*Por Dênia Kuhn Rezende
Inteligência Artificial, RFID, voice picking, IoT, Big Data, rádio frequência e automação. Se nenhuma dessas palavras soar familiar para você, é o momento de procurar entender essa nova fase do segmento de Distribuição. Vou te mostrar como isso pode mudar a experiência do seu negócio. Estamos à bordo de uma (r)evolução tecnológica, que transformará, não apenas a forma como vivemos, mas como trabalhamos e nos relacionamos. Não se preocupe, vamos com calma.
Essa evolução no setor não só é possível, como já está acontecendo. Não vamos falar aqui de começar do zero e de grandes mudanças no seu centro de distribuição, mas posso afirmar que o tempo da caneta atrás da orelha e de registros feitos em papel já foi superado. Nesse contexto, surge o conceito da Distribuição 4.0, um modelo capaz de proporcionar aos distribuidores os benefícios que um conjunto de tecnologias podem trazer, com foco, principalmente em aumento da performance e da produtividade da empresa.
As ferramentas mais modernas e inovadoras são adaptáveis a qualquer rotina – e não é algo tão complexo. Essa mudança começa na automatização de tarefas diárias, padronizando os processos e garantindo a confiabilidade das informações. Olhando para a jornada de compra do segmento, uma empresa que aplica a Distribuição 4.0, faz o recebimento das mercadorias por meio de coletores de dados, identifica as caixas no seu CD usando etiquetas de RFID e faz o processo de separação por voice picking (tecnologia que passa as atividades diárias via fone de ouvido e mensagens de voz, deixando o profissional com as mãos livres), ao invés da tradicional – ou arcaica – prancheta e, até mesmo, de qualquer equipamento móvel. Só aqui, já conseguimos enumerar alguns saltos de produtividade e eficiência, com rastreabilidade das mercadorias, redução do risco de inversão de produtos e, ainda, menor tempo gasto para se fazer o inventário.
Um passo adiante, podemos adentrar no universo da Inteligência Artificial, que começa a ser usada a favor dos negócios e, especificamente ao segmento de distribuição, para trazer informações preditivas do mercado. Saber quanto e quando é preciso comprar determinado produto, sem depender da análise de um comprador, por exemplo, já é um grande diferencial.
No passado (ou, ainda hoje, para muitas empresas), o distribuidor dependia exclusivamente do seu histórico de vendas, examinado pelo funcionário, e das definições que ele fazia, com base no seu conhecimento e experiência. Porém, com a IA podemos ir além. A tecnologia consegue cruzar uma imensa quantidade de dados alfanuméricos e digitais, internos e de mercado, que nenhum ser humano seria capaz de fazer sozinho, e, com isso, apresentar insights do que ainda está por vir. E, parece que temos muito ainda a aprender!
Seguindo a nossa jornada da Distribuição 4.0, depois de comprar e receber os produtos, é preciso vendê-los. Dentro de uma área comercial, a companhia que vivencia a sua transformação digital planeja o seu território de vendas por meio de soluções de geoprocessamento e Big Data. É isso que vai dizer qual base já é atendida e precisa ser mantida, quais regiões têm maior presença de leads em potencial para o seu negócio e quais eram clientes e deixaram de ser (alerta de empresas que precisam ser trabalhadas). Dessa forma, estamos falando em estratégia de planejamento para potencializar as vendas! Neste caso, essas informações são sincronizadas com o sistema de CRM para controle dos leads de forma efetiva.
Aí nos deparamos com outra questão importante deste ciclo, que é elevar as vendas sem aumentar o risco de inadimplência. Hoje, a análise de crédito dos clientes é feita por processos tradicionais, que resulta em custos adicionais para acesso dessas informações, com uma base de dados limitada de consulta. Para transformar essa experiência em algo digital e imparcial (sem depender exclusivamente das conclusões de um profissional) surge, novamente, a Inteligência Artificial. Ela é capaz de avaliar cenários e o comportamento de pagamentos de clientes, não apenas pela forma como se relacionam com a empresa, mas com o mercado, em geral. Essa forma mais completa, além de segurança, previne riscos de solvência e melhora as negociações.
O empresário está mudando a forma de entender o seu negócio, em busca de uma gestão à vista, capaz de fornecer a informação certa, em tempo real, para que as melhores decisões sejam tomadas, no momento em que são necessárias. Para isso, além das áreas core, a liderança precisa olhar para os processos internos da empresa – a retaguarda, que fará todo o resto rodar perfeitamente.
É preciso estruturar a sua operação para que ela seja digital e automatizada, do back office à saída das mercadorias – tudo está interligado e tem que funcionar em um ciclo perfeito. A transformação chegou e é definitivo, sem volta! E você, já pensou nos passos em direção à Distribuição 4.0 da sua empresa?
Dênia Kuhn Rezende é diretora executiva da PC Sistemas, empresa do grupo TOTVS.