Se você acha que o colesterol alto só coloca em risco a sua saúde cardiovascular, saiba que taxas elevadas dessa gordura também podem levar ao desenvolvimento de placas amareladas nas pálpebras, chamadas de xantelasma.
E quem diria que a “La Gioconda”, mulher que serviu de modelo para a pintura Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, sofria deste mal? Segundo análises feitas no quadro pela Universidade de Palermo, há sinais do xantelasma no olho esquerdo da Mona Lisa, além de lipomas subcutâneos em sua mão direita.
Mas, afinal, o que é xantelasma? Xanthos vem do grego e quer dizer ‘amarelo’ e elasma ‘placa de metal’. De acordo com a oftalmologista e oculoplasta, Dra. Tatiana Nahas, Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, o xantelasma é um problema benigno, frequente e recorrente que causa problemas estéticos e costuma ser mais prevalente em mulheres de meia idade.
“O xantelasma é caracterizado por placas macias e amareladas nas pálpebras superiores e/ou inferiores, geralmente no canto medial das pálpebras (mais próximo ao nariz). As lesões se formam a partir do depósito de gordura e colesterol embaixo da superfície da pele. Esse depósito acontece por uma deficiência da oxidação lipídica que dá início a um processo inflamatório que leva às lesões”, explica Dra. Tatiana.
O xantelasma não causa nenhum sintoma, porém cresce de forma rápida e progressiva e pode levar um importante impacto estético. “É uma lesão que pode tomar uma boa extensão das pálpebras, interferindo no convívio social e afetando a autoestima. Além disso, não regride espontaneamente, precisa ser removido”, comenta Dra. Tatiana.
Risco cardíaco?
Embora seja um tema controverso, alguns estudos mostram o colesterol alto está presente em cerca de metade dos pacientes. Um estudo concluiu que este tipo de lesão é um fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, aterosclerose, entre outras. Portanto, o paciente deve ser encaminhado para um cardiologista para passar por exames que possam diagnosticar a hiperlipidemia.
Ideal é remover as lesões logo no início
“Infelizmente, o xantelasma é uma condição de difícil manejo, justamente por estar localizado geralmente no canto medial das pálpebras, uma região muito sensível e delicada. Os tratamentos podem trazer efeitos indesejáveis. Por isso, o ideal é sempre tratar precocemente”, comenta Dra. Tatiana.
Para a remoção dos xantelasmas que já tomaram grande parte da superfície das pálpebras e que afetam a autoestima, levando inclusive à privação social, é recomendado uma cirurgia para remover a lesão. “Às vezes, é preciso de retalho ou enxerto cutâneo no caso de lesões muito extensas. Por isso, é ideal remover assim que o paciente nota o aparecimento do xantelasma”.
Em alguns casos, pode-se remover o xantelasma no mesmo tempo da cirurgia de blefaroplastia. No caso do xantelasma, a blefaroplastia é feita para remover as lesões e promover um bom resultado estético.
O oftalmologista especialista em plástica ocular é o profissional que melhor conhece a região das pálpebras. Ele irá fazer uma avaliação rigorosa da pele, textura, flacidez, além dos nervos e demais estruturas do olho. Em muitos casos, podem ser necessárias várias cirurgias.
“Além de cirurgia, lasers e ácido podem ser eficazes, dependendo do tipo de pele do paciente. Por fim, infelizmente, independente da técnica escolhida, cirúrgica ou não, o xantelasma pode voltar a se desenvolver”, comenta Dra. Tatiana.
Prevenção
Como uma parte dos casos está ligada a altos níveis de colesterol no sangue, uma forma de prevenir o xantelasma é cuidar da alimentação e fazer exames periódicos para avaliar as taxas de colesterol no sangue. Mas, nos casos chamados de idiopáticos, sem causa definida, não há prevenção.
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