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Aquecimento global impacta saúde ocular, diz pesquisa

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Aquecimento global impacta saúde ocular, diz pesquisa

Aquecimento global impacta saúde ocular, diz pesquisa

Pesquisa mostra que as alterações climáticas aumentam em até 36,5% o risco de doenças oculares. Entenda

A temperatura média mais elevada está consistentemente associada ao aumento da deficiência visual grave, independentemente da idade, sexo, raça, rendimento e nível de escolaridade. Pior: O Brasil e a China são os países mais expostos ao aquecimento global.

Isso explica porque nas redes sociais há quem diga que a temperatura pode chegar a 50 grau no verão. Especulações à parte, uma pesquisa realizada na Espanha encontrou evidências de que as altas temperaturas intercaladas por chuvas torrenciais e ondas de frio podem aumentar em até 36,5% as doenças oculares. Para o oftalmologista Leoncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier isso explica porque o pronto atendimento do hospital tem recebido uma grande quantidade de pacientes até no final de semana. O especialista afirma que o aquecimento global tem efeito imediato no aumento das doenças oculares externas. Isso acontece, explica, o ar fica mais poluído, espalha mais bactérias, vírus e fungos em todos os ambientes. Como se não bastasse, quem usa lente de contato e fica trancafiado em uma sala com ar-condicionado o dia inteiro, também corre mais risco de ter uma contaminação da córnea.

Para você saber como encarar o novo anormal com mais bem-estar, o oftalmologista as enumera principais doenças oculares externas.

Ceratite seca ou síndrome do olho seco

 Queiroz Neto afirma que as altas temperaturas aumentam a evaporação da camada aquosa da lágrima. Por isso, causam o olho seco evaporativo, sobretudo em pacientes que usam lente de contato ou trabalham em ambiente com ar-condicionado. Quando a evaporação acontece associada a uma redução da camada oleosa, observa, o desconforto nos olhos é bastante acentuado.  “Os sintomas são sensação de areia nos olhos, coceira, vermelhidão e visão embaçada que melhora um pouco ao piscar”, pontua. O tratamento depende de avaliação oftalmológica para prescrição de um colírio hidrante que reponha a camada deficiente e evite lesões nas glândulas lacrimais.  Nos casos mais severos, o oftalmologista afirma que pode ser prescrito o implante de um plugue no canal lacrimal ou aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada oleosa, visando impedir a evaporação da lágrima, pontua. Pacientes com olho seco crônico, ressalta, podem precisar de um tratamento mais prolongado. Quando a busca por atendimento oftalmológico acontece logo no início dos sintomas, a luz pulsada estabiliza a lágrima com apenas quatro aplicações, sendo uma por semana. A convivência prolongada com o problema pode lesar as glândulas lacrimais e exigir acompanhamento prolongado.

Episclerite crônica

O aquecimento também pode causar uma inflamação autolimitada da camada externa da esclera, parte branca do olho. O oftalmologista ressalta que geralmente desaparece espontaneamente em 1 a 2 semanas. “O tratamento inclui aplicação de colírio hidratante e de três compressas frias/dia, feitas com gaze embebida com água filtrada ou soro fisiológico.

Metaplasia da córnea

Inflamação que provoca uma mudança anormal no tipo de célula da córnea, lente externa e transparente do olho. Queiroz Neto explica que em condições normais a córnea é formada principalmente por células conhecidas como queratócitos que mantêm sua transparência e formato esférico. O aquecimento global pode causar esta alteração celular. O resultado é a perda da transparência da córnea e comprometimento da visão.

O oftalmologista destaca que existem vários tipos de metaplasia na córnea. A forma mais comum, decorrente do aquecimento global, é a epitelial em que a camada externa da córnea passa a ser formada por outro tipo de célula. Isso faz o formato ficar irregular, a visão piora e causa desconforto. “O tratamento depende da gravidade de cada caso. Pode incluir pomadas, colírios e em casos graves exigir cirurgia Independente da terapia o tratamento deve ser sempre feito com acompanhamento para evitar baixa visão irreparável.

Ceratite marginal

Inflamação que afeta a região periférica da córnea é causada por bactérias, vírus ou fungos. Queiroz Neto afirma que pode estar associada à blefarite (inflamação das pálpebras), higienização incorreta ou uso de lente de contato durante o sono, estojo de lente, pincéis de maquiagem ou colírio contaminado. Em alguns casos, especialmente entre pacientes que têm o hábito de se auto medicar, o oftalmologista afirma que  a ceratite marginal pode ser causada por uma reação ao conservante ou às substâncias, instilação  prolongada de corticoide, colírio contaminado ou vencido. O tratamento é feito com colírio antibiótico, antiviral, antifúngico, anti-inflamatório e lubrificante de acordo com o agente causador diagnosticado pelo oftalmologista.

Pterígio

Reação de defesa da conjuntiva à exposição excessiva ao sol. Queiroz Neto explica que os sintomas do pterígio são a formação de um tecido fibrovascular, geralmente em formato triangular, que cresce do canto interno do olho em direção à córnea, vermelhidão, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, ardência, fotofobia e visão embaçada. A principal causa é a exposição ao sol sem proteção dos olhos. Outros fatores de risco apontados pelo oftalmologista são:  tendência genética, exposição ao vento, ar-condicionado, calor intenso, poeira ou muitas horas diante das telas digitais que predispõem ao olho seco. A alergia ocular recorrente, uso frequente de colírio anti-histamínico e de antidepressivos também predispõem à doença. O tratamento, explica, é feito com colírio lubrificante, anti-histamínico e anti-inflamatório. “Caso o tratamento medicamentoso não resolva é necessário eliminar o pterígio cirurgicamente para que não prejudique a visão”, pontua.

Catarata

Queiroz Neto afirma que há evidências de que a catarata, opacificação do cristalino que tem como maior causa o envelhecimento, é acelerada não só pela exposição à radiação ultravioleta (UV) como pelo aquecimento global. Isso porque, o UV aumenta 2% para cada grau Celsius adicionado ao termômetro. Isso explica, porque a prevalência da catarata é de 3,6% no Ártico do Canadá, de 46% em Porto Rico e de 49% no Brasil. Por aqui a doença também aparece cada vez mais cedo. Isso porque, 70% dos brasileiros não deixam de usar filtro solar na pele, mas só 20% protegem os olhos. O único tratamento é a cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular transparente. Os sinais de que está na hora de operar são:  troca frequente de óculos, enxergar halos ao redor da luz, incapacidade de enxergar com pouca luz, maior sensibilidade à luz e perda repentina da visão dirigindo com os faróis contra, visão embaçada que dificulta a leitura, redução da visão noturna.

Degeneração macular

O oftalmologista afirma que a falta de lentes que filtrem a radiação ultravioleta durante a exposição ao sol também aumenta o risco de desenvolver degeneração macular relacionada à idade. A doença afeta a mácula, porção central da retina responsável pela visão de detalhes. É a segunda maior causa de perda irreversível da visão no mundo. Uma vez contraída não existe tratamento que restitua a visão.

Para evitar todas estas doenças a principal recomendação de Queiroz Neto é sempre proteger os olhos nas atividades externas com óculos que filtrem 100% a radiação UV. Outras dicas são: beber água sempre que sentir sede; evitar o consumo abusivo de sal; nunca coçar os olhos; jamais dormir com lentes, evita a automedicação com colírios. A visão é essencial pana qualidade de vida. Cuide bem da sua.

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