Neurologista do Pilar Hospital detalha as características da doença que pode acometer também pacientes jovens e adultos
Cerca de 4 milhões de pessoas convivem com o Parkinson ao redor do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença neurodegenerativa é a segunda mais frequente e acomete, na maioria dos casos, pessoas acima dos 60 anos. No entanto, publicações da Fundação Michael J. Fox, dedicada exclusivamente ao tema, revelam que entre as pessoas diagnosticadas, cerca de 10% a 20% têm 50 anos ou menos. A doença que é tradicionalmente relacionada ao envelhecimento, pode atingir também pessoas adultas e, até mesmo, jovens.
Chamado de Parkinson juvenil, o quadro não se difere em relação às causas. “Assim como nos pacientes mais velhos, a doença de Parkinson está associada à degeneração de uma área do sistema nervoso central, que chamamos de substância nigra, resultando em menor produção de dopamina. Atualmente, existem várias mutações genéticas descritas e associadas a essa degeneração”, explica Ana Dalmônico, neurologista do Pilar Hospital.
Por essa razão, não existem medidas de prevenção conhecidas até o momento para o Parkinson. O primeiro passo a ser tomado é estar alerta aos sintomas gerados pela doença, como pequenos tremores, dificuldade na escrita, perda da mímica facial e, até mesmo, a percepção de diminuição do volume da voz.
“O cuidado a se tomar em pacientes jovens é que, a tendência geral é atribuir os sintomas a outras doenças que não a doença de Parkinson. É o que acontece também, por exemplo, nos casos de AVC em jovens, que podem ter seu diagnóstico retardado devido à menor prevalência desses casos. É muito comum que esses pacientes tenham seus sintomas associados, equivocadamente, a quadros emocionais ou psiquiátricos”, alerta.
Entretanto, com o avanço da medicina e das tecnologias na área da saúde, a doença pode ser identificada em exames neurológicos detalhados. O acompanhamento médico especializado, por sua vez, é imprescindível para o diagnóstico do quadro e o início do tratamento que, especialmente no caso de pessoas mais jovens, contribui para o prognóstico de preservação da qualidade de vida dos pacientes. Além disso, de acordo com a especialista, o tratamento precoce ainda minimiza a velocidade de evolução de sintomas e facilita a manutenção da independência funcional.
Entre medicações, sessões de reabilitação e, em certos casos, tratamento cirúrgico, Dalmônico destaca que o tratamento do Parkinson juvenil é semelhante ao dos casos tardios. A maior diferença se dá, porém, na evolução da doença em pessoas mais jovens. “Costumam ocorrer menos alterações de memória e de equilíbrio, por exemplo. Por outro lado, os pacientes tendem a ter maior quantidade de movimentos involuntários, que chamamos de discinesias, e de contrações musculares dolorosas, as distonias”, detalha a médica.