Apesar do baixo número de exames de rastreio de câncer de mama realizados, a região apresenta o melhor índice do Brasil
A cobertura de mamografias para rastreio do câncer de mama no Sul foi de apenas 24,3% entre 2021 e 2022, apresentando uma queda de 7% em comparação ao período de 2015 a 2016. Os dados foram divulgados pelo Panorama do Câncer de Mama, levantamento realizado pelo Instituto Avon em parceria com o Observatório de Oncologia com base em informações do DATASUS, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS). O indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a cobertura mamográfica alcance pelo menos 70% da população-alvo para realização dos exames – no caso do Brasil, mulheres entre 50 e 69 anos.
O estado com maior taxa de cobertura de mamografias na rede pública da região foi o Paraná (25,7%), seguido por Rio Grande do Sul (25,4%) e Santa Catarina (20,3%). O Paraná também foi o terceiro estado com a maior cobertura do biênio em comparação a todos os estados do Brasil, ficando atrás apenas de Alagoas (29,9%) e São Paulo (26,6%). Apesar dos índices também estarem muito abaixo do recomendado pela OMS, o Sul foi a região brasileira com os melhores indicadores em termos de cobertura de exames de rastreio para câncer de mama.
“Dados como esses são fundamentais para compreender onde a rede pública de saúde desses estados deve investir esforços para ampliar e aprimorar o atendimento à população feminina de cada local, contribuindo, também, para expandir a conscientização sobre saúde das mamas e a importância da detecção precoce da doença. De acordo com a OMS, 35% das mortes pela condição podem ser reduzidas se os exames de rastreio forem realizados regularmente. Além disso, quando o diagnóstico é obtido ainda em estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%, o que também melhora a qualidade de vida da paciente”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
O Sul apresentou a maior incidência de câncer de mama em todos os anos da realização do estudo – de 2015 a 2022 – em comparação ao restante do país, com 80,8 casos novos por 100 mil mulheres apenas em 2022. A região também apresentou o terceiro maior número de casos novos de câncer de mama do país, com 76.834 registros entre 2015 e 2022 – correspondente a 20,5% do total nacional. O Rio Grande do Sul ficou entre os estados com a maior quantidade de casos novos do território brasileiro, com 5.133 notificações, atrás apenas de São Paulo (12.613) e Minas Gerais (7.333).
Em relação aos procedimentos para tratamento da doença, o Rio Grande do Sul ficou em terceiro lugar entre os estados que mais realizaram quimioterapia em seus pacientes de câncer de mama em comparação ao restante do país, com 10,7% do total nacional, atrás somente de São Paulo (25,4%) e Minas Gerais (11,9%). No caso do número de radioterapias, o Rio Grande do Sul também ficou na terceira posição (8,9%), enquanto São Paulo (24,2%) e Minas Gerais (13,7%) ficaram à frente.
Em contraponto, o Rio Grande do Sul teve o segundo pior desempenho entre 2015 e 2021 em tempo para início do tratamento de pacientes com câncer de mama, com uma média 255 dias entre o recebimento do diagnóstico e o início do processo terapêutico para a condição – quatro vezes mais do que o período indicado pela Lei dos 60 Dias (Lei nº 12.732/2012), que garante que pacientes com câncer tenham acesso ao tratamento em até, no máximo, 60 dias após terem a doença confirmada pela biópsia.
Junto com São Paulo, o Rio Grande do Sul apresentou o menor percentual de diagnósticos em estadiamento 3 ou 4 – os níveis mais graves da doença – com 33% dos resultados entre 2015 e 2021. Santa Catarina ficou logo em seguida, com 34,8% isso pode ser reflexo de ser o estado com os melhores resultados de cobertura de mamografias.
“O Brasil é um país continental e diverso, por isso a atenção oncológica em cada região precisa ser planejada e executada de maneira direcionada às necessidades loco regionais. Precisamos, com urgência, trabalhar intensamente para que todas as brasileiras, independentemente de raça, classe social, local de residência e questões econômicas, tenham acesso à informação sobre a importância de realizar os exames preventivos e, sobretudo, que possam ter garantia de acesso igualitário à cobertura de mamografia, diagnóstico precoce e tratamento adequado e oportuno de qualidade”, diz Dra. Catherine Moura, médica sanitarista e líder do Observatório de Oncologia.
Impacto da pandemia na cobertura mamográfica da região
No auge da pandemia de Covid-19, em 2020, o Sul apresentou uma queda de 41,9% na realização dos exames para rastreio de câncer de mama em comparação a 2019. O Paraná foi o estado mais impactado da região, com uma redução de 47,1%, seguido por Santa Catarina (45,6%) e Rio Grande do Sul (34,7%). Em 2022, a região já apresentou uma pequena recuperação , com uma queda de apenas 2,7% em comparação ao mesmo período.
A pesquisa
Para a construção do Panorama do Câncer de Mama, foi realizado um estudo observacional transversal com informações públicas dos Sistemas de Informação Ambulatorial (SIA), Hospitalar (SIH) e Mortalidade (SIM) do DATASUS e de Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Originalmente lançada em 2022, a plataforma agora conta com dados atualizados e melhor funcionalidade. Além disso, ela deve ser alimentada anualmente com novas informações fornecidas pelo Ministério da Saúde. @webershandwick.com.br
Saiba mais em www.panoramacancerdemama.com.