Junho Violeta reforça combate ao Ceratocone: doença que atinge a córnea e pode necessitar de transplante nos casos mais graves

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a cada 100.000 pessoas no mundo, de 4 a 600 delas desenvolvem o problema

Crédito: Adobe Stock
Crédito: Adobe Stock

O hábito corriqueiro de coçar os olhos, comum a milhares de pessoas, pode até parecer inofensivo, mas não é. Esse costume pode desencadear uma grave doença oftalmológica, o Ceratocone. O problema tem como principal característica a mudança na estrutura da córnea, que se torna mais fina e curvada, lembrando o formato de um cone. Ele ocorre pela junção de dois fatores: genético (fragilidade da estrutura da córnea) e impacto do ambiente (esse hábito de coçar os olhos). Se não tratada de forma adequada, a doença continua a evoluir até precisar do transplante de córnea. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a cada 100.000 pessoas no mundo, de 4 a 600 desenvolvem o Ceratocone.

Junho é o mês escolhido para conscientizar a população sobre os perigos da doença. A iniciativa criada em 2018 pelo oftalmologista Renato Ambrósio Junior, professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), recebeu o nome de “Junho Violeta”. Desde então, o mês é dedicado à disseminação de informações sobre o Ceratocone. Segundo a Sociedade Brasileira de Ceratocone, entre os mais de 23 mil transplantes realizados por ano no Brasil, mais de 13 mil são de córnea.  O Ceratocone é apontado como a principal causa de transplantes de córnea.

A doença surge entre os 10 e 25 anos de idade, mas pode progredir até os 40 anos ou estabilizar-se com o tempo. Os principais sintomas são: queixa de diminuição da visão na infância e adolescência, mudança frequente de óculos, hábito crônico de coçar os olhos, alergias (rinite alérgica, sinusite), olhos sempre vermelhos e inflamados, diminuição súbita da visão com dor, fotofobia e lacrimejamento, e aumento frequente da miopia e astigmatismo.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do Ceratocone é feito através do exame oftalmológico associado com alguns exames de imagem da córnea. Um dos mais precisos nesse caso é a tomografia de córnea, capaz de avaliar a curvatura posterior e anterior do órgão e seu mapa de espessura. Após a doença ser diagnosticada, alguns tratamentos podem ser feitos para melhorar a visão do paciente: uso de óculos e lentes de contato, cirurgia de implante de anel intraestromal, no qual é implantado um anel que vai regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não conseguem mais e, em último caso, o transplante da córnea. A escolha do procedimento vai depender de cada caso e da evolução da doença. “Evitar a evolução do Ceratocone é uma parte muito importante do tratamento, e isso se faz com o Crosslinking – que é uma intervenção para fortalecer as moléculas de colágeno da córnea e evitar que ela continue se encurvando e afinando”, explica o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dr. Murilo Dallarmi Carneiro.