Estratégia exige trabalho colaborativo em todas as áreas; iniciativas de logística reversa e foco em aterro zero ganham cada vez mais espaço e engajam colaboradores
A urgência de se construir uma consciência coletiva ambiental fez com que o tema sustentabilidade deixasse de ser um conceito abstrato e restrito a algumas áreas para se tornar uma prática de larga escala nas corporações. Muitas são as ações e frentes de ataque que precisam ser colocadas em prática para que uma empresa se torne, de fato, sustentável. E essas estratégias passam a prever cada vez mais o chamado “efeito dominó”, em que a inclusão de metas nesse contexto para gestores levam ao engajamento de todos os colaboradores da cadeia. São diretores de RH, comunicação, jurídico e tantas outras áreas que passam a perceber que boas práticas ambientais precisam estar presentes no dia a dia de seus times.
Apostando nessa linha colaborativa, o Grupo Marista, que reúne hospitais, colégios, universidade e editora, passou a implantar estratégias focando não apenas no engajamento como também na multiplicidade de visões de todos os integrantes em cada unidade de negócio. “O objetivo é ampliar cada vez mais nosso papel, de forma a potencializar o resultado de nosso trabalho para uma sociedade ainda mais sustentável”, afirma a diretora de Marketing e Experiência, Amanda Di Nardo Fruehling.
Um dos focos da organização é a gestão de resíduos. Desde 2021, o tema passou a ser tratado como prioridade na agenda ESG da empresa, com a criação de metas globais que envolvem programas de logística reversa, reaproveitamento de materiais e redução no desperdício de alimentos. O Grupo faz o gerenciamento descentralizado dessas metas. E cada unidade é responsável por melhorar seu desempenho ambiental, atendendo aos requisitos legais do tipo de negócio e às políticas e normas internas de cada espaço.
O diretor de Serviços Corporativos do Grupo, Alexandre Olim, explica que os gestores ficam responsáveis pelo gerenciamento estratégico e análise das metas de sua área, além de trabalhar para envolver toda a equipe direta para que atue no dia a dia, garantindo que os compromissos assumidos sejam alcançados. “Em paralelo, fazemos o acompanhamento desse trabalho com reuniões constantes, em que são analisadas soluções que possam virar projetos e ações, sempre com equipes multidisciplinares. Não é um assunto para ser restrito a uma área, o engajamento colaborativo de todos é fundamental”, explica Olim. O diretor acrescenta que os fornecedores também estão envolvidos nessa pauta. “Estamos sempre buscando parcerias, soluções técnicas e materiais aderentes que possam gerar menor impacto ao meio ambiente”, destaca.
Engajamento gera resultados
O comprometimento de todos vem trazendo resultados significativos. O projeto Desperdício Zero, realizado nos restaurantes dos hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, e no bistrô da PUCPR, localizados na cidade de Curitiba (PR), tem como objetivo conscientizar sobre o impacto do desperdício de alimentos durante as refeições. Além da conscientização junto a quem utiliza os restaurantes, também são realizadas ações de orientação da equipe da cozinha sobre o descarte correto dos resíduos, com inspeções mensais para a validação do processo adequado.
Com relação ao descarte de materiais, outros projetos também se destacam. Nos hospitais do Grupo, mais de 2,5 toneladas de enxovais hospitalares deixaram de seguir para os aterros para se transformar em matéria-prima para cobertores e revestimento automotivo. Também na contramão do aterro sanitário, desde 2019, nas cozinhas dos hospitais, mais de 1,3 mil esponjas usadas já foram destinadas para a reciclagem, sendo transformadas em resina plástica e aproveitadas para a produção de lixeiras. Os projetos vêm se multiplicando e refletindo nos números positivos das instituições de saúde, mesmo em plena pandemia. No caso do Marcelino Champagnat, a quantidade de materiais reciclados foi 34% maior em 2021 se comparado a 2020, passando de 35 toneladas para 47 toneladas. Já no Hospital Universitário Cajuru, o aumento foi de 60%, com 38 toneladas de materiais passando a ser recicladas no segundo ano da pandemia.
Programas de logística reversa também foram implantados em outras unidades de negócio do Grupo. Na gráfica da Editora FTD mais de 99% dos resíduos gerados foram encaminhados para reciclagem, o que representa 9,7 mil toneladas de materiais que deixaram de ir para os aterros. “O objetivo, agora, é desviar do aterro os resíduos orgânicos gerados na planta, uma vez que há oportunidade de outros usos para esse tipo de material”, explica Olim.
Mudança de cultura
O diretor ressalta que o resultado do Grupo como um todo no alcance das metas estabelecidas está relacionado com o engajamento de todos os colaboradores. “Os gestores recebem a missão de colocar todas as ações em prática mas não conseguiriam atingir as metas sem a adesão das equipes. É um trabalho de sensibilização com o objetivo de gerar em todos uma mudança de cultura que a gente espera que seja um caminho sem volta, consolidando hábitos.”
Para a diretora de Marketing, esse trabalho não tem fim. “É preciso manter um modelo de governança que traga em si um monitoramento constante de todo o ecossistema, com avaliação permanente de indicadores, pontos de atenção e oportunidades. Isso traz bons resultados para a empresa, para o meio ambiente e para a sociedade em geral. Uma vez que você estimula comportamentos que geram impactos positivos, as pessoas envolvidas replicam esses comportamentos em outros contextos de suas vidas”, conclui.