Estudo explica ligação entre apneia do sono e doenças cardiovasculares

Falta de oxigênio ao dormir está associada a maiores chances de problemas cardíacos

Em todo o mundo, cerca de 425 milhões de pessoas têm diagnóstico de apneia obstrutiva do sono. Essa condição inclui casos de carga hipóxia, quando há redução nos níveis de oxigênio no sangue durante o sono; carga ventilatória, caracterizada por interrupções na respiração devido à obstrução das vias aéreas; e despertares noturnos, quando a pessoa acorda subitamente devido à interrupção da respiração, o que pode levar ao aumento da pressão sanguínea ou da frequência cardíaca.

Além de dificultar o descanso, a apneia do sono está associada a problemas cardiovasculares. Uma pesquisa divulgada em julho mostra que a falta de oxigênio é o principal fator responsável pelo aumento de casos de doenças cardíacas. Esse estudo foi publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

A pesquisa revisou dados de 4.500 adultos de meia idade e idosos que participaram do Estudo de Fraturas por Osteoporose em Homens (MrOS) e do Estudo Multiétnico da Aterosclerose (MESA). O objetivo era identificar quais aspectos da apneia do sono podem explicar por que algumas pessoas são mais propensas do que outras a  desenvolver doenças cardiovasculares ou morrer por problemas cardíacos.

Resultados das análises

Dentro do Estudo de Fraturas por Osteoporose em Homens (MrOS),  2.627 pacientes com idade média de 76 anos foram acompanhados ao longo de 9 a 12 anos. Aproximadamente 382 homens tiveram algum evento relacionado ao coração. Nesse grupo, houve aumento de 13% no risco de doenças cardiovasculares em pacientes com redução nos níveis de oxigênio devido à apneia. Além disso, nos casos em que o paciente teve obstrução das vias áreas, tanto total como parcial, estiveram associados a um aumento de 12% no risco. Os despertares súbitos também foram associados a mortes relacionadas a problemas cardiovasculares.

Já a avaliação do Estudo Multiétnico da Aterosclerose (MESA) apontou um aumento de 45% no risco de eventos cardiovasculares primários em pacientes com redução nos níveis de oxigênio no sangue. No caso de obstrução das vias aéreas, o risco de doenças cardíacas aumentou em 38%. Por outro lado, os despertares súbitos não foram associados a mortes causadas por problemas cardiovasculares.

Outra importante contribuição do estudo foi a descoberta de que a deficiência de oxigênio no corpo, devido à baixa circulação sanguínea (déficit de oxigênio elevado), deve-se principalmente à obstrução severa das vias aéreas, não estando relacionada a outros fatores, como obesidade abdominal ou redução da função pulmonar.

O cardiologista dos Hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, José Ribas Fortes, enfatiza a importância de os médicos prestarem atenção à qualidade do sono durante as avaliações cardiológicas. “Em um adulto médio, o sono deveria durar de 7 a 8 horas, o que equivale a cerca de 1/3 da vida. Se esse período não ocorre de forma natural, nem cumpre sua função biológica, alguma coisa está errada. Nós, médicos, podemos rastrear isso apenas com 4 perguntas básicas aos pacientes: ‘Você dorme bem? Quantas horas por noite? Você ronca? Seu sono é reparador?’. Com essa abordagem simples, podemos ajudar a detectar distúrbios, que, em alguns casos, surgem ainda na infância”, conclui.

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