10 anos de “Monomania”, o disco que lançou Clarice Falcão

Clarice Falcão

Já são três álbuns, mais de meio milhão de ouvintes mensais no Spotify e longas turnês por todas as regiões do Brasil. Mas “Monomania”, álbum que revelou Clarice Falcão como cantora, segue um marco na trajetória da artista. Em 2023, o disco completa 10 anos de lançamento e se mantém como um representante de uma cena indie e folk pop que viria a se expandir nos anos seguintes.

Foi em 30 de abril de 2013 que Clarice Falcão despontou como uma das mais originais novas vozes da cena nacional. Anteriormente conhecida como atriz e na época em evidência como parte do elenco do Porta dos Fundos, ela lançou as primeiras canções em um EP em 2012 e fez de “Monomania” uma ousada estreia em forma de disco, onde expôs seu humor único e uma sinceridade palpável a cada letra. 

Clarice surge como cantora e compositora em “Monomania”, um trabalho com forte assinatura autoral. A produção de Olivia Byington contou com Jaques Morelenbaum e Sacha Amback tocando e arranjando o disco, chancelando o álbum em um contraponto: a estreante cercada por músicos renomados, indo do frescor de Silva à experiência de Jam da Silva nos créditos.

Embora tenha solidificado seu lado musical em 2013, Clarice havia começado a postar vídeos acústicos na internet dois anos antes. A experiência serviu de laboratório para essas primeiras canções. Ali, a artista mesclava sua vocação de atriz e roteirista para fazer crônicas urbanas de uma nova forma.

“Quando me perguntam em entrevistas se eu me sinto mais cantora, autora ou atriz, eu sempre respondo a mesma coisa: eu acho que sou uma contadora de histórias. E eu sonho (como sonham as contadoras de história) em me comunicar. O primeiro show que fiz do ‘Monomania’ foi meses depois das músicas que eu lancei na internet, mas quando eu cantei a primeira estrofe e assisti à plateia em peso cantando junto, eu entendi que tinha me comunicado. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida. Desde então, cada vez que eu vejo alguém emocionado com alguma canção do disco, eu sinto de novo um pedacinho daquele sentimento e fico emocionada junto: eu me comuniquei”, reflete Clarice.

Quando “Monomania” virou mania

O disco abriu caminho para as canções confessionais de Falcão, uma compositora que explora com desenvoltura sua veia ora irônica e ácida, ora vulnerável e sincera. Rapidamente, o álbum marcou uma geração que se reconheceu nas suas letras – tanto que, antes mesmo do lançamento, já somava mais de 10 milhões de views nos vídeos disponibilizados na internet. Agora, “Monomania” figura entre os discos que completam uma década em 2023, relembrado pela imprensa musical como um dos trabalhos nacionais mais importantes daquele ano.

“Quando lancei os vídeos das primeiras músicas, fiquei chocada com o número de visualizações. Quando lancei o álbum completo, fiquei chocada com o número de plays. Quando fiz o primeiro show, fiquei chocada com a quantidade de gente. E aparecer nessas listas é a prova de que o disco segue me chocando até hoje”, admite Clarice.

Clássico instantâneo – intencionalmente ou não -, o álbum tornou-se uma coleção de amores obsessivos cantados com leveza, o que levou Falcão a ser indicada ao Grammy Latino de artista revelação.

“Monomania” mostrou ser apenas o começo da trajetória de uma artista com muito a dizer. O segundo álbum foi o eclético “Problema Meu” (2016), que trazia uma compositora amadurecida. O disco falava sobre liberdade, empoderamento, feminismo e um olhar livre sobre o amor, bem diferente do seu trabalho de estreia. Deixando o indie folk de lado, o álbum produzido por Kassin passeia do carimbó ao synthpop. Em 2017, esse caldeirão de influências fez parte do “Especial de Ano Todo”, feito para a Netflix.

O terceiro disco, “Tem Conserto” (2019), trabalho denso e dançante, se aproximou da música eletrônica. Abrindo-se de modo inédito para debater questões profundas e pessoais, como ansiedade e depressão, que a acompanham desde a adolescência, neste álbum Falcão dialoga com as obsessões e liberdades dos outros trabalhos em um modo mais íntimo, sem perder o olhar de crônicas do cotidiano que a marcou. 

Essa estética evoluiu para o memorialista EP “Eu me Lembro” (2020) e mostrou uma artista madura e ousada em singles como “O After do Fim do Mundo”, com participação de Linn da Quebrada, e “Só + 6”.

Um olhar para o futuro

Após estrelar e criar o hit da Amazon Prime Video “Eleita”, Clarice Falcão prepara a próxima fase da carreira. Realizado pela artista junto com Lucas de Paiva, que produziu “Tem Conserto”, ela finaliza um novo álbum.

Além disso, ela fará sua nova turnê, primeira em três anos com este novo projeto. 2023 promete ser um ponto de virada e maturidade da artista, mostrando no palco toda essa jornada de uma década de carreira musical.

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