Experiente, a arquiteta Cristiane Schiavoni relata como ela concilia a expressão religiosidade dos moradores no projeto de arquitetura de interiores
Cada um de nós possuímos nossa própria forma de viver a religiosidade, assim como buscamos maneiras de atrair as melhores energias para nosso lar. Independente de fé ou filosofia de vida, o fato é que as pessoas desejam ter um espaço mais tranquilo para que possam se reconectar com a força interior da fé e receber bençãos. A arquiteta Cristiane Schiavoni, do escritório que leva seu nome, já realizou projetos que receberam esses cantinhos especiais para orações ou meditações. Por isso, ela explica como a arquitetura de interiores pode colaborar. Confira!
Entendendo o desejo do cliente
Com sua experiência em idealizar soluções, a profissional conta que é comum o cliente não se sentir à vontade para comunicar o desejo de ter uma área dedicada à religião que professa. Mas com o caminhar da relação estabelecida durante a execução do projeto, é possível conhecer mais sobre o íntimo das pessoas.
“No geral eles [clientes] ficam mais reservados. Porém, conforme nossa relação prospera no quesito confiança e passa a saber mais sobre seus gostos, essas conversas acontecem naturalmente. Dessa forma, construímos juntos esses espaços que são tão importantes”, conta a arquiteta.
Ainda nesse hall de entrada, ao sair do elevador visitantes e moradores são gentilmente recebidos pela representação da fé católica. Para colocar as feições de Nossa Senhora de Guadalupe em destaque, Cristiane idealizou um ambiente com tons claros e a elegância do dourado que adorna a boiserie que, por sua vez, emoldura a obra de arte.
No quarto do casal, um oratório foi incorporado dando destaque às imagens da cliente que recebeu ainda uma estrutura em granito visando a segurança para a inserção de velas no nicho interno realizado pela arquiteta. A estrutura utilizou a parede inteira do corredor, dando profundidade e acolhimento para o restante do cômodo.
Ela também ressalta que esse local não precisa ser grande e pode estar em diversos pontos do projeto. “Discreto ou mais evidente, há sempre uma forma de estar próximo daquilo que pode ser interpretado como um elo para a fé”, analisa Cristiane.
O projeto acompanha a exteriorização da fé
A profissional conta também que a localização pode se dar tanto no espaço social ou na ala particular da morada e essa decisão depende exclusivamente do seu cliente. “Para quem busca um momento contemplativo no seu dia, minha proposta é que seja um local mais reservado e apto à concentração”, analisa.
Para proporcionar um altar budista, a arquiteta Cristiane recordar-se que o pedido do morador foi o de ter um lugar de deferência e não o de zazen ou meditação para repousar a mente. Assim, ela inseriu o altar em um dos corredores entre a área social e íntima dos quartos. A aplicação da marcenaria mais escura e sóbria propiciou o ambiente ideal para que o cliente possa realizar as práticas do budismo. “O propósito foi entregar uma decoração que resgatasse a história deles com referências da cultura japonesa”, conta Cristiane.
Bônus: luzes adequadas
A iluminação também é um ponto importante a ser considerado. Por essa razão, a arquiteta indica luminárias e lâmpadas com temperatura de cor branco quente (2400K a 3000K), luzes indiretas e peças com cúpulas (como abajures e arandelas), que auxiliam no bem-estar.