Equidade de gênero: uma exigência do novo mercado

A governança corporativa deve prever ações que promovam a valorização feminina nas organizações

A discussão sobre a presença feminina no mundo corporativo ganhou força nos últimos anos, mas os dados mostram que a realidade nas empresas ainda está longe do ideal. As mulheres, segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), ocupam apenas 37% dos cargos de liderança no Brasil. Quando falamos sobre a presença feminina em conselhos administrativos no Brasil, o número cai para cerca de 10%.

Promover a equidade no ambiente corporativo deve ser um dos propósitos das empresas que pretendem agregar valor ao negócio e também usufruir das vantagens que a liderança feminina traz para os resultados. Para Cristiane Ribeiro Mendes, que é co-fundadora e CEO do Chiefs Group e conselheira da GoNext, explica que não há mais espaço para empresas que não priorizem a equidade nas organizações: “a pauta sobre a presença das mulheres em posições de liderança é obrigatória em qualquer organização. A tendência é que o mercado seja cada mais exigente com relação à equidade de gênero. Quem não implantar políticas que promovam a igualdade salarial e não valorizar mulheres talentosas colocando-as em cargos de liderança, estará limitando o crescimento da própria empresa”, afirma Cristiane.

Em alguns segmentos, as mulheres têm ainda mais dificuldade, no agronegócio por exemplo, tradicionalmente os postos de liderança eram ocupados por homens até bem pouco tempo. Mas, atualmente essa realidade começa a mudar. É o caso da Celina Issa, que é CEO da Fazenda São Daniel, localizada em Ponta Grossa, cidade da região dos Campos Gerais do Paraná. Celina, que é herdeira do negócio, teve uma história de liderança e uma carreira consolidada em multinacionais até virar CEO dos negócios da família. Celina conta como ainda é difícil ascender no setor: “ainda é necessário ter muita experiência anterior para conquistar cargos de liderança no setor, mesmo quando se trata de um negócio familiar. Eu só consegui chegar a CEO dos negócios da Fazenda porque tive uma carreira longa e consolidada no mercado internacional. Eu trabalhei durante mais de 20 anos com inovação e gestão em empresas do porte da Kraft, por exemplo para poder chegar onde estou hoje”, afirma Celina.

O CEO da GoNext, empresa especializada em consultoria para negócios familiares e que também atua na implantação de políticas ESG em toda a cadeia produtiva de grandes empresas, Eduardo Valério explica que a equidade de gênero é uma demanda importante não só para o avanço da sociedade como um todo, mas uma necessidade de mercado atualmente: “A política de governança empresarial deve prever ações que priorizem e valorizem a presença feminina nos negócios. Sustentabilidade social é uma demanda forte do mercado atualmente e os consumidores hoje se preocupam em consumir produtos e serviços que tenham esse compromisso. Assim, falar sobre a presença feminina em postos de lideranças e praticar a equidade de gênero nas corporações é uma exigência atualmente”, conclui Valério.

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