Por trás das histórias dos quase nove em cada dez brasileiros internados que recebem alta de UTIs, estão hospitais reconhecidos pela segurança assistencial e humanização do atendimento
Um ambiente onde médicos intensivistas e equipes multiprofissionais se dedicam incansavelmente a homens e mulheres no limiar da luta pela sobrevivência. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a complexidade do tratamento se une à mais avançada tecnologia para garantir o melhor cuidado aos pacientes em estado grave. Ali, o silêncio é interrompido pelo som rítmico dos aparelhos, pelas conversas sussurradas entre profissionais e pelos passos rápidos no corredor. É nesse cenário de trabalho intenso e coordenado que quase nove em cada dez brasileiros internados recebem alta, conforme dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Os números da Amib fazem parte do Projeto UTIs Brasileiras, que revela que a taxa de sobrevivência nesses ambientes chega a 84%, com uma concentração significativa de internações entre idosos. Para alcançar tais resultados, as unidades de saúde priorizam a segurança assistencial e a humanização do atendimento. É o que acontece nos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru que, pelo segundo ano consecutivo, figuram na lista de melhores UTIs do Brasil, divulgada pela Amib. O Hospital São Marcelino Champagnat foi contemplado com o selo Top Performer, sendo o único do Paraná a receber esse reconhecimento, enquanto o Hospital Universitário Cajuru obteve o título de UTI Eficiente.
“O nosso trabalho nas UTIs deve sempre ser baseado em evidências científicas e no constante avanço do conhecimento médico. Embora a tecnologia e os equipamentos de ponta sejam fundamentais, é a combinação disso com a execução meticulosa das práticas que assegura a precisão dos resultados”, analisa a coordenadora das UTIs dos hospitais que fazem parte da frente de saúde do Grupo Marista, Viviane Chaiben. “A tomada de decisão deve focar no melhor para o paciente, considerando o prognóstico e antecipando problemas com estudo e alertas constantes. No contexto do SUS, destacamos a importância do atendimento de excelência e do toque humano insubstituível”, complementa.
Histórias que marcam
Pacientes em estado crítico recebem não apenas cuidados médicos, mas também a dedicação e a expertise de profissionais empenhados em oferecer o melhor tratamento possível. Entre tantas histórias marcantes para aqueles que trabalham em UTIs, a médica intensivista Viviane Chaiben lembra especialmente do paciente Felipe Mader Vieira, que tem o mesmo nome de seu filho. Internado no Hospital Universitário Cajuru com um quadro abdominal grave e suspeita de câncer, Felipe passou por mais de seis reanimações cardiorrespiratórias e enfrentou cinco horas ininterruptas de cirurgia dentro da própria UTI. “Lembro de entrar na unidade, me deparar com ele sofrendo mais uma parada cardiorrespiratória e, naquele momento, afirmar para mim mesma que o paciente precisava sobreviver. Ele tinha apenas 16 anos e merecia ter a chance de tratar o câncer”, recorda a médica.
Formados por profissionais de terapia intensiva, os times de resposta rápida atuam com agilidade nas UTIs, resolvendo emergências e otimizando cada segundo na luta pela vida. Eles contam com inovação, recursos técnicos e, principalmente, com a capacidade de tomar decisões ágeis e eficazes. No caso de Felipe, a atuação desse time foi crucial para sua sobrevivência e transferência para um hospital especializado no tratamento de câncer de intestino. “Após a transferência, continuei acompanhando a sua recuperação a distância e fiquei imensamente feliz ao receber a notícia de sua cura. Um tempo depois, fui surpreendida com um gesto de gratidão: docinhos que a família enviou para celebrar e expressar a alegria por ele estar bem e vivo”, relata Viviane.
Ao todo, foram quase três meses internado ininterruptamente em UTIs de hospitais de Curitiba (PR). Para o paciente Felipe, hoje com 20 anos, o trabalho incansável da equipe multiprofissional foi determinante para sua plena recuperação, permitindo-lhe retornar para casa e recomeçar sua vida. “Tenho um sentimento enorme de gratidão e carinho por quem me cuidou durante o meu processo de cura. Todo dia eu agradeço pela vida e por estar bem”, compartilha.
Trabalho em equipe
A rotina dos médicos intensivistas e das equipes multiprofissionais nas UTIs é uma combinação de ciência, humanidade e resiliência. Longe dos holofotes, eles trabalham dia e noite para restaurar o direito à vida, compreendendo a importância do esforço coletivo. “Cada membro da equipe multiprofissional desempenha um papel crucial, e a sinergia entre todos é indispensável para alcançar o bem-estar e a recuperação dos pacientes. Sabemos que não há espaço para o sucesso individual, e que a colaboração mútua entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas é o que garante uma abordagem integrada e eficaz no tratamento”, explica a médica intensivista dos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru.
Com o aumento da expectativa de vida da população e o avanço das doenças crônicas, a demanda por leitos de UTI tem crescido significativamente. Por isso, Viviane Chaiben destaca que a terapia intensiva precisa estar no centro das operações hospitalares. “Ao coordenar o cuidado e otimizar o uso de todos os recursos e equipamentos disponíveis, o médico intensivista gerencia sistemas complexos de suporte, assegurando que cada aspecto do tratamento seja ajustado com precisão para maximizar a recuperação dos pacientes críticos. É fundamental oferecer um acolhimento integral que inclua as famílias, alivie a ansiedade e o sofrimento, e forneça uma compreensão clara das possíveis direções e perspectivas que se apresentam”, finaliza.