ocorrência de complicações na gestação, como pressão alta, diabetes gestacional e partos prematuros. “Além disso, devido ao fato das mulheres não produzirem novos óvulos durante a vida, a taxa de abortamentos e risco de alterações genéticas, chamadas aneuploidias, aumentam significativamente após os 40 anos de idade”, relata ao mencionar a Síndrome de Down, causada pela trissomia do cromossomo 21 e relacionada à queda da qualidade dos óvulos com o passar da idade da mulher, “vai de 1 caso em cada 625 nascimentos aos 35 anos, para 1 caso a cada 30 nascimentos aos 45 anos”, afirma o especialista.
Recentemente a atriz Cláudia Raia anunciou uma gravidez natural aos 55 anos, após tentar uma fertilização in vitro não sucedida, a atriz comentou que foi alertada por sua médica que havia voltado a ovular após o tratamento. Para o médico Wandresen a chance de uma gravidez nessas condições é inferior a 1%. “Se as ovulações não ocorrem mais, uma gravidez é muito pouco provável. Alguns casos raros podem ocorrer, pois na menopausa, o corpo da mulher continua enviando sinais hormonais aos ovários para liberar óvulos. Diante disso, pode acontecer uma ovulação isolada e a gravidez ocorrer”, neste sentido, o especialista relata que as técnicas de Reprodução Assistida têm auxiliado em casos semelhantes de mulheres que desejam engravidar após o período natural de fertilidade.
Gustavo Wandresen conta que, apesar dos riscos associados, é comum que mulheres acima dos 40 anos procurem ajuda para engravidar a partir de fertilização artificial. Mas mesmo nestes casos, há um limite: no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta que as técnicas de reprodução assistida sejam utilizadas para mulheres com até 50 anos. Já o Comitê de Ética da Sociedade Americana de Reprodução Assistida desaconselha tratamentos envolvendo óvulos doados em pacientes com 55 anos ou mais, mesmo que eles não tenham problemas de saúde. Tal orientação é justificada em virtude dos riscos à mãe e ao feto, questões ligadas à longevidade e suporte psicossocial adequado para a criação.
De acordo com o médico, mesmo que seja clinicamente possível engravidar naturalmente após os 50 anos, este é um fenômeno raríssimo que não deve ser esperado pelas mulheres nesta faixa etária que desejam gestar: “Hoje, em teoria, a medicina e a ciência permitem que mulheres possam engravidar em qualquer idade, tal como o caso da atriz Claudia Raia, e da indiana Erramatti Mangayamma, que deu à luz à gêmeas aos 74 anos, em 2019, após um tratamento de fertilização in vitro por óvulos doados. Embora casos assim possam acontecer, é preciso lembrar que estas situações são um ponto fora da curva. No geral, gestações nessa faixa etária são de alto risco, com chances elevadas de complicações para a mãe e para o bebê”.
Em todos os casos, seja diante do desejo de uma gestação natural ou por reprodução assistida, mulheres no climatério precisam procurar um médico especialista para buscar orientações adequadas sobre uma possível gravidez neste período.
Sobre o Hospital Santa Cruz
Fundado em 1966, o Hospital Santa Cruz está localizado no bairro Batel, em Curitiba (PR), e, desde junho de 2020, é unidade integrante da Rede D’Or São Luiz – maior rede de hospitais privados do país com atuação no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão, Bahia, Sergipe e Paraná. O Hospital Santa Cruz é considerado um centro de alta complexidade no atendimento das áreas de Oncologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Neurologia, Ortopedia, Pronto-Atendimento e Maternidade. Com estrutura e equipe multidisciplinares, equipamentos de última geração e um moderno centro cirúrgico, oferece cuidado de alta qualidade centrado no paciente, segurança assistencial e humanização do atendimento. É reconhecido com o selo de Acreditação com Excelência Nível III, entregue pela ONA, sendo a instituição acreditada nesta categoria por mais tempo no Estado. Mais informações em www.hospitalsantacruz.com.
Sobre a Rede D’Or São Luiz
Fundada em 1977, a Rede D’Or São Luiz é a maior rede privada de cuidados integrados em saúde do Brasil. O grupo conta atualmente com 69 hospitais e marca presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Sergipe, Ceará e Bahia. São cerca de 9 mil leitos operacionais, 60 mil colaboradores e 87 mil médicos credenciados, que realizaram aproximadamente de 2,7 milhões de atendimentos de emergência, 256 mil cirurgias, 39,8 mil partos e 523 mil internações nos últimos 12 meses.