No Mês das Crianças, especialista dá dicas de como cuidar da saúde dos pequenos.
Curitiba, outubro de 2022 – Cerca de 6,4 milhões de crianças estão acima do peso no Brasil. É o que estima uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde em 2019. A situação se agravou durante a pandemia do coronavírus: um levantamento, realizado em julho de 2021 em pacientes de Curitiba (PR) com idade entre 0 e 19 anos, registrou aumento no colesterol em crianças e adolescentes durante o período de isolamento. Realizada pelo laboratório Frischmann Aisengart, que pertencente à Dasa, a maior rede de saúde integrada do país, a pesquisa foi liderada pela endocrinologista pediatra Dra. Myrna Campagnoli e apontou uma elevação de 28,52% para 33,26% nos resultados de exames que registram um nível de gordura superior ao desejado para esse grupo de pacientes.
“O aumento nos casos de sobrepeso e de alto índice de gordura em crianças e adolescentes nos últimos anos tem preocupado autoridades, já que a predominância da obesidade infantil eleva o risco de desenvolvimento de diversas doenças na idade adulta, inclusive aquelas que mais matam: as doenças cardiovasculares”, explica Dra. Myrna, que também é diretora médica do Frischmann. Além disso, segundo informações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde, a obesidade infantojuvenil aumenta em cinco vezes a probabilidade de obesidade na vida adulta. Diante desta realidade, é importante conscientizar a população sobre os cuidados com a saúde e combater o sobrepeso e a dislipidemia em crianças, principalmente quando há alterações nos exames de rotina.
O que é dislipidemia?
A dislipidemia é caracterizada por alterações nas concentrações sanguíneas de triglicerídeos, colesterol total, lipoproteínas de alta densidade (HDL), lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL). Em crianças, é mais comum observar um aumento no colesterol total isolado e níveis altos de LDL. “Essas alterações podem ser fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes melittus e aterosclerose infantil”, esclarece a médica.
“As principais causas para essas alterações no sangue são: fatores genéticos; dietas ricas em açúcares, gorduras e produtos industrializados; vida sedentária e hábitos presentes na vida adulta como consumo de álcool e tabaco”, continua. Crianças que vivem com doenças autoimunes e hipotireoidismo também estão aptas a terem níveis lipídicos no sangue mais altos que o normal.
Quando se preocupar com sobrepeso em crianças e adolescentes?
“A preocupação com o peso das crianças deve acontecer desde os primeiros dias de vida”, é o que afirma a dra. Myrna. É importante uma alimentação adequada do lactente, com leite materno e complementos só quando for realmente necessário; uma transição alimentar e introdução de alimentos de forma adequada; com orientações às crianças a aceitarem sabores e texturas novas de alimentos, por exemplo. Além disso, os pais e responsáveis devem ficar atentos a alguns sinais considerados de alerta quando se trata de sobrepeso infantil. “Crianças que se cansam rapidamente e possuem baixo condicionamento físico podem estar com excesso de peso. O acúmulo de gordura localizada também pode ser sinal de problemas relacionados à obesidade”, explica. Segundo a especialista, a atenção a esses sinais deve ser redobrada se a criança não possuir hábitos alimentares saudáveis e se tiver uma rotina sedentária.
Principais exames para avaliação lipídica das crianças e adolescentes
O lipidograma, ou perfil lipídico, é um exame que mapeia a quantidade de LDL, HDL, VLDL, triglicerídeos e colesterol total no sangue. Caso estejam com níveis alterados, o paciente pode correr o risco de desenvolver doenças cardiovasculares relacionadas ao sobrepeso. Com o resultado do exame, é possível avaliar o tratamento mais adequado para evitar o desenvolvimento de problemas mais graves. “A análise de colesterol não é indicada para menores de dois anos a não ser que haja histórico familiar de dislipidemia genética”, esclarece.
O hemograma é um dos principais exames de sangue e tem como objetivo avaliar as células que fazem parte do sistema sanguíneo do paciente. Ele analisa informações específicas dos glóbulos brancos (leucócitos), glóbulos vermelhos (hemácias) e plaquetas (coagulação). Entre as doenças que um hemograma completo pode auxiliar no diagnostico estão: anemia, leucemia, infecções virais e bacterianas e alergias. Números alterados no hemograma podem ser sinal de que há algum problema e devem ser investigados.
Vale destacar que todos esses exames devem ser solicitados pelo médico de confiança da família como resultado de consultas rotineiras de saúde. Eles estão disponíveis nas unidades do Frischmann Aisengart na Região Metropolitana de Curitiba e pelo atendimento móvel, no qual uma equipe do laboratório vai até a casa do paciente para a coleta.
Como evitar?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca seis eixos para combater a obesidade infantil:
- Promover o consumo de alimentos saudáveis;
- Promover atividade física;
- Cuidados na pré-concepção e pré-natal;
- Alimentação saudável e atividade física na primeira infância;
- Saúde, nutrição e atividade física para crianças em idade escolar; e
- Manutenção do peso.
A dra. Myrna Campagnoli ainda destaca mais dois aspectos: “prestar atenção na alimentação da família e reduzir o tempo de telas das crianças e adolescentes também são maneiras de promover uma vida mais saudável e evitar o sobrepeso e alterações no sangue do público infantojuvenil”, finaliza.