Novembro Azul: Especialista de Curitiba responde às principais dúvidas sobre o câncer de próstata

Doença oncológica é silenciosa em estágio inicial, mas a ausência de sintomas não deve desencorajar a realização de exames de rastreamento em populações de risco

Novembro Azul: Especialista de Curitiba responde às principais dúvidas sobre o câncer de próstata

Os cuidados com a saúde do homem, que ficam mais evidentes nas campanhas de conscientização do Novembro Azul, levam a uma atenção especial para o câncer de próstata, abordando sobre sua prevenção e diagnóstico precoce. A neoplasia, que já é a segunda mais frequente no país e tem estimativa de 250 ocorrências neste ano em Curitiba, não ocorre apenas em idosos.

“A incidência entre jovens tem aumentado globalmente, com condições como obesidade, inatividade física e exposição a carcinógenos ambientais sendo consideradas possíveis contribuintes”, afirma a oncologista Marina Bachmann Guimarães, da Oncoclínicas Curitiba. “O surgimento em indivíduos com menos de 55 anos não é incomum, e fatores étnicos, familiares e genéticos podem influenciar seu início precoce”, observa.

Ter um parente de primeiro grau com esse diagnóstico representa uma possibilidade significativamente maior de desenvolver a doença oncológica, especialmente se o familiar tiver essa constatação antes dos 60 anos. “A presença de síndromes hereditárias, como a câncer de mama e ovário e a de Lynch, também está associada a um risco aumentado. Portanto, a história familiar é um dado importante a ser considerado e pode influenciar as decisões sobre triagem e vigilância”, destaca a oncologista.

Outro tema que costuma gerar dúvidas é a rotina preventiva. A especialista frisa que atualmente o exame de PSA (antígeno prostático específico) no sangue é amplamente utilizado no acompanhamento e, em alguns casos, pode reduzir a necessidade do toque retal. “O aumento da taxa geralmente precede a recorrência da doença. No entanto, o toque retal ainda pode ser útil em casos específicos, como em pacientes com tumores de alto grau que podem não produzir quantidades significativas de PSA. Essa avaliação pode também ser utilizada para detectar outros tipos de câncer, como o retal e anal”, complementa.

Esclarecendo algumas dúvidas:

– Câncer de próstata no estágio inicial não tem sintomas?

Em estágio inicial costuma ser assintomático e a descoberta frequentemente ocorre por meio de exames de rastreamento, como o teste do PSA ou do toque retal.  Embora situações como dificuldade para urinar, fluxo urinário fraco, sangue vivo na urina e disfunção erétil possam estar associadas, são mais comumente relacionadas a condições benignas, como a hiperplasia prostática. A percepção de que sintomas urinários são indicadores precoces pode atrasar a apresentação e um diagnóstico precoce, já que o tumor geralmente se desenvolve na zona periférica da próstata, longe da uretra.

– A atividade física regular é importante na prevenção?

A literatura médica sugere que a prática de exercícios      pode estar associada a uma redução do risco de desenvolvimento desta doença oncológica. A obesidade e o sedentarismo são indicadores conhecidos para vários tipos de neoplasias, e o exercício pode ajudar a mitigar esse cenário ao melhorar a composição corporal e reduzir a inflamação sistêmica. A atividade física também pode aumentar a sobrevida e a qualidade de vida de      pacientes que já têm o diagnóstico. Os mecanismos biológicos propostos incluem a modulação de hormônios sexuais, a melhora da sensibilidade à insulina e a redução do estresse oxidativo. Portanto, promover um estilo de vida ativo pode ser uma estratégia eficaz para prevenir e melhorar resultados clínicos.

– Aumento do PSA é sinal de câncer de próstata?

O aumento dos níveis de PSA      não é um indicativo definitivo. Índices elevados podem surgir devido a várias ocorrências benignas, como hiperplasia prostática benigna ou prostatite (inflamação da próstata).  Podem, ainda, variar com a idade, e é comum que aumentem com o envelhecimento, mesmo na ausência de câncer. A interpretação deve ser contextualizada junto a outros fatores clínicos, como o toque retal, histórico familiar, etnia e resultados de biópsias anteriores. É importante discutir os resultados com o médico especialista, que pode ajudar a interpretar os dados e determinar os próximos passos.

– Câncer de próstata causa impotência?

Não causa impotência diretamente, mas os tratamentos frequentemente resultam em disfunção erétil. As principais modalidades, como prostatectomia radical, radioterapia e terapia hormonal, estão associadas a um risco significativo desse distúrbio. sexual. A prostatectomia radical, especialmente quando não é possível preservar os nervos cavernosos, é uma causa comum de ocorrência do problema pós-tratamento, bem como a radioterapia, embora o início possa ser mais tardio em comparação com a cirurgia. A terapia hormonal, por sua vez, pode afetar a libido e a função erétil devido à supressão dos níveis de testosterona. Além dos efeitos fisiológicos, o diagnóstico pode ter um impacto psicológico. Portanto, é importante considerar todo o contexto ao avaliar a função sexual desses pacientes.

– Vasectomia aumenta risco de câncer de próstata?

Essa relação tem sido estudada, mas os resultados não são conclusivos. Em geral, a maioria das evidências não apoia a ideia de que a vasectomia cause câncer de próstata. A decisão de realizar o procedimento deve ser baseada em considerações sobre contracepção e saúde em geral.

–  Andar de bicicleta ou a cavalo aumenta o risco de câncer?

Essas práticas não estão diretamente relacionadas ao aumento do risco de desenvolvimento da neoplasia. No entanto, o ciclismo pode influenciar os níveis de PSA, o que pode interferir      na interpretação dos resultados em exames de rastreamento. Essas atividades podem estar associadas a desconforto ou inflamação.  Por essa razão, é importante que sejam realizadas de forma adequada, com o uso de equipamentos apropriados, como selins ergonômicos e boa postura, para minimizar qualquer possibilidade de lesão.

juliane@moglia.com.br

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