Personalização de medicamentos facilita a ingestão

 Manipulação de remédios. Crédito: Divulgação

A crescente tendência das farmácias de manipulação é a personalização de medicamentos. Especialistas perceberam que principalmente pacientes idosos não se medicavam corretamente devido à dificuldade de engolir vários comprimidos por dia ou ao sabor e odor característico de alguns medicamentos líquidos. Para auxiliar no tratamento, profissionais de saúde buscam formas inovadoras para gerar a adesão do paciente. Com esse intuito, as farmácias de manipulação criam preparações farmacêuticas que simulam a aparência, a textura e o sabor de alimentos, como pós para preparações similares a sopas, pastilhas que se parecem com balas ou pirulitos, sachês efervescentes e tabletes sabor chocolate.

Rejane Hoffmann, diretora presidente da regional Paraná da Anfarmag – Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais –, explica que a criatividade na apresentação de medicamentos e suplementos tem sido uma aliada para que o produto prescrito pelo médico seja realmente consumido pelo paciente. “Como esses produtos proporcionam uma experiência de uso diferente, dificilmente o paciente confunde os horários e as substâncias. Além disso, conseguimos assim reduzir o sensorial desagradável para as pessoas mais sensíveis – o que vai ao encontro da exigência do consumidor moderno pela personalização do atendimento e dos medicamentos, reafirmando que cada ser é único”, explica.

O crescente número de idosos faz com que essa tendência siga. A representante da Anfarmag enfatiza que o farmacêutico pode contribuir com as opções disponíveis, porém é o médico quem deve analisar o perfil do paciente e identificar a necessidade. “No caso de crianças, por exemplo, é necessário evitar que ela enxergue o medicamente como um doce, para evitar riscos de toxicidade. Já no caso de alguns idosos, eles podem se beneficiar dessa alternativa”, afirma.

O diretor executivo da Anfarmag Marco Fiaschetti cita, como exemplo, a opção de ingerir suplementos para artrose em forma de pó solúvel em água. “O paciente deixa de tomar diariamente três capsulas de tamanho grande, de difícil ingestão, substituindo-a por apenas um sachê diário, que pode ser consumido em variados sabores”, diz. O mal de Parkinson é outra doença que pode ser tratada com o uso de medicação misturada ao pó solúvel.

Outro benefício é o sabor. Para torná-lo mais agradável e a forma de ingestão mais fácil, as farmácias de manipulação desenvolveram recursos para combinar os princípios ativos com excipientes (termos utilizados para denominar os ingredientes) saborosos ou texturizados, como adoçantes, saborizantes, aromatizantes, corantes e gelificantes, e dar ao produto formatos e cores diversos. Um recurso possível é o uso de xaropes em variados sabores para mascarar o sabor de anticonvulsivos, antidepressivos ou sedativos. “Assim como todo medicamento manipulado, a manipulação é feita de acordo com a necessidade do paciente informada na prescrição médica e as características físicas de cada um”, explica Rejane.

A diretora ressalta que não é sempre que os medicamentos são indicados nesse tipo de consumo. O farmacêutico deve avaliar se há viabilidade técnica caso a caso.

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