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Cerca de 80 a 90% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do cigarro

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O cigarro faz mal à saúde e isso quase todo mundo sabe. O que muitos parecem ignorar é a quantidade de substâncias tóxicas que o tabaco tem – quase 5 mil – e os prejuízos que ele vai causando em várias partes do corpo ao longo dos anos.

Dados do Ministério da Saúde revelam que no Brasil são mais de 160 mil mortes anuais atribuídas ao tabaco, o que representa, em média, 443 mortes por dia. O tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo. Até 2030, pode ser responsável por 10% do total de mortes globais.

Segundo a pneumologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Dra. Maíra Eliza Petrucci Zanovello, o tabagismo está relacionado ao desenvolvimento de mais de 50 doenças, entre elas câncer de pulmão, derrame cerebral, enfisema pulmonar, aumento da pressão arterial, doenças do coração, entre outros inúmeros problemas.

“Cerca de 80 a 90% dos casos de câncer de pulmão, por exemplo, são decorrentes do cigarro. As substâncias que ficam acumuladas no corpo humano elevam os riscos de diversas doenças. Não há benefícios para quem fuma”, lembra a médica.

Cigarro eletrônico x cigarro tradicional

O cigarro eletrônico virou moda principalmente entre os mais jovens, atraídos pelos aromas agradáveis, sabores variados e ‘inovação tecnológica’. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 70% dos usuários têm entre 15 a 24 anos.

O cigarro eletrônico difere do cigarro normal por não produzir combustão, a qual está mais relacionada a doenças cardiovasculares. A inalação da substância se dá por vaporização. Ambos contêm nicotina, que leva à dependência química. Além disso, há o risco de explosões do aparelho e intoxicação.

De acordo com a Dra. Maíra Eliza, ainda não é possível apontar todos os danos que o cigarro eletrônico pode causar a longo prazo. No entanto, as substâncias que dão o gosto agradável podem conter metais pesados como o níquel, além de outras substâncias potencialmente cancerígenas. 

“O cigarro eletrônico causa uma doença denominada de EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico), podendo levar a um dano pulmonar com rápida queda da oxigenação e necessidade de suporte ventilatório. Um paciente com EVALI tipicamente apresenta desconforto respiratório grave. Os sintomas incluem tosse, falta de ar, dor torácica, náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, febre e calafrios, e perda de peso”, explica a especialista.

Prejuízos que o tabaco causa à saúde

A Sociedade Brasileira de Pneumologia destaca algumas doenças que o tabaco causa à saúde.

:: Câncer de pulmão – o tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, responsável por mais de 2/3 das mortes por essa doença no mundo.

:: Ataques cardíacos – a nicotina acelera o ritmo cardíaco e causa bloqueio das artérias, levando à angina ou infarto.

:: Derrame cerebral – os venenos do tabaco bloqueiam os vasos e podem causar derrame, embolia e trombose.

:: Enfisema pulmonar e bronquite – levam a redução da oferta de oxigênio que o corpo necessita.

:: Úlcera gástrica – a digestão fica difícil, com muita acidez após as refeições.

:: Osteoporose – impede a absorção do cálcio, gera fratura em idosos e mulheres.

:: Baixa fertilidade – reduz o desejo sexual e provocam aborto espontâneo.

:: Impotência sexual – gera desde a ejaculação precoce até a impotência.

Por que devo parar de fumar?

Tanto o cigarro eletrônico quanto o cigarro normal são extremamente prejudiciais à saúde, portanto, interromper esse mau hábito é a melhor opção para quem quer mais saúde e qualidade de vida. O vício, lembra Maíra, não é apenas químico; há outros fatores envolvidos. 

“O vício não é somente químico. Há a dependência pelo hábito (condicionamento) de tantos anos, além de estar relacionado ao comportamento (dependência psicológica), sendo usado para autogratificação ou nos momentos de estresse”, ressalta.

Ela também destaca a importância da mudança de hábitos e da busca por ajuda especializada para cessar o vício.

“É possível cessar o tabagismo com mudanças dos hábitos, e é fundamental prestar atenção aos gatilhos que levam a fumar. Também é importante apostar numa alimentação saudável e atividade física como forma de liberar substâncias no organismo que levam ao bem-estar. Caso tenha dificuldade, pneumologistas e psiquiatras podem ajudar a atingir o objetivo de parar com o tabagismo”, resume a médica.

De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), em todo o mundo, cerca de 780 milhões de pessoas dizem querer parar de fumar, mas apenas 30% delas têm acesso às ferramentas que podem ajudá-las a fazer isso.

A entidade elaborou uma lista com 100 razões para parar de fumar – acesse clicando aqui.

Benefícios ao parar de fumar

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) listou alguns benefícios à saúde que são quase imediatos, conforme relação abaixo:

Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.

Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.

Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.

Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.

Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros, e o paladar já degusta melhor a comida.

Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil, e a circulação melhora.

Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.

Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

 

Com informações: Sociedade Brasileira de Pneumologia, Ministério da Saúde, INCA e OPAS.

Diretor Técnico do Hospital Otorrinos Curitiba: Dr. Ian Selonke – CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia

 

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