Por que nos acostumamos com guerras e tragédias

 Psicólogo explica o funcionamento do organismo para resguardar a saúde mental e reduzir a carga de estresse e ansiedade diante de notícias trágicas
Psicólogo explica o funcionamento do organismo para resguardar a saúde mental e reduzir a carga de estresse e ansiedade diante de notícias trágicas
A guerra na Ucrânia completou um ano sem perspectivas de solução imediata. Mais de 44 mil pessoas morreram em um terremoto na Turquia e na Síria. Enchentes e deslizamentos no litoral norte de São Paulo deixaram dezenas de mortos. Todas essas notícias causam impacto e comoção social, mas não demora para que as pessoas se habituem ao noticiário de tragédias.

Por que episódios graves como esses geram grande empatia momentânea e caem no esquecimento em pouco tempo? O psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, mestre em análise do comportamento, explica que essa suposta insensibilidade é um mecanismo de defesa do organismo.

“Quando recebemos notícias sobre guerras, acidentes, desastres naturais e outras tragédias, nosso corpo libera um grau elevado de estresse e ansiedade, o que envolve muita energia. Por isso, com o tempo, o organismo desenvolve um processo de habituação e autodefesa”, explica o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior do país.

Ver as notícias repetidamente é um fator que contribui para a habituação, assim como o distanciamento. Quanto mais longe a pessoa estiver do fato, mais rapidamente vai assimilar a notícia e reduzir a carga de estresse e ansiedade.

“Essa certa ‘insensibilidade’ muda ao personalizarmos um episódio trágico. Se o fato ocorre perto de nós, se conhecemos os envolvidos ou se o noticiário conta histórias individuais de vítimas com as quais nos identificamos de alguma maneira, a habituação é mais lenta porque geramos conexão e empatia”, continua Guilherme.

De acordo com o especialista, não são apenas as grandes tragédias que têm esse efeito. Os profissionais de saúde, por exemplo, precisam se “acostumar” com a rotina nas emergências ou no atendimento a pacientes terminais. “Para atenuar os desgastes emocionais que essas situações diárias provocam, socorristas, médicos e enfermeiros também encontram formas de lidar com a rotina e com o sofrimento de outras pessoas. Isso não significa que sejam frios ou insensíveis, mas que aprenderam a controlar as emoções. É uma proteção do organismo para não entrar em colapso.”

Fatos novos também tendem a gerar estresse e ansiedade. “A habituação não acontece apenas diante de tragédias, mas em situações cotidianas com as quais vamos nos acostumando. Dirigir um carro pela primeira vez nos deixa mais tensos e, com o tempo, nos habituamos e relaxamos. Um emprego novo, a entrada na universidade, os preparativos para uma cirurgia. Sempre que vamos passar por uma experiência nova, o estresse aumenta e exige que o organismo acione mecanismos de defesa para aliviar a sobrecarga emocional”, finaliza o psicólogo Guilherme Alcântara.

Sobre o UniCuritiba
Com mais de 70 anos de tradição e excelência, o UniCuritiba é uma instituição de referência para os paranaenses e reconhecido pelo MEC como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR). Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais.

Integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima, o UniCuritiba conta com mais de 40 opções de cursos de graduação em todas as áreas do conhecimento, além de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Possui uma estrutura completa e diferenciada, com mais de 60 laboratórios e professores mestres e doutores com vivência prática e longa experiência profissional. O UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.