O cantor, compositor e percussionista celebra 18 anos de trajetória e lança o single ´´Acabou a Cheia“ e anuncia o primeiro álbum para este ano
A percussividade é uma das principais características sobre a música do cantor e compositor Leon Adan. Não bastasse a poética, o pernambucano navega entre as diversas possibilidades sobre a sua cultura, ao enaltecer as raízes da música tradicional, e a potência contemporânea com referências urbanas. Este é o universo que permeia o show do pernambucano nesta sexta-feira (03), em Curitiba, no SESC Paço da Liberdade, na Sala de Atos, a partir das 20h.
Neste show alusivo aos 18 anos de trajetória do artista, será a primeira apresentação ao vivo do novo single ´´Acabou a Cheia“, onde o universo sonoro do Manguebeat faz alusão à realidade da Ilha de Deus (PE), onde as vivências da comunidade recifense promovem o single responsável por anunciar o primeiro álbum do artista, com lançamento marcado para o segundo semestre deste ano, com a produção musical assinada por Leo Gumiero (ímã, Mulamba, Klüber Roseane Santos, RESP, Ankou e Gume).
Ao longo dos 18 anos de trajetória, Leon Adan ressignifica a importância sobre a sua história na música. Radicado em Curitiba, atualmente, ele sabe o quanto a cultura pernambucana conduz o seu desenvolvimento profissional, paralelamente, às novas perspectivas sob o olhar a partir do sul do país.
Em ´´Acabou a Cheia“, o single traz esta reflexão a partir da visita do artista à Ilha de Deus, em 2008, e após 16 anos, Leon faz o lançamento da música, onde a letra deixa clara a relação entre a resistência e a sonoridade afro-indígena resplandecida pela cultura do Manguebeat.
“Eu fiz a música após uma visita à Ilha de Deus, uma ilha artificial no meio dos rios de Recife e reconhecida pela população negra e pela atividade marisqueira. Então, é uma favela com várias palafitas. A situação, em 2008, era bem precária, hoje está bem melhor. Eu tomei a favela como uma mestra, eu aprendi com a realidade local, é muito impactante. Toda a letra veio depois que eu me perguntei como é que essas pessoas fazem quando tem uma cheia e chove muito. A letra toda partiu daí”, rememora Leon Adan.
Das águas que fazem a cheia, à historicidade da própria comunidade, letra e história entrelaçam-se às experiências do artista e as diversas particularidades da sua personalidade musical. Há quase duas décadas, a faixa que abre o álbum traz a multiplicidade artística do percussionista, cantor e compositor. Embora ´´Acabou a Cheia“ seja originalmente um coco, a identidade musical do single é marcada pelas características do Manguebeat.
“´Acabou a Cheia` é a música que mais conversa com a cultura pernambucana e o Manguebeat. Foi a primeira música que eu compus, em 2008. Originalmente era para ser um coco e eu quis fazer uma nova roupagem, e naturalmente, conversando com os músicos, o manguebeat veio. A letra fala sobre enchente, às cheias, caranguejo, e tem essa relação genuína com a cultura pernambucana que eu aprendi a fazer”, revela.
A fusão entre o tradicional e a contemporaneidade é uma viés que, segundo Leon Adan, só foi possível a partir da produção musical assinada pelo multi-instrumentista Leo Gumiero. A relação entre eles aconteceu exclusivamente para a produção das faixas que integram o álbum. Para Leo Gumiero, a conexão a partir da musicalidade regional e as possibilidades contemporâneas, foram imprescindíveis para desenvolver a história musical cantada por Leon.
“A música fala sobre a resistência e a relação da comunidade viva ali. Embora seja dançante, a canção aborda essa questão sobre o desespero e a precariedade. São dois pólos distintos, e ainda tem o lugar solar dela com o Manguebeat. Eu trago as referências das bandas de afrobeat que eu gosto, o sintetizador e as melodias pentatônicas. Por isso, eu trouxe nos synths, as referências para outras linguagens. Existe esse flerte entre o tradicional e o moderno”, promove Leo Gumiero.
Da cultura popular, ciranda, forró, rabecado, forró de pífano, maracatu, coco e o universo do Manguebeat anunciam o primeiro álbum do Leon Adan que, segundo o próprio artista, conceituar a sonoridade do seu projeto de estreia, seria diminuir as possibilidades oníricas evocadas pela sua raíz.
Ainda que o artista tenha consciência sobre o relacionamento com a indústria fonográfica, ser um nordestino radicado no sul do país, é um fato que não o limita sobre a difusão da sua arte em diálogo constante entre as referências modernas, urbanas e a devoção ao tradicional.
“A busca por uma linguagem moderna foi um elo para o desenvolvimento sem fazer uma identidade inteiramente pernambucana, sem levantar bandeiras com a música regional ou local. A música é universal. Eu chorei várias vezes durante o processo, o Leo Gumiero entregou além do que eu imaginava. Foi muito prazeroso trabalhar com ele, foi uma troca que causou um casamento musical”, brinca.
Composição de Leon Adan, ´´Acabou a Cheia“ está disponível pelas principais plataformas de streaming com distribuição pela ONErpm. A música conta com a participação de Alisson Santos (guitarras), Murilo Macari (contrabaixo), Dani Dalessa (bateria), e os vocais de Amanda Sartor, Camilo Leão, Dayá, Felipe Figueiredo, Igor Bacelar, Júlia Moretti e Paula Quintella. A produção musical e sintetizadores são de Leo Gumiero.
“Eu sou da cultura popular, da cultura de rua. Foi assim que eu aprendi a compor. Eu sinto que ´Acabou a Cheia` é uma conexão com as raízes pernambucanas. Mas eu sempre faço um diálogo com o mundo, entre as referências modernas e urbanas. A ideia é sempre fazer esse diálogo”, destaca.
Com direção musical de Leo Gumiero, o show com Leon Adan reúne os músicos Bruna Buschle (baixo), Dani Dalessa (bateria), Luis Fernando Diogo (percussão) e Murilo Macari (guitarra), a partir das 20h, na Sala de Atos do SESC Paço da Liberdade, com ingressos a partir de R$10.
Serviço
Show com Leon Adan
Onde: SESC Paço da Liberdade – Sala de Atos
Endereço: Praça Generoso Marques, 189
Quando: 03 de maio (sexta-feira)
Ingressos: A partir de R$10
Horário: A partir das 20h
Informações: (41) 3234-4200