No Paraná, evento recente discutiu os principais desafios para as empresas do setor: a composição de garantias, a assimetria de informações com as instituições financeiras e as formas alternativas de captação de recursos
A dificuldade de acesso a crédito para empresas de tecnologia da informação (TI) está principalmente na composição das garantias, segundo a Assespro-PR/Acate (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação). Como as empresas de tecnologia normalmente não possuem ativos fixos em seu balanço, sendo chamadas de Asset Light, muitas solicitações de crédito são negadas. Sem saber onde encontrar fontes de recursos, não é raro ver startup encerrando as atividades, remodelando gestão ou demitindo muito mais do que contratando.
“Mais recentemente os bancos têm tentado se movimentar para aprovar operações de crédito com garantias alternativas, como recebíveis, fluxo de recebíveis, contratos de assinatura de software e/ou serviços, dentre outras possibilidades, de forma a atender um segmento cada vez mais pujante e demandante de recursos”, ressalta Renan Schaefer, cofundador da ExFin Advisory e ExFin Capital, e diretor-executivo de Crédito da Assespro-PR/Acate. O profissional conduziu recentemente o tema durante o Jantar de Negócios que teve como intuito aproximar os empresários da temática.
A realidade apontada por Renan impacta o cotidiano de quem atua no setor. Raquel Uchôa Moreira, sócia, fundadora e CEO da Ox Digital Inovação & Tecnologia, afirma que nunca conseguiu linha de crédito e que sobrevive somente dos projetos finalizados, entregues e pagos. As dificuldades que limitam o acesso, segundo ela, são por conta do produto. “Geralmente por ele estar em fase de concepção, tração e escala, e são investimentos que precisam chegar antes de ter o retorno financeiro com garantias reais”, sublinha.
Realidade semelhante enfrenta o empresário Paulo Gastão Jocowski, CEO da PGMais. “Avançamos por conta própria, com recursos próprios, limitando o crescimento”, afirma. Paulo cita custo, burocracia e garantias como os maiores entraves para o acesso às linhas de fomento.
Para Renan, a discussão de novos rumos para o segmento é fundamental uma vez que, “para se manter na vanguarda, as empresas precisam investir”. “Apostar em inovação é algo bastante complexo por natureza. Além disso, conforme as empresas crescem, precisam de capital e mais investimentos para expansão de times, novos produtos, novos mercados, novas tecnologias etc., e tudo isso demanda bastantes recursos. Ter dificuldades de acessar recursos, seja crédito, seja via fundos de Venture Capital e private equity, pode comprometer o volume de inovações, da qualidade das inovações, e impactar diretamente no desenvolvimento econômico, na geração de emprego e renda e, também, na questão de arrecadação de impostos por parte do Estado”, assinala.
Novos caminhos
O diretor-executivo de Crédito comenta o que considera ser uma boa estratégia para os agentes financeiros poderem financiar empresas do setor. Renan cita, entre outras possibilidades, o uso de garantias como recebíveis, contratos de prestação de serviços e assinatura de software, ações das empresas, propriedade intelectual e fundos de aval. No entanto, o profissional acredita especialmente na união de forças para que as soluções, de fato, venham à tona.
“Não acho que o recurso deva vir somente do setor público, mas o setor público pode ajudar na construção das regulamentações e legislações visando a melhoria desse ambiente, como por exemplo o Marco Legal das Garantias, o Marco Legal das Startups, o Marco Legal da Securitização, que foram aprovados ou estão tramitando no Congresso. Do lado privado, o mercado de capitais e o mercado financeiro vão buscar sempre formas de atender essas demandas, cabe a nós, também, fazer essas conexões”.
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