Luiza Leite Ferreira explora dissonâncias da vida urbana em livro de estreia

“Não tem silêncio na minha poesia. É na cacofonia que eu me escuto”. É assim que Luiza Leite Ferreira tenta definir sua poética. São versos do poema “Escudo” que acabaram dando nome ao seu livro de estreia “É na cacofonia que eu me escuto”, publicado pela editora Caravana e que apresenta uma autora com voz inquieta e que reflete o seu ambiente. Nascida em São Luís (MA), mas criada em Niterói (RJ), Luiza usa o eco do mar, batendo com força em meio à frieza urbana, como uma orquestra dissonante de barulhos que se misturam: ondas, carros, bicicletas, amores, desamores, ansiedades e desilusões. É o reflexo de uma geração que não consegue mais conviver com a falta de estímulos.

 

Este é o seu primeiro livro publicado, mas um marco de uma vida envolta por literatura. Luiza Leite Ferreira começou a escrever cedo, incentivada pela mãe e pelos concursos de poesia da escola montessoriana em que estudou. Cresceu preenchendo diários, cadernos e blogs com poesias e pensamentos, criando histórias e personagens e alimentando sonhos e expectativas de seguir carreira literária. Em 2008, aos 18 anos, recebeu menção honrosa no VII Concurso Municipal de Conto de Niterói com o texto “Fuga”, que marcou sua primeira publicação editorial.

 

Em 2017, já atuando como tradutora após se formar em jornalismo, Luiza foi convidada a integrar e organizar a antologia de contos “Debaixo do mesmo céu” (Numa) por André Diniz, escritor e então presidente da Fundação de Arte de Niterói. O livro foi lançado em novembro de 2020, sem eventos presenciais.

 

Foi durante a pandemia e após uma série de decepções amorosas que Luiza voltou a encontrar refúgio na escrita, mas também a encarar o ofício com mais profissionalismo.  Passou a acompanhar periódicos de poesia e novos autores, sobretudo mulheres. Integrou dois coletivos de escritores, a Fazia Poesia e o Coletivo Escreviventes, passou a publicar textos com mais frequência em seu blog e em revistas literárias e a trocar experiências com outros escritores. Revisitou cadernos antigos, escreveu um poema por dia e fez muitas edições em seus textos, até achar um formato que foi aceito pela Caravana Grupo Editorial.

 

Em um período marcado por incertezas, tristezas e um silenciamento profundo que colocou em suspensão a vida como conhecemos, Luiza consegue em “É na cacofonia que eu me escuto”  dar voz a tudo aquilo que não consegue gritar. Seus poemas versam de lembranças de infância a decepções amorosas, mergulhos profundos a observações do cotidiano, tentando se fazer ouvir em meio ao caos.

 

O livro “É na cacofonia que eu me escuto” está à venda em formato impresso e digital no site da editora: www.caravanagrupoeditorial.com.br.