Linha Preta é uma opção de passeio para apreciar Curitiba do ponto de vista afrocentrado

Linha Preta é uma opção de passeio para apreciar Curitiba do ponto de vista afrocentrado
Foto: João Damas

O que sabemos sobre história e cultura afro-curitibana? Quando se pergunta aos participantes da Linha Preta quais personagens negros e negras da história de Curitiba eles conhecem, ou quais são os fatos mais relevantes da cultura afro-curitibana, as pessoas não encontram referências na memória.

“Isso acontece porque a construção da identidade branca paranaense foi muito competente em esconder alguns fatos e evidenciar outros”, afirma Kandiero, que ao lado de Mel (ambos do Centro Cultural Humaita) conduzem o passeio Linha Preta Curitiba, que terá sua primeira edição de 2023 realizada neste sábado, 21 de janeiro, no Centro da capital paranaense, apresentando a presença negra em pontos da cidade, com relatos de sua importância histórica.

Em uma caminhada leve e divertida, o passeio percorre um quilômetro em cerca de três horas (das 9h às12h) e está com inscrições abertas, com investimento de R$ 40 por pessoa. Pesquisadores e curioso das lutas anti-racistas terão a oportunidade de conhecer mais sobre o assunto e romper o consenso da invisibilidade e a visibilidade do consenso. “Se queremos aprender a respeitar, precisamos conhecer as histórias invisibilizadas da nossa capital”, aponta Mel.

Africanos e africanas presentes no Paraná

Por que a primeira imagem de Curitiba traz um homem negro em primeiro plano, nas Ruínas de São Francisco? O que se sabe sobre a antiga Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito? Quem é a belíssima mulher negra esculpida em bronze, atrás das Arcadas do Pelourinho? Muitas pessoas não sabem responder, mas estas perguntas serão elucidadas durante a Linha Preta.

Kandieiro relata que aprendemos na escola uma narrativa oficial “europeia, branca, moderna e superior”, do final do século XIX, mas os fatos não corroboram esta versão. “Africanos e africanas estão presentes em nosso território, contribuindo com tecnologias e conhecimentos milenares desde a fundação das primeiras vilas. A capital, assim como todos os municípios do Paraná tradicional, está repleta de marcas afro-curitibanas”, afirma. “Diversos fatos e curiosidades contrariam a narrativa eugenista de branqueamento da nossa identidade”, completa.

Mel e Kandiero, do Centro Cultural Humaita, se debruçam sobre o tema desde 2006, e conduzem o passeio Linha Preta Curitiba compartilhando algumas narrativas que vão surpreender os participantes.

História e cultura afro na prática

Em 09 janeiro de 2023 são celebrados os 20 anos da Lei 10.639/03 (sobre a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”). Muito já foi descoberto e divulgado, mas ainda há mais perguntas do que respostas. A data do próximo passeio, em 21 de janeiro (sábado), marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e Dia das Religiões. “Este é um importante momento para dar visibilidade à luta pelo respeito e pelo diálogo, afinal a religiosidade foi a primeira forma de organização do povo negro em território brasileiro e, em Curitiba, não foi diferente. Existe um motivo pelo qual aprendemos tão pouco sobre as contribuições positivas de homens e mulheres africanos e afrodescendentes”, relata Kandiero.

O passeio Linha Preta, no centro histórico de Curitiba, é uma oportunidade para conhecer algumas narrativas (que muitos não tiveram conhecimento) sobre a presença negra e a cultura afro no Paraná. <rodrigojduarte@gmail.com>

Serviço:

Passeio Linha Preta Curitiba

Data: sábado, 21 de janeiro de 2023.

Horário: das 9h ao meio-dia.

Ministrantes: Mel e Kandiero

Investimento: R$ 40

Formulário de inscrição: https://bit.ly/InscriçãoLinhaPreta

Instagram: @linhapreta.curitiba

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