Cárie é a segunda doença mais comum no mundo

Higienização inadequada e consumo de doces são as principais causas do problema; professora do UniCuritiba dá dicas para melhorar a saúde bucal
Higienização inadequada e consumo de doces são as principais causas do problema; professora do UniCuritiba dá dicas para melhorar a saúde bucal
A cárie dental só perde para a gripe no ranking das doenças mais comuns do mundo e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 2 bilhões de pessoas têm o problema. No Brasil, a doença afeta quase 90% da população.

A cirurgiã dentista e doutora em Odontologia Joyce Duarte diz que a cárie é considerada um problema de saúde pública e, embora seja causada principalmente pela falta de higienização bucal e por dietas ricas em açúcar, é agravada pela odontofobia.

“Muita gente tem pavor de ir ao consultório porque acha que vai sentir dor, mas é justamente por evitar as consultas regulares que os pacientes desenvolvem problemas mais graves e que, possivelmente, causarão dor”, diz a professora do curso de Odontologia do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores instituições de ensino superior privado do país.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 55% dos brasileiros não vão ao dentista anualmente. O ideal, explica Joyce, é que se façam visitas semestrais. “O que se preconiza é um intervalo de seis meses entre as consultas, mas alguns pacientes com dieta rica em açúcar ou alto índice de formação de cálculo dental precisam reduzir esse tempo, conforme a orientação do especialista”, avisa a professora, aproveitando o Dia Mundial da Saúde Bucal (20/3) para fazer o alerta.

Aspectos culturais e os poucos dentistas atuando em regiões isoladas do país contribuem para o acesso insuficiente dos brasileiros ao serviço odontológico. “Somos um dos países com o maior número de cirurgiões dentistas, mas também somos um país de dimensão continental, com concentração de profissionais em grandes centros e carência em locais mais afastados. Somado a isso está a falta de hábito de higiene bucal correta, já que os brasileiros não costumam investir em prevenção”, avalia.

Higiene bucal correta

A higiene reduz consideravelmente as cáries e outras doenças bucais. A recomendação é que as pessoas façam de duas a três escovações diárias e utilizem o fio dental pelo menos uma vez ao dia, de preferência antes de dormir. A língua deve ser limpa a cada escovação.

Pela manhã, alguns cuidados ajudam a manter a saúde bucal e a diminuir a sensibilidade dos dentes. A dica da professora de Odontologia do UniCuritiba é evitar a escovação imediatamente após o despertar. Isso porque o pH da boca é mais ácido nesta hora e a escovação pode favorecer a erosão química dos dentes. “Ao se levantar, as pessoas devem fazer um bochecho com água para equilibrar o pH, tomar o café da manhã e, depois de 30 minutos, fazer a escovação. Esse tempo também evita que a acidez de sucos ou do próprio café cause a erosão dental”, ensina a doutora em Odontologia.

Muito além das cáries

A negligência com a higiene bucal não leva apenas ao surgimento de cáries. Outro problema é a periodontite, uma infecção bacteriana que afeta a estrutura e a sustentação dos dentes. A doença é silenciosa e gradual, alerta a cirurgiã dentista, e muitos pacientes só se dão conta quando há uma perda óssea importante. “A doença faz com que os dentes amoleçam e, em muitos casos, exige a extração.”

Além de comprometer a saúde bucal, a periodontite é associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Segundo a professora, pesquisas indicam que as proteínas inflamatórias e as bactérias presentes no tecido periodontal entram na corrente sanguínea e comprometem o sistema cardiovascular.

“Um estudo recente examinou a relação entre a presença de bactérias que sabidamente causam periodontite e o espessamento da parede dos vasos sanguíneos observado em doenças cardíacas. Os pesquisadores concluíram que esse espessamento tinha relação com as mesmas bactérias causadoras da periodontite”, finaliza.

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