Desafios da arquitetura coorporativa para adaptar um ambiente em constante modificação
No cenário em constante evolução do ambiente de trabalho, o modelo híbrido continua a moldar a maneira como as empresas operam e como os profissionais conduzem suas carreiras. Segundo o relatório “The Future of Work Trends Forecast 2024” divulgado pelo IWG, entre 30% e 50% dos trabalhadores de escritórios continuarão adotando o trabalho híbrido a longo prazo. Essa tendência é respaldada pelo fato de que 75% dos CEOs entrevistados também esperam manter esse modelo nos próximos cinco anos.
Em resposta a essa mudança paradigmática, as empresas têm se adaptado, não apenas em termos de políticas de trabalho remoto, mas também quando o assunto é design de espaço físico. Maiara Faria, arquiteta especialista em arquitetura corporativa, destaca a necessidade de uma abordagem funcional e acolhedora nesse contexto. “As empresas precisaram se adaptar, principalmente devido ao espaço mais enxuto necessário para o revezamento dos colaboradores. É uma redução de custos positiva, porém, é crucial garantir que o espaço seja funcional e proporcione um senso de pertencimento”, ressalta Maiara.
No âmbito da arquitetura corporativa, essa adaptação implica em criar espaços flexíveis e multifuncionais. “As mesas de trabalho são compartilhadas, criando uma dinâmica semelhante a um coworking, onde ninguém é dono de uma mesa específica. Além disso, é essencial criar áreas para armazenamento, como lockers, e espaços para refeições, como copas bem equipadas”, explica a arquiteta. Maiara enfatiza que a arquitetura desempenha um papel crucial na retenção de talentos. “A qualidade do ambiente de trabalho influencia diretamente na decisão dos colaboradores em permanecer na empresa. A arquitetura não é apenas uma questão estética, mas sim um reflexo da cultura e dos valores da organização”, afirma.
A saúde e o bem-estar dos colaboradores também são considerações essenciais no design dos espaços corporativos. “Evitar o burn out é uma prioridade, e o ambiente físico desempenha um papel significativo nisso. Um espaço confortável, bem-iluminado e equipado contribui para o bem-estar dos funcionários e para sua produtividade”, destaca Maiara.
Além de promover o bem-estar individual, a arquitetura corporativa também é fundamental para fomentar a colaboração e a interação entre os membros da equipe, especialmente em um modelo híbrido. “O espaço físico serve não apenas como local de trabalho, mas também como ponto de encontro social e colaborativo. É essencial que a arquitetura proporcione elementos dinâmicos e confortáveis para facilitar essas interações”, conclui a arquiteta.
Ademais, elementos-chave para um projeto corporativo de interiores bem-sucedido incluem o profundo entendimento da cultura da empresa, sua identidade de marca e suas necessidades funcionais e logísticas diárias. Ouvir os funcionários desde o início do processo de design também é crucial para garantir que as soluções atendam às suas necessidades individuais, mesmo em um ambiente compartilhado.
“No contexto do modelo híbrido de trabalho, o desafio reside em proporcionar personalidade aos espaços corporativos, enquanto se mantém uma certa impessoalidade devido à natureza compartilhada das estações de trabalho”, explica Maiara. Isso requer investimento em armazenamento adequado, mobiliário ergonomicamente adaptável e espaços de descanso e reflexão para atender às diversas necessidades e estilos de trabalho dos colaboradores.
Para a arquiteta, a tecnologia desempenha um papel indispensável, garantindo uma rede Wi-Fi de qualidade, sistemas de cabeamento estruturado para segurança e automação para facilitar o controle remoto dos equipamentos. Além disso, envolver os funcionários no processo de design desde o início ajuda a garantir que as soluções atendam às suas necessidades específicas. “Olhando para o futuro, a modernização e a atualização dos espaços corporativos são fundamentais para atrair e reter talentos, especialmente para a geração Z, que valoriza o bem-estar e a inclusão”, finaliza.