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iBusiness discute problemas reais dos provedores de internet

 

Prossegue hoje em Foz do Iguaçu, o maior encontro de Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC) do Paraná, o iBusiness 2018. Organizado pela Associação Nacional das Empresas de Soluções de Internet e Telecomunicações (REDETELESUL), o evento está acontecendo no Hotel Golden Park Internacional Foz.

Entre outros assuntos, serão discutidos hoje, à partir das 10h15, temas como “Separação do SCM e SVA e o Planejamento Tributário para o Provedor”, “Desafios dos Provedores Regionais na gestão de indicadores”,  “Financiamento do BNDES diretamente para Provedores de Internet”, “Melhor solução para concentradores de acesso e “Compartilhamento de postes”, além de rodadas de negócios.

Agência de Desenvolvimento

Na abertura ontem, o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abrint), Basílio Perez, parabenizou a REDETELESUL pelos dez anos da instituição, enfatizando a união existente entre as várias associações de provedores do país, “o que só fortalece o mercado”.

Wardner Maia, presidente do LACNIC, frisou a troca de experiência, companheirismo e emoção ao encontrar tantas lideranças do setor e provedores para troca de ideias e informações.

O presidente da REDETELSUL, Rosauro Baretta, lembrou que as parcerias contribuem para o mercado crescer. Disse que a missão da REDETELESUL é ser uma agência de desenvolvimento dos provedores e que o iBusiness é um momento em que os provedores podem se aproximar dos fornecedores e aproveitar o conteúdo das palestras para aprender um pouco mais sobre aspectos importantes do setor.

Rosauro destacou a ampla programação do evento, dando destaque ao painel com participação da Copel Distribuição que será realizado na sexta-feira. “Temos dificuldade de entender a mecânica do compartilhamento de postes da Copel e amanhã representantes da empresa estarão fazendo palestra sobre esta questão e tirando dúvidas dos provedores”, frisou.

A primeira palestra do dia foi feita por Wardner Maia, presidente do LACNIC, organização sem fins lucrativos que gera os recursos de numeração para a internet na região da América Latina e Caribe. Maia abordou o tema “A escassez do IPV4, a abundância do IPV6 – como implementar o CGNAT de forma correta e com baixo custo, planejamento e implementação do IPV6”.

Wardner Maia frisa importância da adoção do IPv6

A primeira palestra do iBusiness 2018foi feita pelo presidente do LACNIC, Wardner Maia. Também participaram do painel o presidente da REDETELESUL, Rosauro Baretta, e o conselheiro da associação, Marcelo Siena.

Wardner Maia lembrou que o mercado vive uma escassez do IPV4 e que é preciso administrar a abundância do IPv6, modelo que disponibiliza 340 undecilhões de endereços. Segundo ele, muitos acreditam que o IPV6 não vem sendo implantado em larga escala, o que não é uma realidade.

A projeção é de que, em 2020, haverá mais de 20 bilhões de dispositivos de internet das coisas e não há IPv4 disponível para atender este mercado. A adoção do IPv6, que foi criado há 20 anos, só começou a decolar em 2012, com o fim do IPv4.

Maia disse que países como Estados Unidos e Alemanha já tem 40% de tráfego de dados em IPv6. No Brasil, o número ainda é de 26% e está restrito às grandes operadoras. O dirigente alertou que os provedores regionais também devem começar a adotar o IPv6.

Para fazer a transição, é preciso que o provedor utilize o CGNAT (Carrier Grade NAT), um tradutor de endereço de internet, ou seja, ele compartilha um IP público e dinâmico com mais de um usuário para poder suprir a demanda. Mesmo com este compartilhamento, é mantida a privacidade e ainda identificar possíveis crimes virtuais por meio do próprio IP. Maia explicou como o provedor pode identificar o IP do usuário em caso de uma notificação judicial.

O presidente do LACNIC detalhou como os provedores devem fazer a implantação do IPv6. Ele comentou que muitos não implementam por medo do desconhecido e pelo grande trabalho que a mudança exige. Mas, ponderou que o IPv6 é muito mais fácil de administrar do que o IPv4.

Maia frisou ainda que as técnicas de CGNAT têm que ser vistas apenas como uma ferramenta de transição e os provedores não podem se acomodar com a situação atual, pois com o crescimento da internet, mesmo o CGNAT pode não suprir as necessidades. “Daí, a importância de paralelamente, trabalhar firme na implementação do IPv6”, sentenciou.

 

Especialista fala porque o provedor

deve se tornar um AS

No primeiro painel do iBusiness 2018, da tarde desta quinta-feira, 15, foi debatido o tema “A importância dos PTTs no Brasil e a importância do provedor se tornar um AS”. Antonio Moreiras, gerente de Projetos e Desenvolvimento do NIC-BR fez a palestra.

O diretor de Treinamentos da Redetelesul,  Gilmar dos Santos, foi o moderador do painel e Paulo Mucio, diretor de Produtos e Serviços, o debatedor. Antonio Moreiras é um dos responsáveis pela coordenação e operação do IX.br, que compreende dezenas de PTTs (Internet Exchanges) no Brasil e interconecta centenas de provedores de internet e outros sistemas autônomos. Moreiras também coordena oIPv6.

O palestrante explicou que a Anatel não regula a internet, mas as telecomunicações e tem poder fiscalizador. Por outro lado, o governo em conjunto com a sociedade civil, criou o Comitê Gestor da Internet  (CGi) formado por 21 pessoas, sendo 9 representantes do governo e 12 representantes da sociedade civil. O CGI.br tem a função de dar diretrizes para o desenvolvimento e funcionamento da Internet no Brasil.

“O Comitê Gestor criou o NIC.BR, Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, entidade privada sem fins de lucro. Nossa fonte de rendimentos vem “principalmente do registro de domínios”, frisou Moreiras. O palestrante também enfatizou que o protocolo de endereçamento IPv6 está crescendo em participação e que isso acontece em função das grandes operadoras de Telecom, principalmente Vivo e Net.

“Quando chegarmos em 80% de IPv6, todos vão começar a falar sobre desligar o IPv4”, alertou. Ele disse que está havendo um esgotamento de IPv4 e que possivelmente em 2019 acabará o estoque. “Se o provedor de internet não é um AS, não pediu IPv4, ele correrá o risco de só conseguir o IPv6”.

Sistema autônomo

O sistema autônomo (Autonomous System) é uma rede com uma gerência centralizada, tendo seu próprio bloco de endereços IPs e uma política própria de roteamento. Entre as vantagens do sistema, Moreiras disse que é possível ter redundância sem “gambiarra”.

“Se você é um provedor, eu diria que é essencial ser um autônomo para ter mais controle e qualidade sobre o que acontece em sua rede. Os custos foram reduzidos e há menos burocracia”, enfatizou o palestrante.

Moreiras explicou que somente os provedores que são Sistemas Autônomos é que podem acessar os PTTs (Pontos de Troca de Tráfego). O PTT é uma infraestrutura física que permite o trânsito de informações de internet entre provedores de acessos, redes acadêmicas, do governo ou de grandes empresas e que beneficiam os usuários.

O PTT permite que um participante se interligue a vários outros, reduzindo custos e aumentando a eficiência na troca de tráfego entre redes.  E não só redes de provedores de acesso podem ser Sistemas Autônomos, mas também redes de conteúdo, de bancos, grandes empresas, universidades, e governo, entre outros.

“A principal função dos PTTs é interligar as redes localmente, interligar o provedor com outro provedor. Não faz sentido pacotes de um usuário no Paraná, destinados a uma empresa também  no Paraná, irem para São Paulo e voltar. Sai caro. As conexões locais são importantes para que a internet seja mais resiliente, mais rápida e barata”, ressaltou Moreiras.

O palestrante disse que o PTT de Foz do Iguaçu ainda é pequeno (o de Curitiba é médio e o de São Paulo é grande). Segundo ele, para que o PTT de Foz do Iguaçu cresça é necessária a participação dos provedores locais.

Para finalizar, Moreiras deu três caminhos para que os provedores resolvam problemas como DDOS, Spam, roubo de dados IPs “sem gastar praticamente nada”. Segundo ele, com a solução o provedor protegerá a própria rede e a rede dos outros.

“Com as ações propostas, o provedor vai garantir que está anunciando no BGP só os seus blocos; vai prevenir que o usuário não consiga falsificar o endereço de IP e enviá-lo para fora da sua rede com endereço falsificado; e garantir que se alguém ver algum problema em sua rede, essa pessoa conseguirá falar com você.”

Cisco apresenta oportunidades de

mercado para provedores de internet

Na tarde desta quinta-feira, o Gerente Sênior de Engenharia para Cloud, Marcelo Moreira, fez palestra com o tema “Oportunidades de SCA Cisco para provedores regionais”. Moreira falou sobre oportunidades de serviços de valor adicionado. Segundo ele, a Cisco acredita que o mercado de pequenas e médias empresas é fundamental para o desenvolvimento do Brasil e, principalmente, os provedores regionais são canais interessantes para chegar aos clientes finais em conjunto, levando soluções interessantes.

O palestrante lembrou a transformação digital que está fazendo com que as empresas quebrem paradigmas e busquem a inovação constante. Ele falou sobre rupturas de mercado que fizeram com que muitas corporações, que não se atualizaram, desapareceram do mercado. “Nós temos que ficar atentos a novas tecnologias e a oportunidades de mercado. São desafios que temos que encarar para sobreviver”, alertou.

Em seguida, Fernando Zamai, Líder da Divisão de Ataques Avançados da Cisco, apresentou os produtos e serviços da empresa, dando ênfase na utilização dos mesmos por parte dos provedores de internet, principalmente voltados para enfrentar os desafios em segurança corporativa na era móvel e da cloud.

Entre os serviços apresentados está o primeiro gateway seguro de internet (SIG – secure internet gateway) em nuvem, o Cisco® Umbrella, que oferece proteção de dados dentro e fora da rede corporativa.

O Cisco Umbrella é uma plataforma em nuvem que, além de interromper ataques emergentes em todas as entradas e protocolos para uma cobertura mais abrangente, também bloqueia o acesso a domínios, URLs e IPs antes que a conexão seja estabelecida ou um arquivo baixado.

Ernando Zamai disse que o fato de ser nuvem e operar no protocolo DNS, faz com que o Umbrella ofereça maior performance, escalabilidade e segurança, sendo ideal para os provedores de internet.

Marcelo Moreira enfatizou que os provedores podem incrementar seu portfólio com produtos e serviços da Sisco. “Hoje vocês têm oferta de banda larga, de conectividade, a ideia é como este portfólio pode evoluir. Vocês podem oferecer banda larga segura com wifi. A Cisco oferece a solução para vocês com investimento zero”.

Moreira fez questão de frisar que a ideia não é vender produto para os provedores. “A ideia é parceria para gerar demanda de mercado, ajudar a capacitar a força de venda dos provedores fazer negócios juntos”.

Provedores podem ter acesso a

Plataforma de cursos da Cisco

O executivo da Cisco, Flavio Provedel, coordenador do programa Cisco Net Academy falou sobre “A importância da capacitação em tecnologia Cisco para a operação dos provedores de internet”. Ele falou sobre a Plataforma de Educação da Cisco, que está à disposição dos provedores de internet.

“Celebrando a parceria, os provedores terão acesso a uma plataforma que vem com cursos e aceita a inclusão de novas informações. São 25 cursos, sendo 11 em português”. O executivo deu exemplos de possíveis parcerias que podem ser feitas entre os provedor e clientes ou parceiros utilizando a plataforma.

. “Por exemplo, entre os cursos está “Introdução à Informática. Um cliente que aderiu ao provedor pode ganhar o curso. No caso de um curso mais sofisticado, como “Introdução à internet das coisas”, o provedor poderá, por exemplo, fazer uma parceria com a prefeitura e oferecer o curso para oferecer para a população”.

Entre outros cursos, estão “Introdução à cibersegurança”; “Fundamentos da cibersegurança” – voltado ao público interno -; “Fundamentos de TI” – são 70 horas preparando técnicos hepl desk; e “Certificação CNA”.

Advogada fala sobre os reflexos da

Reforma Trabalhista para provedores

A advogada Jordana Magalhães Ribeiro abordou osPrincipais impactos da Reforma Trabalhista para os provedores de internet”. A palestrante atua com ISPs há mais de 15 anos. Os debatedores foram Paulo Mucio, vice-Presidente da REDETELESUL,  e Bene Matos, diretor adjunto.

Um dos primeiros pontos abordados por Jordana foi a mudança no caso de multas por não registro de empregados. A multa, que antes era de um salário mínimo regional passou para 3.000 reais para empresas de grande porte e 800 reais para pequenas empresas.

Sobre o trajeto feito para o trabalho, a reforma extinguiu a chamada  horas “in itinere”. Ou seja, o tempo que o trabalhador leva da sua casa até a empresa empregadora não integra a jornada de trabalho.

“Mas, se por exemplo, o funcionário está se deslocando a serviço da empresa, o deslocamento conta como trabalho”, alerta a advogada. Com a reforma, o Banco de horas pode ser pactuado entre funcionários e empresas e a compensação tem que ocorrer em no máximo seis meses. O número de horas extras é no máximo duas horas dia.

A advogada também abordou a possibilidade de terceirização de quaisquer atividades, mas alertou para alguns aspectos. Por exemplo, terceirizar a atividade de instalação. “Não recomendo colocar o celetista e o terceirizado fazer a mesma função. Em uma demanda trabalhista, o juiz pode entender que, como faziam os mesmos trabalhos, ambos têm os mesmos direitos trabalhistas”.

Outra alteração considera que os funcionários que permanecerem na empresa para se alimentar, descansar, para estudo, lazer e até troca de uniforme – quando não houver obrigatoriedade de troca dentro da empresa, não estão trabalhando. Assim, este tempo não é utilizado para contabilizar horas extras.

A reforma também propiciou o regime 12×36 que, para ser praticado, deve ser inserido na convenção coletiva ou acordo individual de trabalho. Antes, esta questão só era possível com acordo coletivo.

Segundo Jordana Ribeiro, agora existe a possibilidade de se dividir as férias em até três períodos. Um destes períodos não pode ser menor que 14 dias corridos. Os demais não podem ser inferiores a 5 dias corridos.

Ela disse que ainda não é possível saber como será o comportamento dos tribunais na análise da lei. Ressaltou que é preciso cautela das empresas na relação com os trabalhadores e em caso de dúvidas sempre consultar os advogados da empresa.

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