Verão 50º aumenta risco de herpes ocular

Pesquisa mostra que 67% da população mundial tem o vírus do herpes ocular no organismo.

A maior causa de consultas oftalmológicas no verão é o olho vermelho.  “Muitos pacientes chegam ao consultório dizendo que estão com conjuntivite”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas. Nem todos estão certos. “O olho vermelho no verão pode ter outras causas. Desde olho seco evaporativo, até a mais grave causa de vermelhidão, a ceratite herpética, infecção na córnea que pode levar à perda da visão quando é recorrente”, explica.

A doença é bastante comum. Pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que 67% da população mundial com até 50 anos têm inoculado no organismo o HSV-1, vírus herpes simplex tipo 1 que causa ceratite herpética. Curiosamente o Brasil retrata a pesquisa da OMS. Isso porque, o censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 67% da população brasileira tem até 50 anos.

Como o HSV-1 chega aos olhos

Queiroz Neto pontua que o HSV-1 também causa feridas nos lábios. O mais frequente veículo de transmissão para os olhos é o contato com as mãos que tocam a secreção do herpes oral, esclarece.

Outras formas de contágio dos olhos enumeradas pelo especialista são:

  • Expor os olhos à radiação UV emitida pelo sol sem proteção, hábito de 60% dos brasileiros, conforme levantamento nos prontuários do hospital.
  • Usar óculos de sol vencidos.
  • Compartilhar colírio, toalhas, talheres, maquiagem, óculos, lentes de contato e travesseiros.
  • Trocar beijos com uma pessoa contaminada pelo herpes oral.

Sintomas

O oftalmologista explica que geralmente o primeiro contato com o HSV-1 se dá na infância, mas em muitas pessoas, comenta, o vírus permanece latente em um gânglio nervoso e nunca se manifesta. Quando a imunidade cai pode entrar em ação. No olho, geralmente só um é acometido, os sintomas são similares aos da conjuntivite: dor intensa, vermelhidão, sensação de areia, lacrimejamento, coceira e visão turva. O problema é que a repetição da infecção alcança as camadas mais profundas da córnea e por isso pode levar à perda da visão

Fatores de risco

Queiroz Neto ressalta que os fatores de risco da reincidência da ceratite herpética são: estresse emocional e físico, expor os olhos ao sol sem proteção, herpes oral recorrente, infecção na córnea pelo HSV-1 nos primeiros anos de vida, passar por trauma nos olhos,  alterações nos níveis dos estrogênios, sistema imunológico enfraquecido pela falta de sono, cansaço ou idade avançada. Para melhorar o bem-estar e diminuir a tensão o oftalmologista recomenda a prática de atividades físicas que ajudam na indução do sono reparador.

Tratamento

 O especialista afirma que o tratamento da ceratite herpética inclui analgésico oral para diminuir a dor no olho, associado a colírios antivirais que inibem a replicação do vírus e colírio lubrificante para reduzir o desconforto do olho seco. Nos casos mais graves ou recorrentes podem ser indicados antivirais orais que têm ação mais abrangente e evitam acometimentos futuros pelo vírus.

Corticoide tópico também pode ser indicado para controlar a inflamação na córnea associada à infecção, mas o uso deve ser rigorosamente monitorado pelo oftalmologista porque pode levar à perfuração da córnea.

Recuperando a visão com cola

Foi o que aconteceu com uma paciente que convivia desde os 5 anos de idade com a ceratite herpética. Aos 54 anos teve uma crise, instilou colírio com corticoide no olho e perfurou a córnea.

Queiroz Neto conta que a paciente foi imediatamente para o hospital e como a perfuração era menor que 3 mm, conseguiu evitar que ela perdesse o globo ocular  aplicando cola de cianoacrilato na perfuração.  Cinco dias depois, ela passou por um transplante de córnea com o oftalmologista e comemorava estar enxergando melhor que antes do incidente. Ainda assim, o especialista afirma que antes de usar corticoide em uma ceratite herpética a regra é sempre consultar o oftalmologista.

Prevenção

Queiroz Neto afirma que os 8 passos para prevenir a reincidência da ceratite herpética são:

1-   Lave as mãos antes de tocar o rosto e após tocar uma lesão herpética

2-   Evite tocar os olhos, especialmente se estiver com uma lesão de herpes oral.

3-   Sempre proteja os olhos do sol com lentes que filtrem 100% da radiação.

4-   Evite compartilhar objetos pessoais.

5-   Gerencie o estresse praticando atividades físicas.

6-   Inclua na sua dieta carne, peixe, leite, ovos e queijos que contém lizina e aumentam a resistência imunológica.

7-   Evite o contato próximo durante surtos

8-   Não instile colírio nos olhos sem orientação de um oftalmologista.

Prevenir é sempre melhor que remediar, finaliza.

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