Dia da mulher: doenças cardiovasculares são tratadas como problemas psicológicos

Maioria das mulheres são negligenciadas na hora de procurar atendimento médico

Nos últimos trinta anos, o número de mulheres apresentando doenças cardiovasculares foi aumentando progressivamente, onde a faixa etária de maior prevalência pode ser observada entre 20 e 59 anos. Além disso, existem peculiaridades que devem ser melhor estudadas e analisadas, mas pessoas do gênero feminino representavam apenas 38% de todos os indivíduos analisados entre 1965 e 1998. Hoje em dia, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, esse número continua o mesmo.

“Isso acontece porque, muitas vezes, a saúde cardiovascular da mulher é negligenciada. Infelizmente, quando alguém do gênero feminino dá entrada em algum hospital com queixas de cansaço, problemas para dormir e respiração curta é muito comum que associem a problemas psicológicos. A cada 100 mulheres entre 25 e 40 anos, 42 delas não apresentam dor no peito quando estão infartadas e por isso têm seus diagnósticos errados”, alerta a Dra. Salete Nacif, cardiologista do Hcor.

De acordo com o documento “Posicionamento sobre a Saúde Cardiovascular nas Mulheres”, pessoas do gênero feminino são mais suscetíveis aos distúrbios ansiosos-depressivos, o que aumenta duas vezes o risco de Doença Isquêmica do Coração (DIC). Apesar dos gatilhos emocionais, outras particularidades como gravidez, menopausa, doenças autoimunes e predisposição genética são fatores de risco específicos para mulheres desenvolverem algum problema cardiovascular.

Dra. Salete alerta que as doenças cardiovasculares podem ser prevenidas mantendo hábitos saudáveis de vida. É necessária a ingestão de frutas e legumes, pouco uso de álcool, não tabagismo e, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana. Além disso, também é importante manter os exames de rotina em dia e não hesitar em procurar ajuda médica quando necessário.
Atendimentos cardíacos pós-pandemia

Entre os anos de 2020 e 2021, o pico da pandemia do coronavírus afastou muitas mulheres dos exames de rotina. Com a flexibilização em 2022, o ritmo voltou a crescer e pode-se observar um crescimento de 14% nos atendimentos em consultórios de cardiologia. A faixa etária de 60 anos ou mais cresceu consideravelmente, enquanto outras idades tiveram aumentos de poucos pontos percentuais. Até 24 de fevereiro, as consultas de 2023 já significavam 14% em relação aos números do ano anterior.

“Estamos tentando criar uma conscientização contínua sobre as doenças cardiovasculares nas mulheres, porque são cerca de 300 mil mortes por ano. A nossa ideia para este ano, é que o número de atendimentos cresça e que cada vez mais, pessoas possam ter um maior entendimento sobre a seriedade do assunto”, finaliza a Dra. Salete.

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