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Ar seco aumenta o risco de infecção em usuários de lentes de contato

Ar seco aumenta o risco de infecção em usuários de lentes de contato

Maior evaporação da lágrima, multiplicação de patógenos no ar e falhas na higiene são os gatilhos.

Ar seco aumenta o risco de infecção em usuários de lentes de contato
<eutropia@ldccomunicacao.com.br>

O uso de lentes de contato aumenta ano a ano no Brasil, já ultrapassa 3 milhões, e vem acompanhado pelo crescimento de ceratite infecciosa, inflamação da córnea, lente externa do olho. A extrema baixa umidade em todo o País, aumenta a evaporação da lágrima e deixa os usuários ainda mais vulneráveis.  Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier e membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), a diminuição da lágrima somada ao aumento de poluentes no ar, mais o fato da lente ficar apoiada na borda da córnea, aumenta o atrito e pode tornar o uso bastante desconfortável.  A estimativa internacional, comenta, é de que em países tropicais como o Brasil a ceratite bacteriana é a mais comum, mas pode também ser causada por vírus, fungos e acanthamoeba.

 

Grupo de risco

Por aqui o grupo de maior risco são os jovens de 15 a 25 anos. Um levantamento realizado pelo especialista nos prontuários de 320 pacientes do hospital que usam lente de contato mostra que esta faixa etária tem hábitos pouco seguros.  Os mais graves enumerados pelo oftalmologista são: deixar de lavar as mãos antes de manusear as lentes, entrar no banho ou praticar esportes aquáticos usando lente e dormir com elas. Queiroz Neto explica que dormir com lentes de contato ou usar além do tempo prescrito reduz a entrega de oxigênio à córnea. Isso aumenta em até dez vezes a chance de ceratite bacteriana que podem levar à úlcera na córnea, cicatrizes que diminuem a acuidade visual, podendo até causar a perda da visão.

 

Porque o contato com água de repente cega

O oftalmologista observa que o fato de uma pessoa entrar no chuveiro usando lente e não ter na sequência uma ceratite por acanthamoeba spp., protozoário de vida livre na água, não quer dizer que vai ser sempre assim. Primeiro, porque nossa resposta imunológica oscila. Além disso, a acanthamoeba spp.  possui diferentes cepas com variações na produção de proteases e na capacidade de formar cistos que influem na gravidade da infecção. “Quem não se lembra de Lara Brandão Tironi que este ano viralizou no TikTok relatando aos seguidores a perda da visão associada ao uso de lente de contato no banho que favoreceu a contaminação da córnea por acanthamoeba?

 

Sintomas e tratamento

Queiroz Neto afirma que a córnea responde por 60% de nossa refração e pode ser contaminada por bactéria, vírus, parasitas ou fungos.  Os sintomas são:

  • Dor nos olhos
  • Vermelhidão
  • Fotossensibilidade
  • Visão borrada.

A recomendação é interromper o uso da lente de contato a qualquer um desses sintomas. O tratamento da ceratite varia de acordo com o tipo de microrganismo e é sempre uma emergência que deve ter acompanhamento médico. Quando a córnea é acometida por bactérias  o tratamento é feito com colírios antibacterianos, fluoroquinolonas, como moxifloxacino. Em casos graves, são necessários antibióticos fortificados ou até mesmo cirurgia, como transplante de córnea, para restaurar a integridade ocular. No caso de infecções por fungos ou amebas, colírios antifúngicos ou antiparasitários são prescritos, muitas vezes em conjunto com antibióticos. 

No caso de ceratite viral o tratamento pode incluir colírio antiviral, como o de trifluridina ou gel de ganciclovir. Em quadros graves pode ser necessário o uso de medicamento oral ou intravenoso como o aciclovir.

 “O uso de colírio inadequado pode mascarar a infecção, levar a sequelas graves e até cegueira por perfuração do olho, sobretudo nos casos de ceratite viral ou fúngica. Outro problema são os efeitos colaterais. Uma gotinha pode fazer diferença em seu mrtabolismo. Por isso, nunca instilo colírio em seus olhos sem prescrição médica”, salienta.

Prevenção e manutenção

Queiroz Neto ressalta que a recomendação da Academia Americana de Oftalmologia é sempre utilizar solução higienizadora de dupla ação com 0,6% de peróxido de hidrogénio tanto na higienização com no enxague da lente e estojo para matar os dois estágios de vida da acanthamoeba. Para os alérgicos, ressalta que a solução não vai ser colocada no olho, mas na lente. Quem sente irritação nos olhos, deve enxaguar a solução utilizada na lente com um blister de dosagem única de soro fisiológico para evitar o desconforto.

As recomendações do oftalmologista para prevenir a contaminação da córnea são:

1 Faça a adaptação com um oftalmologista

2 Lave e seque as mãos antes de manusear a lente

3 Esfregue e enxague as lentes e o estojo com solução higienizadora de dupla ação com 0,6% de peróxido de hidrogênio, única que elimina acanthamoeba.

4 Em caso de sensibilidade à solução higienizadora enxague com uma ampola/dose única de soro fisiológico antes de colocar as lentes nos olhos.

5 Troque a solução do estojo diariamente e o estojo a cada 3 meses

6 Higienize diariamente os cílios com xampu neutro

7 Retire as lentes antes de dormir

8 Nunca entre no banho, mar ou piscina usando lente de contato

9 Não use lente vencida.

10 Caso sinta algum desconforto com sua lente interrompa o uso.

11 Lembre-se: Lentes desconfortáveis sinalizam depósitos e necessidade de higienização profissional.

12 Mantenha os olhos hidratados com colírio lubrificante

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