Rafael Guazeelli - Advogado Especialista em Direito Tributário e do Agronegócio

O interesse por alimentos orgânicos é cada vez maior, e consumidores e produtores enfrentam desafios para garantir que os produtos comercializados atendam aos padrões rigorosos estabelecidos para a produção orgânica. A demanda por alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos impulsiona um mercado que, cada vez mais, exige transparência e confiabilidade. No entanto, como assegurar que esses produtos são verdadeiramente orgânicos? O advogado Rafael Guazelli, especialista em direito do agronegócio, do consumidor e ambiental, oferece uma visão detalhada sobre as previsões legais do setor e a importância da rastreabilidade, do controle de qualidade e das certificações no processo.

A rastreabilidade é um componente essencial para garantir a autenticidade dos alimentos orgânicos. Esse processo envolve o monitoramento de toda a cadeia produtiva, desde o cultivo até a chegada do produto às prateleiras. A rastreabilidade eficaz permite que cada etapa da produção seja documentada, fornecendo um histórico completo do produto. Isso não só garante a conformidade com os padrões orgânicos, mas também aumenta a confiança do consumidor.

Rafael Guazelli explica que a implementação de sistemas de rastreabilidade exige um esforço conjunto entre produtores, cooperativas e órgãos reguladores. “A legislação brasileira já estabelece diretrizes para a rastreabilidade de alimentos, mas é fundamental que os produtores entendam a importância de seguir esses procedimentos rigorosamente”, destaca o especialista. Ele também ressalta que a tecnologia pode ser uma grande aliada, com o uso de softwares e plataformas digitais que facilitam o acompanhamento de todo o processo produtivo.

Além da rastreabilidade, o controle de qualidade é vital para assegurar que os alimentos orgânicos mantenham sua integridade. Isso inclui testes regulares e auditorias para verificar se os produtos atendem aos critérios estabelecidos para a produção orgânica. As certificações são a forma mais reconhecida de validar esse processo, oferecendo uma garantia adicional aos consumidores de que os produtos foram cultivados de acordo com os padrões orgânicos.

Os selos de certificação, como o “Orgânico Brasil”, são emitidos por organizações certificadoras credenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Guazelli ressalta que obter essas certificações é uma questão de conformidade e, também, de competitividade no mercado. “Os selos de certificação funcionam como um diferencial para os produtos orgânicos, aumentando sua aceitação no mercado e permitindo que os produtores possam atingir um público mais amplo e exigente”, afirma.

Orientação jurídica e necessidade de contratos

A assessoria jurídica desempenha um papel fundamental na orientação dos produtores e cooperativas sobre as necessidades de contratos e certificações. Segundo o Dr. Rafael Guazelli, um bom contrato deve incluir cláusulas específicas sobre o cumprimento dos padrões orgânicos, garantindo que todas as partes envolvidas na cadeia produtiva estão cientes e comprometidas com esses requisitos.

“Os contratos bem elaborados são essenciais para evitar litígios e garantir que os produtores cumpram as normas de produção orgânica”, explica. Ele também enfatiza a importância de estar atualizado com as mudanças na legislação e as novas exigências regulatórias que podem surgir. “A orientação jurídica pode ajudar os produtores a entenderem suas obrigações e a implementar práticas que assegurem a conformidade com as leis vigentes”, pontua o especialista.

Passo a passo para produtores e cooperativas

Para obter e manter as certificações orgânicas, os produtores e cooperativas devem seguir um passo a passo que inclui:

Adesão às Normas Orgânicas: Entender e implementar todas as normas estabelecidas para a produção orgânica, desde o uso de sementes até o manejo do solo e controle de pragas.
Documentação Detalhada: Manter registros detalhados de todas as etapas da produção, incluindo o uso de insumos permitidos e práticas agrícolas.
Auditorias e Inspeções: Submeter-se a auditorias e inspeções regulares por parte das organizações certificadoras para garantir a conformidade contínua.
Atualização Constante: Manter-se atualizado sobre as mudanças na legislação e adaptar as práticas de produção conforme necessário.
Consultoria Jurídica: Contar com a orientação de uma assessoria jurídica especializada para elaborar contratos robustos e garantir que todas as obrigações legais sejam cumpridas.
A busca pela certificação orgânica é um investimento no futuro da agricultura sustentável e na saúde dos consumidores. Com a orientação correta e o cumprimento rigoroso das normas, é possível garantir que os alimentos vendidos como orgânicos realmente tenham essa procedência, contribuindo para um mercado mais transparente e confiável.