*Willian Sales
Gripe Aviária, Febre Maculosa, Raiva, Leptospirose, Leishmaniose, Toxoplasmose, Esporotricose, Febre Amarela, Dengue, Malária, Covid 19, Ebola, HIV, Sarampo, são alguns exemplos de zoonoses comuns em diferentes lugares do nosso território nacional e global.
O tema desse ano é a Saúde Única, ou seja, a luta para encontrar o equilíbrio entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. À medida que os grandes centros urbanos crescem de forma desorganizada, as consequências causadas pelo antropocentrismo nos colocam cada vez mais próximos de áreas intocadas da natureza. A qualquer momento um Spillover pode ocorrer, ou seja, um transbordamento de microrganismos que vivem em equilíbrio com a vida selvagem, passando para o contato direto com os humanos, e nesse momento, zoonoses emergentes e reemergentes podem ocorrer.
O dia 06 de julho é considerado o Dia Mundial das Zoonoses, data marcada pelo ocorrido em 1885 na França, quando o pesquisador e cientista Louis Pasteur administrou a primeira vacina contra a raiva em uma criança, que havia sido mordida por um cachorro infectado com o vírus. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 60% das doenças infecciosas humanas, e 75% das doenças emergentes e reemergentes têm origem nos animais. Atualmente, aproximadamente 200 doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como uma zoonose e os principais responsáveis por desencadear essas doenças são vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoários.
A definição clássica de zoonoses é a transmissão de doença entre animais e humanos ou de humanos para animais, podendo acontecer durante o contato com secreções corporais como saliva, sangue, urina, fezes ou por meio do contato físico como arranhaduras/mordeduras, ou de forma indireta via vetores como mosquitos, pulgas e carrapatos, ou pelo consumo de alimento contaminado com secreções, contendo os microrganismos causadores de zoonoses.
As zoonoses são divididas em três grupos sendo zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde como a leptospirose, doença de Chagas e febre amarela. Zoonoses de relevância regional ou local como a toxoplasmose, esporotricose, e zoonoses emergentes e reemergentes tendo como exemplo o Covid 19.
A partir da década de 1990, o Ministério da Saúde sistematizou a aplicação dos recursos para apoiar os municípios na implantação e na implementação de unidades de zoonoses integradas no Sistema Único de Saúde (SUS), denominadas de Unidades de Vigilância de Zoonoses. Toda ação, atividade e estratégia de vigilância e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto direto na saúde pública. A magnitude, transcendência, potencial de disseminação, gravidade, severidade e vulnerabilidade são referentes ao contexto epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, e a área afetada em determinado tempo.
A mitigação das zoonoses só é possível por ações ligadas diretamente a saúde única, ou seja, pensando nas relações intrínsecas existentes entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental e todos os seus processos de equilíbrio a nível local, regional, nacional e global. As ações de prevenção estão atreladas a educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal, levando sempre em consideração o contexto epidemiológico das zoonoses na região em questão, para definição das ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias.
*Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente, coordenador dos cursos de Pós-graduação área da saúde do Centro Universitário Internacional UNINTER