A cada quatro anos, a dupla “festa junina e Copa do Mundo” marca presença no nosso dia a dia e por aqui fica por pelo menos um mês. É a festinha do filho na escola, os comes e bebes na festa da ‘firma’, e os jogos – principalmente – do Brasil que reúnem familiares e amigos. Além de uma TV ou telão para assistir aos jogos, o que não pode faltar é o cardápio vasto: pipoca, salgadinhos, bolos, doces, refrigerante, cerveja, quentão, pinhão, milho verde, bolo de fubá… Mas como controlar os exageros durante esse período e não colocar a saúde em risco?
Segundo Camila Luhm, endocrinologista da Neoclinical e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a dica é manter as refeições equilibradas no dia a dia e deixar para comer os alimentos mais calóricos somente na hora das festas.
“Antes de sair para uma festa junina ou até mesmo para assistir aos jogos da Copa, coma uma salada verde ou uma sopa light com baixas calorias. Assim, a fome ficará mais controlada. Em vez de comer uma porção de cada doce ou salgado, monte um prato com um pouco de cada alimento, mas tente apenas não repetir. Se mesmo assim não resistir às tentações, não se sinta culpado nem desista do controle. No dia seguinte volte ao seu cardápio normal. Um dia isolado de excesso não leva ao aumento de peso”, comentou a especialista.
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Consequências do abuso na alimentação
Em alguns casos, o excesso na ingestão das comidas vence o bom senso e a moderação, e as consequências não demoram muito a aparecer. Um dos mais comuns é o desconforto gastrointestinal, similar a uma intoxicação alimentar, mas que não acontece apenas por ingestão de alimentos contaminados e sim por comer demais, especialmente pratos com muita gordura e açúcar.
“Esse quadro é chamado de diarreia hiperosmolar. Trata-se, de certa forma, de uma rejeição do corpo ao excesso de alimentos ingeridos e que ocasiona diarreia e cólicas, vômitos e má digestão”, lembrou Camila.
A endócrino também explicou que os diabéticos devem ter vigilância redobrada no consumo dos alimentos. “O excesso de comida ocasiona um aumento na glicemia e descontrole metabólico, deixando a imunidade mais baixa e a pessoa mais exposta a infecções, além de desidratação, que se agrava se houver consumo de álcool associado, podendo até evoluir para um quadro de coma”.
Cuidado no consumo dos alimentos
Nesta época do ano também são comuns os casos de infecções intestinais ou intoxicações provocadas por bactérias que proliferam nos alimentos estragados, principalmente nas feirinhas e barracas de comida ao ar livre.
A grande dificuldade da prevenção, segundo Camila, é o fato de os alimentos contaminados não apresentarem sinais da presença do micro-organismo. “Ao contrário: em geral, sua aparência, gosto e cheiro costumam ser absolutamente normais”, lembrou.
Mas algumas recomendações são válidas para tentar prevenir os casos de intoxicação. Confira:
* Lave bem as mãos antes das refeições ou de lidar com alimentos;
* Evite comer carne crua e mal passada qualquer que seja sua procedência, especialmente a carne e os miúdos de frango;
* Os ovos devem ser bem cozidos porque são os transmissores mais comuns da bactéria Salmonella;
* Evite pratos com ovos crus, como a maionese e certos doces;
* Só tome leite fervido ou pasteurizado;
* Ostras e crustáceos devem ser bem cozidos;
* Consuma somente água potável, filtrada ou fervida;
* Não consuma alimentos em conserva cujas embalagens estejam estufadas ou amassadas;
* Observe se as barraquinhas e lanchonetes respeitam as normas sanitárias: aspecto geral de limpeza do local, o uso de toucas ou os cabelos presos, o manuseio dos alimentos, a higiene dos utensílios, entre outros.
Alimentos típicos e suas propriedades
Nesta época do ano, as festas juninas e a Copa do Mundo são um prato cheio para as lojas e supermercados apostarem nas comidas típicas como milho verde, amendoim, mandioca… E será que esses alimentos têm boas propriedades para o organismo? A doutora Camila destacou as principais, e se consumidos com moderação, não atrapalham a dieta saudável.
:: Amendoim
O amendoim é uma semente oleaginosa, rica em potássio, magnésio, ferro, cálcio, zinco, fibras e gordura. Apesar de ser saudável por ser rico em gorduras monoinsaturadas, tem elevado teor calórico e, por isso, deve ser consumido com moderação. Preparações doces como pé de moleque (100g = 487 calorias) e paçoca (100g = 484 calorias), símbolos da festa junina, contêm muito açúcar e por isso o cuidado com as porções ingeridas deve ser redobrado.
:: Milho (100g = 100 calorias)
O grão é uma ótima fonte de fibra que auxilia no bom funcionamento intestinal, além de ser uma excelente fonte de vitamina A, C, folato, tiamina, potássio e ferro. O milho cozido é a versão mais saudável, que deve ser consumido sem muito sal e com moderação na manteiga ou margarina. Um pacote pequeno de pipoca (do tamanho de um copo) tem apenas 30 calorias.
:: Mandioca (100g = 150 calorias)
Rica em carboidratos e boa fonte de vitamina C, vitaminas do complexo B e cálcio, é uma boa opção para os alérgicos a glúten. A mandioca é um alimento altamente energético/calórico, pode substituir o pãozinho, ou mesmo o arroz e o macarrão. Cozida no vapor, a raiz preserva a maioria de suas propriedades nutricionais.
:: Pinhão (100g = 174 calorias)
Fonte de carboidratos, o pinhão tem um significativo teor de proteínas, minerais e vitaminas do complexo B. Suas propriedades auxiliam no aumento de anticorpos no organismo. São 20 calorias em cada semente, então é preciso controlar.
:: Vinho/Quentão (vinho 100 ml = 120 calorias / quentão 100ml = 280 calorias)
Quentão combina com os dias mais frios. Mas vale lembrar que a receita leva uma boa quantidade açúcar, pedindo moderação, pois o álcool também é bastante calórico. O vinho possui substâncias antioxidantes como os flavonoides – que combatem os radicais livres – e o resveratrol – que tem efeito cardioprotetor. Devido ao seu teor alcoólico, deve ser consumido com moderação.
E a cerveja?
Tem gente que não fica sem uma cervejinha durante as festas. Mas é importante ficar atento aos perigos do excesso de álcool para o organismo. Em pequenas quantidades, o consumo de álcool proporciona uma sensação de bem-estar e relaxamento, deixando a pessoa mais desinibida. No entanto, muitas pessoas continuam bebendo para prolongar essa sensação.
“O álcool é uma substância depressora do Sistema Nervoso Central e à medida que a quantidade de álcool no organismo vai aumentando, a pessoa passa a apresentar diminuição de reflexos, dificuldade de coordenação, confusão, euforia, falta de atenção, fala mole e lapsos de memória”, alertou a especialista.
As consequências do uso continuado do álcool podem ser devastadoras: lesões irreversíveis no cérebro ocasionando perda de memória e déficit cognitivo, cirrose hepática e câncer de fígado, além de outros tipos de neoplasias malignas como câncer de boca, laringe, faringe e esôfago, diabetes e depressão.
Sobre Camila Luhm
Camila Luhm é graduada em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), com residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e residência em Endocrinologia pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem mestrado em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e possui título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Também é membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide (LATS).
Serviço:
Dra. Camila Luhm – Neoclinical
Endereço: Rua Carneiro Lobo, nº 468, 12º andar / Centro
Empresarial Champs Elysees
Bairro: Batel / Curitiba – PR
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