Cerca de 20% da população mundial possui refluxo gastroesofágico. No Brasil, a porcentagem é menor, em torno de 12% das pessoas sofrem com a doença. Mas, afinal, o que é o refluxo gastroesofágico? É o retorno do conteúdo alimentar presente no estômago de volta para o esôfago e isso pode causar inflamações locais, além de diversos outros problemas à saúde.
O cirurgião gastrointestinal Henrique Wiederkehr, do COP – Centro de Oncologia do Paraná, explica que a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma condição comum, onde o ácido do estômago vaza para o esôfago (garganta). “Isso geralmente ocorre pelo fato de o anel do músculo na parte inferior do esôfago ficar enfraquecido. A pessoa começa a sentir azia e um gosto desagradável na parte de trás da boca. Às vezes, pode ser apenas um incômodo ocasional, mas também pode ser um problema grave para toda a vida.”
A doença digestiva costuma aparecer quando é feita uma alimentação desregrada, com maior ingestão de carboidratos, fast foods, refrigerantes, derivados da cafeína, frutas cítricas e pimentas, por exemplo. Porém, há outras causas para o refluxo surgir, como alguns hábitos não muito saudáveis, como comer e deitar depois, ter sobrepeso ou obesidade, mastigar rápido, usar determinados medicamentos, ter hérnia de hiato. “O tabagismo e o alcoolismo também são causas relacionadas ao refluxo”, destaca Dr. Henrique Wiederkehr.
Fique atento aos sinais do refluxo:
. Azia (sensação desconfortável de queimação no peito que geralmente ocorre depois de comer);
. Refluxo ácido (onde o ácido estomacal volta para a boca e causa um sabor desagradável e azedo);
. Esofagite (esôfago inflamado e dolorido);
. Mau hálito;
. Inchaço e arrotos;
. Dor ao engolir e/ou dificuldade para engolir.
“Para controlar os sintomas do refluxo gastroesofágico, é preciso fazer algumas mudanças de estilo de vida, ter uma alimentação adequada e balanceada e fazer uso de medicamentos que podem ser por curto ou longo período. Se necessário, busque a ajuda de um cirurgião digestivo para avaliar se há a necessidade de um procedimento cirúrgico. O importante é a pessoa se sentir melhor e ter qualidade de vida”, ressalta o cirurgião gastrointestinal.
Refluxo “vira” câncer?
Esta é uma pergunta que muitos pacientes acabam fazendo no consultório e dúvida de tantas outras pessoas e Dr. Henrique faz o alerta: “O refluxo gastroesofágico não é tão inofensivo quanto parece. Episódios repetidos de DRGE às vezes podem levar a alterações nas células no revestimento do esôfago inferior (esôfago de Barrett), que, geralmente, não causam sintomas perceptíveis além daqueles causados pela DRGE, mas há risco pequeno de que as células alteradas possam se tornar cancerígenas. Então a resposta é sim, pode se tornar um câncer de esôfago”.