Como reduzir a poluição sonora de festas e bloquinhos de Carnaval

Consultora em acústica orienta sobre as medidas preventivas para locais fechados e espaços públicos

As festas e os bloquinhos de Carnaval trazem muita alegria, mas podem virar pesadelo para quem está fora da folia devido, entre outros motivos, ao som provocado por instrumentos e equipamentos de som. O caminho para não gerar poluição sonora nem incomodar os vizinhos é respeitar os limites de ruído expresso em decibéis (dB), conforme explica a professora de Engenharia Civil da Estácio, Élida Jussara da Costa, consultora e mestre em acústica.

“Os limites de volume relacionados a festas, shows e bares são estabelecidos por autoridades governamentais e podem ser distintos para as áreas residenciais, hospitalares, comerciais, industriais e escolas. De acordo com a região, ao exceder os limites estabelecidos, o infrator está sujeito a penalidades, desde a advertência até a cassação de alvará de funcionamento do estabelecimento infrator”, alerta.

A forma mais eficaz de condicionar sons é com um planejamento antes da execução da edificação por meio de um projeto acústico, usando geometria e aplicação de materiais adequados para atenuação de ruídos. Porém, edificações já concluídas podem ter problemas com relação à acústica: “Na maioria das vezes, adequar uma edificação pronta pode inviabilizar o negócio, pois os materiais acústicos tendem a ter custos elevados. Atualmente, existem softwares específicos de predição acústica que realizam as modelagens matemáticas e auxiliam na tomada de decisões sobre a atenuação do ruído”, informa a professora.

Para bares, boates e salões de festa, a especialista recomenda a instalação de materiais isolantes nas paredes, janelas, tetos e pisos, que vão reduzir a saída de som para o exterior. Outra maneira é colocar barreiras acústicas físicas, como paredes temporárias ou cortinas especiais “que podem ajudar a direcionar e bloquear o som, diminuindo a sua propagação para áreas vizinhas”, descreve.

Para eventos ao ar livre, a sugestão da professora é criar áreas designadas para tal em locais afastados de regiões residenciais, mas sempre com um monitoramento ativo por parte dos proprietários e organizadores: “O controle ativo dos níveis de pressão sonora durante os eventos pode evitar problemas com a vizinhança. Essa medida necessita de pessoal treinado para ajustar a intensidade sonora conforme a necessidade e manter os níveis de ruído dentro dos limites”, orienta.

Segundo Élida Jussara, estabelecer horários para eventos ao ar livre e o funcionamento de bares continua sendo uma abordagem eficiente: “Isso limita a exposição ao ruído durante períodos sensíveis, como à noite”, finaliza.

Como identificar níveis de som acima do permitido?

Segundo Élida Jussara, há equipamentos que medem a intensidade sonora, desde os mais simples, conhecidos como decibelímetro, até equipamentos mais sofisticados e precisos. “Esses dispositivos medem em decibéis os níveis de pressão sonora no ambiente e podem ajudar a determinar se os limites foram ultrapassados”, declara.

Existem ainda aplicativos de medição de ruído para smartphones. “Embora não sejam tão precisos em comparação com os medidores profissionais, podem oferecer uma estimativa dos níveis de ruído”, afirma. Contudo, a consultora em acústica frisa que, independentemente de ter os meios para verificar o nível sonoro, o cidadão pode fazer um registro formal do incômodo nos órgãos competentes ou até mesmo na polícia.

“O reclamante poderá ainda abordar, de forma pacífica e conciliadora, os proprietários dos estabelecimentos e organizadores de eventos, que podem não ter ciência de que os níveis de ruído estão impactando a vizinhança e, assim, tomar medidas para a redução, sem a intervenção do poder público”, revela a professora.