Avermelhadas, violáceas ou castanhas amarronzadas, as olheiras surgem na região das pálpebras, sendo a mais inestética a que se apresenta na pálpebra inferior. “Muitas vezes já é perceptível na infância como as de caráter genético; essas são presentes em algumas etnias como árabes, turcos, povos andinos e indianos, pois estas pessoas têm maior depósito natural de pigmento nesta região”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. “Já as olheiras mais violáceas ou mesmo as mistas com tons acastanhados e arroxeados podem surgir por noites mal dormidas, por excesso de bebida alcoólica, tabagismo, na TPM, por abuso da exposição solar, medicamentos fotossensibilizantes e até por processos inflamatórios como rinite e sinusite crônica”, diferencia a médica.
Segundo a dermatologista, nos casos não-genéticos, ocorre um processo inflamatório local que produz derrame de pigmento de melanina e hemossiderina que se depositam na pele e a escurece de forma heterogênea, num processo progressivo e crônico trazendo um ar de cansaço. “Com relação às olheiras genéticas ou hereditárias, elas precisam de controle a vida toda, pois este depósito aumentado de pigmento na região ocular é um marcador genético ou étnico que não desaparecerá espontaneamente e exige tratamentos realizados pelo dermatologista para tratar e controlar o quadro posteriormente”, conta.
Outra forma de surgimento da pigmentação, de acordo com a médica, é o envelhecimento da pele da região que se torna cada dia mais fina, por vezes com perda de colágeno e sustentação tecidual, que leva ao encovamento da área orbital, deixando a pele mais sombreada e aderida às estruturas profundas com a visualização dos vasos e capilares. “As olheiras também pioram com a alimentação rica em açúcar e sal pois, assim como o álcool, edemacia a região tornando a pálpebra mais inchada e o pigmento depositado mais evidente.”
Tratamentos — O tratamento pode e deve ser realizado, de acordo com a especialista, com o uso de hidratantes específicos para a área dos olhos diariamente. A formulação deve conter: peptídeos, ácido hialurônico, silício, Cafeisilane C, antioxidantes associados a retinol ou alfa-hidroxiácidos, meiyanol, chá verde, ácido kójico, hidroxitirosol, alfa arbutin, vitaminas C e K lipossomada. “Podemos associar com ingredientes via oral de fotoproteção imunológica com Polypodium Leucotomos e Picnogenol, conjuntamente com Silício Orgânico Exsynutriment e ativos rutosídeos que melhorem a drenagem linfática e circulação”, explica.
Em cabine, a médica recomenda a aplicação do ácido hialurônico de hidratação para a região periorbital a cada trinta dias, em média três sessões para melhorar a flacidez, a espessura do tecido, a densidade e turgescência. “Quando necessário, utilizo preenchimento no sulco da lágrima e área circunjacente para promover retificação e melhora do plano profundo da pele e da estrutura orbital”, afirma. O procedimento é realizado com agulha ou pequena cânula, é indolor e feito normalmente de uma a duas sessões. “Se necessário, é possível complementar com uso de luz intensa pulsada para cromóforo de melanina que pode ser utilizada em associação com laser vascular como o ND Yag 1064 ou Pump Dye laser para tratar a rede vascular aumentada e ajudar na retirada do pigmento de hemossiderina por reagir com a hemoglobina da região. Esta aplicação deve ser realizada a cada trinta dias com número de sessões entre três a cinco”, comenta. Ainda é possível rejuvenescer a pele com microagulhamento de ouro com radiofrequência ou laser de CO2. “Estes tratamentos em conjunto trazem muito bons resultados e podem ser repetidos sempre que necessário. O paciente tem sua rotina social e profissional preservada e fará a manutenção do resultado obtido com o uso da prescrição para uso domiciliar”, afirma.
Além disto, destaca a médica, é importante conscientizar o paciente que as olheiras, apesar de serem inestéticas, não trazem alteração patológica à pele e que é preciso adquirir bons hábitos de vida e alimentação saudável na manutenção e prevenção desta hiperpigmentação indesejada.
Alternativa rápida — Quando se deseja um resultado rápido e momentâneo, a médica diz que a melhor opção é aplicar compressas de chá de camomila gelado por dez minutos e cabeceira elevada. “Isso promove vasoconstrição, diminuição do inchaço e ação anti-inflamatória pelo camazuleno e alfa bisabolol presentes na camomila.”
Soluções caseiras — As máscaras também podem ajudar a amenizar o problema, com bons resultados com uso prolongado, trazendo mais firmeza, viço e despigmentação à área. Confira as receitas:
Máscara de batata, mel e azeite de oliva – como fonte de vitamina A, betacaroteno e antioxidantes, a batata é uma fonte de alimentação para as necessidades da pele. O azeite de oliva é muito conhecido para os cabelos, mas também pode ajudar a melhorar as olheiras, as rugas finas, hidratação e retirada de impurezas. Ingredientes: 1 batata media, 1 colher de mel, Azeite extra virgem. Como fazer: Descasque a batata e rale. Misture com o mel e acrescente o azeite até que tenha a consistência de uma pasta. Aplique abaixo dos olhos e deixe agir por meia hora. Em seguida, lave com água morna. Ela pode ser aplicada duas vezes por semana, para clarear, desinchar, alimentar e hidratar a região.
Pepino – Esta é a mais popular das máscaras para a região dos olhos e um efeito calmante imediato. A temperatura fria pode contrair os vasos sangüíneos, de modo que o inchaço é temporariamente reduzido, mas sem efeito direto nas áreas escuras.
Abacate e óleo de amêndoa – Muito fácil de fazer, esta máscara é excelente para o rejuvenescimento da região e melhora da área escura. O óleo de amêndoa é um hidratante natural e também ajuda na redução de linhas de expressão e inchaço se aplicado regularmente. Ingredientes: 1 colher de abacate amassado, 4-5 gotas de óleo de amêndoa e algodão. Misture muito bem o abacate com o óleo e mergulhe o algodão na mistura e aplique na região dos olhos e deixe agir por 15 a 20 minutos. Então lave bem a área e seque suavemente. Esta máscara pode ser aplicada duas vezes ao dia para tratar a área escura, bem como o inchaço.
Algumas sugestões de produtos — “Hoje em dia, encontramos muitos cremes dermocosméticos, com aplicadores acoplados na ponta na forma de esferas e como pequenas espátulas siliconadas que massageiam a região hidratando e depositando muitas vezes cor e difusores óticos para iluminar, bem como patches que concentram os ativos na região necessária. A aplicação de cremes com filtro solar na área é muito importante para evitar o escurecimento ou a repigmentação por sol, calor ou luz visível”, explica. Algumas sugestões de produtos:
Guerlain – Super Aqua-Eye Anti-PuffiAn- para tratar o inchaço e flacidez.
Clinique – Anti-Fatigue Eye Gel – rollerball que revitaliza, hidrata e clareia as olheiras.
U.SK Precious Elixir Infusion Pearl & Caviar repõe nutrientes e hidrata. Ação clareadora acontece pelo extrato de Pérolas (que inibe a enzima responsável pela produção de pigmento) e o Fator de Crescimento Epidermal (com ação despigmentante complementar).
Fonte: Dra. Claudia Marçal – Dermatologista da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School. (maria.claudia